Por F. Inez

Há dezenas de anos … já não sei bem quantos … começámos a ouvir falar de alterações climáticas, primeiro … aqui há umas dezenas de anos atrás … como mera especulação científica de que alguns “coca-bichinhos” estudiosos dos fenómenos meteorológicos nos falavam e de que talvez nem eles próprios acreditariam muito! Entretanto mais algumas dezenas de anos foram passando e todos nós, cidadãos comuns, que de meteorologia pouco ou nada sabemos, começámos a constatar, primeiro que as velhas quatro estações do ano, aos poucos foram deixando de o ser … ou está frio ou está calor, tudo muda quase de um dia para o outro! Aos poucos fomos tomando conhecimento pela comunicação social que lá longe noutras zonas do mundo, foram aumentando as notícias de fenómenos extremos … chuvas torrenciais, inundações pavorosas com deslizamentos de terras com mais ou menos vítimas, ou pelo contrário secas extremas e desertificação em certas regiões do mundo.

Entre nós, quando o clima parecia não corresponder às nossas expetativas, atribuía-se o fenómeno ao “El-Niño” … aquecimento das águas do Oceano Pacífico, fenómeno causador de grande instabilidade do clima no resto do mundo. Entretanto os anos foram passando e a comunicação social foi-nos trazendo notícias cada vez mais preocupantes daqueles fenómenos, cada vez mais violentos, aumentando cada vez mais, também, o número de vítimas humanas.

Mais recentemente, para alem de outros fenómenos como o degelo das calotes polares, todos temos bem presente o aparecimento das ondas de calor e dos incêndios pavorosos e incontroláveis, cada vez mais frequentes, um pouco por todo o mundo e a que o nosso País não tem escapado, com numerosas vítimas. O clima está realmente a mudar a um ritmo sem precedentes, originando cada vez mais eventos extremos, com ondas de calor cada vez mais frequentes afetando também gravemente a saúde humana. Portugal é, de entre os países europeus um dos mais vulneráveis, até porque 50% da água dos rios que nos chega provem de Espanha.

Algumas projeções chegam mesmo a apontar para aumentos de 5 a 7 graus centígrados até ao fim deste século … o ano 2100 … o que poderá significar a desertificação, o fim das explorações agrícolas, da indústria turística e mesmo da extinção das condições de vida de numerosas espécies e da própria vida humana.

As diversas tentativas para se tentar reduzir e controlar a emissão de gazes com efeito de estufa e limitar o aumento global da temperatura em valores inferiores a 2 graus centígrados … até ao fim deste século … em relação aos níveis pré-industriais, conforme se estabeleceu no chamado Acordo de Paris, parece não passar de uma mera intenção política, para progressivamente se caminhar no sentido da neutralidade carbónica que é efetivamente uma emergência climática.

Continuam ainda demasiado discretas as tentativas de utilização das chamadas energias limpas. Entre nós, em Portugal começa a nascer a utilização de viaturas movidas a energia elétrica, e a Hidrogénio Verde, produzido através da eletrólise da água … já existem mesmo algumas viaturas de transporte coletivo movidas a hidrogénio.

Na sequência de um projeto nacional, as autarquias elaboraram projetos (EMAAC) que têm em vista tomar medidas para a redução da vulnerabilidade aos eventos climáticos extremos, cujo grau de elaboração e execução na prática desconheço, mas que se afiguram cada vez mais indispensáveis.

Como todos os louletanos residentes na sua Terra sabem, a nossa cidade viveu recentemente uma intempérie que de entre outras ocorrências, derrubou algumas árvores … sinal de que temos que nos preparar para futuras ocorrências.

É bem certo que a reconversão total das fontes de energia é seguramente um objetivo muito complexo e difícil, mas inevitável e indispensável se se quiser preservar as condições de vida do Planeta Terra. Se assim não for estamos a hipotecar as condições de sobrevivência das futuras gerações … e da Humanidade! Esperemos que prevaleça o bom senso e o instinto de sobrevivência … nem que seja mesmo à última hora … já à beira do “precipício” …