No âmbito das celebrações do centenário da elevação de Portimão a cidade, o mês de outubro vai ser marcado por diversos momentos altos, com destaque para diversas manifestações artísticas, a gastronomia e a memória coletiva.

O mês em que o Município homenageia a pessoa de idade maior arranca com o espetáculo de dança “Miquelina e Miguel”, inspirado na perda de memória e na forma carinhosa como a mesma deve ser tratada, e que está marcado para as 19h00 de 1 de outubro no Grande Auditório do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão.


O tema da memória e da sua perda são os fios condutores de “Miquelina e Miguel”, onde o coreógrafo Miguel Pereira procura resgatar um novo lugar, trágico-cómico, entre ele e a sua mãe, num encontro delirante e carinhoso a dois, onde a dança, o absurdo e a fragilidade são celebrados num espaço de liberdade sem limites, numa tentativa de contrariar o tempo e escapar ao inevitável.

 

Os bilhetes para este espetáculo, indicado para maiores de 6 anos, custam 5 euros e encontram-se à venda na BOL e nos locais habituais, sendo esta a primeira proposta do mês programada pela Lavrar o Mar - Cooperativa Cultural idealizou para evocar os cem anos da cidade, ao abrigo de uma parceira estabelecida com o Município de Portimão.

 

“Quem vai para o mar não volta a terra”

 

Outubro também será pautado pela gastronomia, a começar pelo espetáculo de teatro culinário “Quem vai para o mar não volta a terra”, criado por Giacomo Scalisi e Sandro William Junqueira sobre a arriscada faina marítima tão ligada à comunidade pesqueira local e que vai à cena nas instalações da Associação Cultural e Recreativa Alvorense entre os dias 3 e 6.

 

Sobre a história de uma família, “Quem vai para o mar não volta a terra” fala do bacalhau, o mais português dos peixes, das terras de Portimão e dos bancos da Terra Nova ao largo do Canadá, onde o peso da saudade faz parte do ser, faz parte da alma, o reencontro tem um sabor acre, amargo, salgado, a bacalhau.

 

Integrado também nas propostas artísticas da Lavrar o Mar, o espetáculo aborda a dureza além-mar, onde os homens escolhem o frio, o nevoeiro, a solidão, que fica para sempre dentro deles. Mesmo numa casa povoada de família, preferem estar sós e só pensam em voltar, marear, pescar. Pescar longe do mundo, pescar longe do ser. Nessas terras onde o peso da saudade faz parte de nós.

 

A interpretação caberá a António Fonseca, Gabriel Gomes e Sofia Moura e a gastronomia será confecionada por Rosário Pinheiro, estando marcadas para as 19h30 as atuações dos dias 3, 4 e 5, enquanto no dia 6 de outubro este espetáculo, para maiores de 12 anos, começará às 11h30. Os ingressos, que incluem refeição, custam 12 euros e devem ser adquiridos na BOL e nos locais habituais.

 

“Biblioteca de Cordas e Nós”


Outro destaque caberá ao teatro-instalação “Biblioteca de Cordas e Nós”, produzida por José Antonio Portillo e que no TEMPO estimulará experiências individuais e imaginativas através da colaboração dos estudantes do ensino secundário, prometendo surpreender todos aqueles que a consultarem.

 

Preparado pela Lavrar o Mar, o espetáculo terá lugar às 18h00 nos dias 5 e 19 de outubro e às 17h00 dos dias 6 e 20 de outubro, podendo os bilhetes ser adquiridos na BOL e nos locais habituais, com o seguinte preçário: 5 euros – adultos; 3 euros crianças e jovens entre os 6 e os 12 anos.

 

A “Biblioteca de cordas e nós” é uma estrutura circular de madeira que guarda manuscritos inéditos, textos nunca publicados, partituras, desenhos, objetos encontrados no lixo e cilindros cheios de mensagens feitas de cordas e nós, tendo percorrido diferentes cidades europeias.

 

A sua face interna é preenchida por um mapa circular da cidade de Portimão, a partir do qual, e ao longo do ano, os alunos das escolas do Ensino Secundário da cidade, orientados pelos seus professores, traçarão como são os seus “Caminhos Orgânicos” com a ajuda de fios e alfinetes.

 

Neste projeto em evolução contínua, as fotografias das sombras de cada jovem poderão ser vistas na parte exterior da “Segunda Pele” da biblioteca, da autoria de José Antonio Portillo, que contou com a participação artística de Matilde Real e Rita Rodrigues.

 

Gastronomia, música e fotografia

 

Entre 11 de outubro e 10 de novembro, A Associação Teia D’Impulsos assinalará o primeiro centenário da cidade através do tour gastronómico “100 Anos 100 Sabores”, convidando os portimonenses e os visitantes a percorrerem becos e ruelas, descobrindo os pontos mais históricos e culturais de Portimão, através do paladar.

 

Ao longo deste mês, os músicos Pedro Salvador, Johannes Krieger e Margarida Mestre continuam a desenvolver os Laboratórios Musicais de guitarras, sopros e voz, dirigidos a músicos profissionais e amadores de Portimão, que ainda se poderão inscrever nesta atividade.

 

As próximas sessões desta produção artística, igualmente a cargo da Lavrar o Mar, estão marcadas para os dias 12, 13, 19 e 20 (guitarra), 19 e 20 (sopros) e 28, 29, 30 e 31 (coro), sendo os trabalhos a desenvolver divulgados em diversos momentos da programação relativa ao centenário da cidade.

 

Durante outubro, começarão a ser instalados pelas paredes da cidade os azulejos criados no âmbito do projeto “100 Anos, 100 Sardinhas”, juntando 50 artistas de renome à meia centena de candidatos a ‘Picasso’, selecionados entre as mais de 300 pessoas que aceitaram o desafio de desenhar este ex-libris da culinária local, deixando a sua marca em Portimão.

 

Referência final para as exposições “Histórias que o rio nos traz” e “100 anos de cidade – 24ª Corrida Fotográfica de Portimão”, ambas patentes no Museu da cidade.

 

No primeiro caso, pode ser visto até 3 de novembro o resultado da investigação científica efetuada nas últimas décadas, que reuniu vários fragmentos do passado de Portimão, dando a conhecer muitas histórias sobre o Rio Arade,

 

Quanto à exposição fotográfica, apresenta os melhores trabalhos concorrentes ao mais importante certame do género a sul do Tejo, que este ano desafios os concorrentes a inspirar-se em seis excertos da obra literária de Manuel Teixeira Gomes, responsável em 1924 pela elevação da sua terra natal à categoria de cidade, quando exercia o alto cargo de Presidente da República.