GENEALOGIA por Manuel da Silva Costa | mscosta2000@hotmail.com

Os Cromagnon ou Sapiens modernos devem a designação ao local do mesmo nome em França, onde foram encontrados os seus restos mortais em 1868. Eram provenientes de uma migração vinda de África, há 65 000 de anos, cujas rotas de expansão atravessaram a Eurásia, a Oceânia e as Américas.

Quando chegaram a Portugal, há 40 000 anos, em plena Glaciação Würms, durante o Paleolítico superior, no período Gravetense, coexistiram com os Neandertais nos 10 000 anos seguintes (fig.1, criança do Lapedo, 24 000 anos). Com características de Cromagnon e de Neandertal, a criança de Lapedo era portadora de marcadores genéticos tipicamente modernos (Y- I1b2 e mt.- U5b).

Ao período Gravetense seguiu-se o Solutrense (22 000 anos) de que são exemplo as gravuras de Foz Côa (Guarda).

No período seguinte, o Magdalenense (17 ka), o clima glacial do Paleolítico agravou-se há cerca de 14 500 anos, quase extinguindo a população humana na Ibéria. A partir desta altura, o clima foi-se tornando gradualmente mais ameno, proporcionando a chegada de outras hordas Paleolíticas vindas do Leste do Mediterrânio. Estes recém chegados eram portadores do haplogrupo mt.- H. 55 % das mulheres portuguesas são caracterizadas por este marcador genético .

5 000 anos mais tarde começámos a evoluir para o Mesolítico, onde se praticava, além da caça e pesca, também a pastorícia. É exemplo desta novo período o homem de Muge (Salvaterra de Magos), pequeno negroide (fig.2) cujos marcadores genéticos femininos incluíam mt.- U5b, U4, N, H e H1… Este último marcador (H1) derivou do anterior (H) e essa mutação terá ocorrido na Península Ibérica por volta do ano 10 000. A frequência entre as mulheres portuguesas é de 33%...

A população masculina Paleolítica foi sendo dizimada pelas invasões seguintes (Neolítica, Bronze, Ferro). Mesmo assim, é notável o património genético Paleolítico (c.30%), principalmente via materna, que permanece como parte integrante da população do sudoeste da Península Ibérica…