Por: Manuel José Dias Ramos

MOTE

A vida do meu viver

Desde o dia, do meu nascimento

Num livro, a vou descrever

Para deixar como requerimento

I

Nasci na serra do Caldeirão

Em mil novecentos quarenta e sete

Até, dois mil e dezassete

Setenta anos, já lá vão

Uma boa prestação

Que eu pretendo percorrer

Para dar a conhecer

Um pouco, o meu passado

No meu livro, deixo traçado

A vida do meu viver.

II

Cresci, junto à natureza

Retirado da cidade

Mas feliz, em liberdade

E, nunca, faltou pão na mesa

Não fazia parte da nobreza

Filho de gente pobre, lamento

Muito trabalho, pouco, rendimento

Que me levou a emigrar

Vinte anos, ali, a morar

Desde o dia, do meu nascimento.

III

Deixei a escola aos onze anos

Apenas com a quarta classe

Sem ter direito a um passe

Para seguir os meus planos

A ciência, os direitos humanos

Estudar, era o meu prazer

Um sonho, que não cheguei a ter

Tive de seguir por outra via

Hoje, dedico-me à poesia

Num livro, a vou descrever.

IV

Aos vinte anos, fui para a tropa

Cumprir o serviço militar

Em missão no Ultramar

Com as balas à queima-roupa

Quando regressei à Europa

Junto ao meu regimento

Ainda tinha, o sentimento,

Estar frente ao inimigo,

O meu poema, é, um artigo

Para deixar como requerimento.