António Branco vai ser o mandatário do Bloco de Esquerda pelo círculo eleitoral de Faro. O ex-reitor da Universidade do Algarve anunciou através de declaração nas redes sociais as razões que o levaram a aceitar o convite do BE e a «sair do silêncio para o espaço público em que os grandes combates políticos se travam».

O professor e ex-reitor da Universidade do Algarve considera que estas eleições “serão especialmente importantes para a definição da qualidade das respostas [...], ou seja, para as escolhas que orientarão as futuras políticas públicas destinadas a resolver os problemas mais graves.”

O mandatário do Bloco de Esquerda faz também referência ao contexto da representação política no Algarve, nomeadamente à representação da esquerda no parlamento: “Na última legislatura, fez muita falta ao Algarve a sua representação parlamentar do Bloco de Esquerda. Todos os estudos de opinião mostram que o Bloco está em condições de recuperar essa representação.”

António Branco considera que o cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda, José Gusmão, será “um deputado de grande qualidade, permanentemente envolvido nos problemas mais prementes da região e comprometido com a urgência de melhorar as suas realidades económico-sociais” e refere a presença de Guadalupe Simões no segundo lugar da lista como um sinal ”de abertura do Bloco de Esquerda à sociedade civil e aos ativistas que tanto têm pugnado pelos serviços públicos de qualidade”.

 

A declaração de António Branco pode ser lida na íntegra aqui.

António Branco nasceu em Malange (Angola), em 1961. Entre 1979 e 1983, foi ator no Teatro do Mundo, grupo de teatro independente sediado em Lisboa. Também foi compositor e músico, tendo nessa qualidade participado em vários concertos de José Mário Branco e no Festival da Canção RTP, nos anos de 1980 (Quarteto Música em Si, Esta Página em

Branco) e 1981 (a título individual, Tanto e Tão Pouco).

Em 1989, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Depois de ter exercido a profissão de professor no Terceiro Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário, entre 1984 e 1990, e de ter sido assistente estagiário no Departamento de Estudos Portugueses da Universidade da Ásia oriental (Macau, 1990-1991), começou, em setembro de 1991, a dar aulas na Universidade do Algarve como assistente convidado, na área de Estudos Literários.

Em janeiro de 1999, doutorou-se em Literatura (Literatura Portuguesa

Medieval) pela mesma Universidade. É desde 2003 professor associado em Didáticas das Línguas e das Literaturas da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, tendo aí realizado a sua agregação em Comunicação, Cultura e Artes, em junho de 2012, mais precisamente na área do Teatro, em que investiga atualmente.

Foi diretor artístico d’ A Peste – Associação de Pesquisa Teatral, grupo fundado na Universidade do Algarve, onde desenvolveu atividade teatral entre 2008 e 2015, enquanto ator e encenador.

Na Universidade do Algarve, já ocupou vários cargos dirigentes,

nomeadamente: Diretor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Diretor da Biblioteca e do Arquivo Central e Coordenador do Centro de Investigação em Artes e Comunicação. Foi também membro eleito do Conselho Geral, entre 2009 e 2013, e Diretor do Mestrado e do Doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes.

Ao longo da sua carreira académica, publicou diversos artigos, capítulos de livros e livros sobre os assuntos que foi investigando, tendo sido orientador de um número alargado de dissertações de mestrado e teses de doutoramento.

Entre 2002 e 2007, colaborou com o Instituto de Avaliação Educativa do Ministério da Educação, nas qualidades de coautor das Provas de Aferição de Língua Portuguesa do 3º Ciclo, e consultor, auditor, coautor e coordenador de Exames Nacionais de Língua Portuguesa (3º ciclo e Ensino

Secundário) e de Literatura Portuguesa (Ensino Secundário).

Nos anos de 2018 e 2019, foi coordenador do painel de avaliação das Ciências da Educação no Concurso de Bolsas Individuais de Doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Exerceu o cargo de Reitor da Universidade do Algarve entre 2013 e 2017.

No seguimento disso, em 2019 publicou o livro Transitoriamente Reitor, que inclui uma seleção das intervenções públicas que foi fazendo durante aquele mandato.

Atualmente, é Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da mesma universidade.

É, desde 2020, um dos três curadores do espólio de José Mário Branco, cujo tratamento e estudo está a ser realizado no Centro de Estudos de Documentação José Mário Branco – Música e Liberdade, criado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa para o efeito.

 

Declaração de António Branco

 

“RAZÕES PARA SER MANDATÁRIO DE UM BLOCO DE MUITAS ESQUERDAS NO ALGARVE

 

Vivemos tempos perigosos em muitas dimensões da nossa vida coletiva.

Sendo um cidadão atento à realidade económica, social, cultural, ambiental e política que me rodeia, estou bem ciente dos riscos que enfrentamos. E também sei que as eleições de 10 de março serão especialmente importantes para a definição da qualidade das respostas que lhes daremos, ou seja, para as escolhas que orientarão as futuras políticas públicas destinadas a resolver os problemas mais graves.

Foi esse o primeiro motivo pelo qual aceitei o convite do Bloco de Esquerda para ser o mandatário da sua candidatura às legislativas pelo

Algarve: é nestes momentos ameaçadores que um cidadão independente e de esquerda, como eu, consegue encontrar os melhores motivos para se envolver numa das atividades mais nobres, a política, apoiando desta forma uma candidatura.

A segunda razão também é fácil de explicar: desejo que, a partir de março, exista na Assembleia da República uma maioria capaz de responder aos problemas do país com políticas de esquerda verdadeiramente focadas na necessidade de transformação das realidades sociais, económicas, ambientais e culturais duríssimas que diariamente nos entram pela casa dentro através dos telejornais. Ora, considero que a força relativa do Bloco de Esquerda no Parlamento será decisiva para a definição dessas políticas e, já agora, para os combates que se avizinham contra a extrema-direita.

Na última legislatura, fez muita falta ao Algarve a sua representação parlamentar do Bloco de Esquerda. Todos os estudos de opinião mostram que o Bloco está em condições de recuperar essa representação.

Contribuir para esse importante objetivo é o terceiro motivo pelo qual decidi assumir este compromisso, através da lista encabeçada por José Gusmão.

Sigo, há anos, a ação de José Gusmão, sendo testemunha da sua elevada dedicação à causa pública, da paixão informada com que defende as suas convicções políticas, associando essas qualidades de intervenção a uma notória capacidade intelectual – dimensão, para mim, nada desprezável nos dias que correm. Este perfil indica nitidamente que o Algarve terá nele um deputado de grande qualidade, permanentemente envolvido nos problemas mais prementes da região e comprometido com a urgência de melhorar as suas realidades económico-sociais especialmente vulneráveis, decorrentes da aposta errada e persistente numa economia demasiado dependente da atividade turística, ela própria geradora de elevados níveis de precariedade e desemprego sazonais.

Para além disso, a presença da independente Guadalupe Simões num lugar destacado da lista sinaliza a abertura do Bloco de Esquerda à sociedade civil e aos ativistas que tanto têm pugnado pelos serviços públicos de qualidade – opção que contribuiu para reforçar a minha decisão.

Em resumo, decidi aceitar ser o mandatário da lista do Bloco de Esquerda no Algarve, porque os tão graves problemas existentes na Habitação, na Saúde, na Educação, nas consequências das alterações climáticas, entre muitos outros, me interpelaram, desta vez, a sair do silêncio para o espaço público em que os grandes combates políticos se travam.

 

ANTÓNIO BRANCO

Bloco de Esquerda/Algarve