As palavras brincam, riem, provocam
Torturam, magoam até sufocam
Exigem que lhes prestem atenção
Teimosas invadem a consciência
Fazem mesmo perder a paciência
Não querem ir a par da solidão!
Pedem que as escrevam e as rimem
Que as entrelacem e aproximem
Que caminhem com elas pela mão
Lhes dêem vida e razão de ser
Lhes dêem alma e amanhecer
As frutifiquem na inspiração.
Tranquilizai palavras inquietas
Deixai em paz a noite dos poetas
Defendei seu repouso e seu ego
- Que os embale o perfume das rosas –
Recolhei-vos palavras ruidosas
Ficai aí no reino do sossego!
Enquanto houver poetas e palavras
Em todas as horas serão escravas
As artes d’escrever e colorir.
Benditos os momentos exaltantes
Em que palavras quase alucinantes
Traduzem, com rigor, o meu sentir!
Ofélia Bomba, Médica Psiquiatra
In Porta de Reixa