A Federação Regional do Algarve do Partido Socialista manifesta a sua perplexidade com o cenário do setor da saúde no Algarve descrito pelo Primeiro-Ministro, na sessão comemorativa do 45.º aniversário da Região de Turismo do Algarve, em Vale de Lobo.
Assumindo a responsabilidade pelo adiamento da construção do novo Hospital Central do Algarve, unidade decisiva para a prestação de serviços de saúde de qualidade numa região turística cuja oferta deve ser inatacável. Passos Coelho apresentou um cenário no setor, no qual não se revêm as entidades públicas locais e regionais, as ordens e sindicatos dos profissionais de saúde e a população em geral.
Testemunho da descolagem entre o cenário e a realidade foram as frequentes manifestações ocorridas nestes últimos quatro anos contra o encerramento de unidades de saúde, o aumento dos doentes sem médico e enfermeiro de família, a perda de resposta em especialidades particularmente na unidade hospitalar de Portimão, o não funcionamento dos Serviços de Urgência Básica em vários concelhos e com maior incidência no decurso o ano de 2014, a exiguidade do número de profissionais para prestar cuidados que levam a longos períodos de trabalho sem folga, aumentando o cansaço destes e a insegurança na prestação dos cuidados, a “autocracia” na gestão referida nos abaixo assinados dos profissionais médicos, a perda da idoneidade em algumas especialidades médicas, como cirurgia, entre outras.
Sendo verdade que o Centro Hospitalar do Algarve tem uma dívida inferior à herdada pelo cúmulo das existentes nas unidades de Faro e do Barlavento Algarvio, sublinhe-se que o relatório de Gestão de 2013 refere que tal “só [foi possível] através da atribuição de uma verba de convergência”, ou seja, como resultado de transferências extraordinárias do Orçamento do Estado e não do desempenho realizado, como se pretende fazer crer.
Porém, ao mesmo tempo, registou-se um decréscimo significativo de prestações de cuidados e na diminuição da acessibilidade aos mesmos, apesar do esforço e brio profissional dos seus trabalhadores que teimam em dignificar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Refira-se, ainda, que apesar de ter aumentado o número de camas hospitalares públicas na região em espaços requalificados e financiados pelo SNS para Unidades de Cuidados Continuados Integrados (Convalescença e Paliativos), não desceu o tempo médio de internamento do doentes o que em si constitui um indicador demonstrativo da regressão em que se encontram estas unidades hospitalares.
Conhece o Primeiro-Ministro de Portugal a realidade da saúde no Algarve? Parece-nos que não!
Veio contar-nos uma “história para crianças”, desrespeitando de forma clara e assumida os algarvios e demonstrando a sua indiferença pelos direitos que assistem a todos os cidadãos!
Por: PS-Algarve