O novo acordo entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido, anunciado no passado dia 19 de maio de 2025, durante uma cimeira em Londres - a primeira desde o Brexit - marca um passo importante para relançar as relações bilaterais, que estavam tensas desde a saída do Reino Unido da UE em 2020. Após negociações intensas, a União Europeia e o Reino Unido chegaram a um acordo histórico para relançar as suas relações. A cimeira em Londres contou com a presença do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, da presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e do presidente do Conselho Europeu António Costa.
Vejamos os principais Elementos do Acordo: (i) Política Externa e Segurança, com a assinatura de uma declaração conjunta sobre objetivos comuns de política externa, destacando-se a criação de um pacto de segurança e defesa que permitirá ao Reino Unido participar em iniciativas europeias de rearmamento e segurança; (ii) Cooperação Económica e Comercial, da qual se realça o reconhecimento mútuo de normas fitossanitárias, facilitando a exportação de produtos agroalimentares britânicos para a UE. A redução de controlos e burocracia nas fronteiras é também um ponto importante; (iii) Pescas, com um acordo para manter o acesso dos barcos europeus às águas britânicas por mais 12 anos, evitando negociações anuais a partir de 2026; (iv) Mobilidade e Educação, do qual se salienta a questão da mobilidade dos jovens e o possível regresso do Reino Unido ao programa Erasmus foram adiados para futuras negociações; (v) Imigração, em que releva o compromisso para reforçar a cooperação no combate à imigração ilegal, especialmente no Canal da Mancha.
Este acordo é visto como um sinal de reaproximação e de boa fé entre as partes. Nenhuma das “linhas vermelhas” de ambos os lados foram ultrapassadas, e o objetivo é construir uma nova parceria estratégica baseada na confiança mútua e interesses comuns. Sobretudo, no plano da segurança e defesa, permitirá à indústria britânica participar, futuramente, no fundo europeu de rearmamento dos 27, que está previsto avançar. É inquestionável a relevância estratégica do Reino Unido na nova arquitetura de segurança e defesa da União Europeia, para uma resposta conjunta aos desafios geopolíticos e securitários decorrentes da invasão da Ucrânia às ordens de Putin, com a consequente guerra híbrida que tem vindo a ganhar tração. Muito dificilmente a UE poderá ser um sujeito geopolítico relevante e com capacidade de dissuasão sem a participação estreita do Reino Unido, pelo que este acordo tem um alcance estratégico.