Durante a abertura do Debate «Turismo no Algarve: Passado, Presente e Futuro» que hoje se realizou no Ria Park Hotel & Spa, em Vale do Garrão, Almancil, Passos Coelho disse não ter esquecido de que o Algarve precisa de uma nova Unidade de Saúde. O Primeiro-Ministro dava como exemplo a restruturação do sistema nacional de saúde, como resultado de medidas financeiras rigorosas: “(…) Nós herdamos cerca de 120 milhões de euros de dívida na área da saúde no Algarve e nesta altura não temos rigorosamente dívida nenhuma. Mas a exploração que fazemos através dos serviços que prestamos, com mais investimento, melhores equipamentos, com a remodelação que foi feita das urgências ou a melhor articulação das unidades, não é ainda aquilo que nós precisamos, porque eu não me esqueço que precisamos de uma grande unidade de saúde nova aqui no Algarve, e haveremos de a fazer, quando tivermos condições para isso, mas não há dúvida que não ficamos sem responder às necessidades e hoje temos uma melhor resposta na área da saúde. E conseguimos fazer isso tudo com restrições financeiras ativas, sem por em causa a qualidade dos serviços prestados.”
A referência ao Sistema Nacional de Saúde, mais concretamente ao exemplo do Algarve, surgiu na sequência da apresentação dos resultados do Conselho de Finanças Públicas que se seguiu a uma síntese da situação financeira atual do País. “Nós sabemos que temos passado por um período particularmente difícil em que o ajustamento da nossa economia teve lugar de uma forma bastante forçada, praticamente em três anos tivemos de corrigir desequilíbrios bastante acentuados e ainda temos um que não está devidamente alcançado (…) espelhado na nossa ainda elevada taxa de desemprego. Este é um desequilíbrio ainda muito pronunciado que temos de corrigir.” “Nós sabemos o que custou trabalhar para chegarmos ao ano em que sairemos do procedimento do défice excessivo, e este ano Portugal registará um défice inferir a 3%.” Valor que segundo o Primeiro-ministro nos permitirá uma posição mais propícia, mas que ainda assim não permite, segundo o Conselho de Finanças Públicas, aliviar as medidas restritivas tomadas por este Governo. “Aqueles que acham que todas as medidas restritivas que adotámos no passado apenas conduziram o País à recessão e a maiores dificuldades, terão muita dificuldade em explicar as perspetivas do Conselho de Finanças Públicas.” Perspetivas essas que estimam que “se removermos todas essas medidas, a economia vai crescer mais mas os desequilíbrios vão voltar. É essa a razão porque, como chefe de Governo, devo insistir que a remoção dessas medidas deve ser progressiva. (…) e enquanto as fazemos temos de ir apalpando e adequando (…) de modo a que nos permita remover num par de anos todas essas medidas de caracter extraordinário (…) tendo sempre novas medidas de política estrutural que nos garante que podemos continuar a crescer e a criar emprego no futuro, sem pôr em risco, quer as nossas contas públicas quer a dívida externa.
Durante esta sessão de abertura, o Primeiro-Ministro felicitou a Região do Turismo do algarve pelos 45 anos de trabalho. “Experiencia bem sucedida a transformação do Algarve que (…) entra pelos olhos dentro para quem tem memória do que era o Algarve”. “Queria felicitá-los pelo trabalho que desenvolveram e pelo facto de terem, ao longo de todos este anos, sabido conciliar aquilo que são os objetivos de promoção externa da região com aquilo que é a necessidade também de fazer uma boa articulação entre todo o setor privado empresarial e toda a área pública, seja ao nível das Autarquias locais envolventes seja da administração central e, portanto, do Estado”.
Pedro Passos Coelho realçou ainda os resultados nacionais no sector do turismo. “Ele [o turismo] tem-se vindo a afirmar como essencial do ponto de vista das exportações portuguesas, e portanto como uma mola importante daquilo que é a nossa recuperação económica e foi sempre um fator de resiliência mesmo em épocas recessivas. Significa portanto que o sector do turismo tem apresentado (…) uma capacidade para crescer que merece ser enaltecida. 2014 foi, como já o tinha sido 2013, o melhor ano das nossas exportações e também o melhor ano em termos turísticos. E o Algarve todos sabem representa uma parte significativa deste sector.”
Populares protestam medidas do Governo
À entrada do hotel dois grupos de pessoas protestavam contra medidas do Governo. De um lado da rua esteve o Núcleo da Culatra, do Farol e dos Hangares, que reivindica contra as demolições previstas nestas ilhas. Segundo José Lezinho, porta-voz do núcleo os governantes “querem demolir a história e a vida das pessoas. Além da nossa história, da história dos nossos pais, é a nossa vida socioeconómica, porque também trabalhamos lá. E mesmo eles [os governantes] sabem que temos razão, mas dizem que tem de levar o projeto até ao fim.”
Do outro lado esteve a CGTP - Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, que se manifestou contra as condições de trabalho resultantes das medidas restritivas do Governo. “As politicas ofensivas deste Governo (…) destroi os direitos dos trabalhadores, mandando-os para a precariedade, para a miséria. (…) Cada vez há mais precariedade e mais desemprego, apesar de dizerem o contrário. Por isso estamos aqui a contestar as medidas politicas que prejudicam muito acentuadamente quem vive do rendimento do trabalho”, afirma José Brazos, dirigente do Sindicato de Hotelaria do Algarve.
Apesar de se manterem algumas horas diante do hotel, os protestantes não se chegaram a cruzar com Pedro Passos Coelho, uma vez que este terá utilizado outro acesso ao Hotel.
Por: VA