Arquitetos paisagistas europeus reunidos em Lisboa, em outubro, instam, num documento hoje divulgado, as organizações e governos a criarem uma visão holística do equilíbrio cultural, social, ambiental e económico «que ultrapasse os contornos políticos».

Esta posição foi subscrita pelos 28 delegados da Federação Europeia dos Arquitetos Paisagistas (IFLA-EUROPE) participantes na Assembleia Geral anual que decorreu na capital portuguesa a 17 e 18 de outubro.

"Enquanto sociedade, estamos a ser confrontados com a realidade da mudança constante e com a necessidade de um estilo de vida sustentável, mantendo a qualidade de vida para todos os habitantes", lê-se no documento a que a agência Lusa teve acesso.

A posição divulgada pelos arquitetos paisagistas surge numa altura em que vários concelhos da região do Algarve avaliam os prejuízos causados pelas fortes chuvadas dos últimos dias, e já suscitaram críticas aos problemas de ordenamento e falta de esgotos pluviais na região.

Para a IFLA, uma visão holística das várias áreas da sociedade deve envolver planeamento, a participação das comunidades locais, o trabalho em colaboração com organizações internacionais, a sociedade civil e a comunidade científica, bem como a promoção da investigação.

Apontando a "mudança constante nas suas políticas sociais, económicas e ambientais", nos países europeus, o alerta da IFLA "significa seguir uma abordagem integrada e holística do planeamento, que vai desenvolver estratégias para a adaptação das paisagens às alterações climáticas, para aumentar a resiliência dos ecossistemas e promover o uso sustentável de todos os nossos recursos naturais e culturais".

"As paisagens em que vivemos são interpretações sociais e culturais da natureza. Representam o arquivo vivo de desenvolvimento tecnológico e social da humanidade na sua luta para se adaptar às condições naturais", sublinham os membros da IFLA.

Nesta linha, consideram que o tratamento da paisagem "é crucial para a sobrevivência das pessoas e irá fornecer respostas para as necessidades socioeconómicas, bem como para as questões ecológicas".

As conclusões da assembleia geral foram divulgadas pela Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas (APAP), responsável pela organização do encontro onde foi nomeado membro honorário o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, galardoado em 2013 com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a mais importante distinção internacional na arquitetura paisagista.

Criada em 1948, a IFLA divide-se em quatro organizações regionais, e a IFLA EUROPE visa o desenvolvimento da arquitetura paisagista neste continente, defendendo o contributo da profissão como indispensável na criação de ambientes equilibrados e sustentáveis.

 

Por: Lusa