O antigo presidente da Câmara de Castro Marim José Estevens alertou hoje para a necessidade de reforçar com «urgência» a muralha norte do castelo da vila, cuja situação pode trazer consequências «gravosas» para habitações que estão na sua base.

 “Há o conhecimento e a consciência de que há estruturas, especialmente a muralha norte, que está ‘descalça’, ou seja, a base de sustentação está muito desfalcada, está exposta e é urgente intervir aí”, afirmou José Estevens à agência Lusa.

José Estevens disse que, quando deixou a Câmara, há cerca de três anos, a intervenção no castelo “estava praticamente consensualizada, tinha os projetos todos feitos”, e qualificou-a como “urgente”, porque disse estar “em causa a segurança” e possíveis “consequências gravosas para Castro Marim”.

O atual executivo, também do PSD e com alguns elementos que transitaram da equipa liderada por Estevens, reconheceu a necessidade de intervir na muralha, porque tem “um índice de vazios elevado, tem debilidades e precisa de ser reforçada”, mas explicou que o projeto teve de ser reformulado por causa da insolvência da empresa que o preparou.

A vereadora Filomena Sintra disse que, além da consolidação da muralha, o projeto foi inicialmente pensado para preservar núcleos arqueológicos ou criar estruturas de apoio ao turismo e estava orçado em cerca de cinco milhões de euros, mas a realidade atual “obriga a encarar o projeto do castelo de outra forma” e a “individualizar as intervenções”.

“Estavam delineados os termos desse projeto, mas a empresa entretanto entrou em insolvência e deixou de existir. Tratava-se de um projeto único, na ordem dos 5/6 milhões de euros, e com novas regras e lei das finanças locais publicada em 2013 seria impensável colocá-lo em orçamento”, afirmou a vereadora.

Filomena Sintra revelou que a autarquia está atualmente a “fazer candidaturas para parte dos projetos” e a “fazer projetos setoriais”, sendo “a principal prioridade a da consolidação da muralha”, mas sem avançar uma data para a concretização.

O castelo de Castro Marim é um dos elementos da antiga praça-forte de defesa da margem portuguesa do rio Guadiana, juntamente com o Forte de São Sebastião ou do Revelim de Santo António, requalificados quando José Estevens presidia à autarquia.

O antigo presidente social-democrata da Câmara de Castro Marim, que conduziu os destinos do município entre 1994 e 2013, deixou o cargo após as últimas eleições autárquicas por ter atingido o limite de mandatos.

Ao ser questionado sobre o nível de urgência, José Estevens respondeu que a necessidade de intervenção “pode ser imediata” se houver “um período de chuva intensa a bater naquela muralha” ou “um sismo”.

“O presidente da Câmara não pode estar descansado tendo conhecimento desta realidade, e é uma realidade que pode trazer sério dano, não só em termos de perda de património, como de pôr em causa a segurança e a vida das pessoas, porque há casas com habitantes que podem ser atingidas se aquela muralha desmoronar”, afirmou, numa referência ao sucessor, que remeteu a prestação de esclarecimentos sobre a matéria para a vereadora.

 

Por Lusa