À vida tudo pedi
E a vida nada me deu,
Nestes anos, que vivi,
Sempre a sorte me esqueceu.
Se não posso mudar nada
E porque Deus quis assim,
Eu sigo na minha estrada
Cheia de cardos, sem fim.
Vou prosseguindo caminhos,
Cheios de curvas e pó,
Onde as rosas são espinhos
E me sinto sempre só.
Neste Outono sem estio
E num destino cruel,
Sempre a vida me serviu,
Apenas, taças de fel.
P’ra terminar os meus dias
Na solidão onde estou,
Sonhando com alegrias
Que o destino me negou.
Peço à vida por favor,
Que ponha, no meu caminho,
Uma migalha de amor
E um pouco de carinho.