Na reunião da Assembleia de Freguesia da Luz, foi aprovada por unanimidade, no passado dia 23 de Setembro, uma proposta apresentada pela eleita da CDU, Maria José Cintra, que a seguir se transcreve:

«Entre agosto e setembro, os trabalhadores dos CTT, organizados no respetivo sindicato (SNTCT), realizaram concentrações à porta dos Centros de Distribuição de cada distrito (em Faro a concentração ocorreu no passado dia 8 de setembro) para reivindicar melhores condições de trabalho, incluindo melhores salários e contratação de trabalhadores em falta, e pela reposição da prestação do serviço que os CTT já prestaram, concretamente antes da privatização da empresa.

De facto, os trabalhadores lutam contra a destruição dos CTT, inclusivamente denunciada pela Autoridade Nacional das Comunicações (ANACOM), afirmando o Presidente desta entidade que não existem razões para a falta de investimento e manutenção de qualidade do serviço postal, em declarações sobre a aplicação de uma multa num valor que ultrapassa os 150 mil euros, por falhas na prestação do serviço. Já em 2020 a ANACOM teve de intervir, através da redução de preços do serviço postal, devido a falhas nos indicadores de qualidade por parte dos CTT.

Os problemas mais graves dos CTT passam pelos atrasos constantes nas entregas, falta de trabalhadores – o SNTCT refere que estão em falta mais de 750 carteiros e 250 técnicos nos balcões - e ataques aos direitos laborais.

Enquanto se assiste à luta dos trabalhadores e dos utentes dos CTT (recorde-se o protesto realizado na Freguesia da Luz em 16-12-2018 contra o encerramento da estação aí situada e para denunciar as consequências da privatização da empresa),dados relativos a 2021 demonstram que os CTT obtiveram lucros no valor de 38,4 milhões de euros – mais do dobro daquilo que lucraram em 2020, em plena pandemia da COVID-19 -, tendo a empresa optado por deixar para salários e investimentos uma quantia de apenas 2 milhões de euros.

A riqueza produzida pelos CTT deixou, assim, de estar ao serviço dos trabalhadores e das populações, uma vez que, a partir da privatização da empresa em 2014 pelo então Governo PSD/CDS, a gestão e o lucro – que a empresa já apresentava quando era pública – passaram a estar ao dispor dos interesses económicos do grande capital.

 

Assim, a Assembleia de Freguesia da Luz, reunida em sessão ordinária, aprovou por unanimidade o seguinte:

1. Expressar o seu apoio à luta dos trabalhadores e dos utentes dos CTT, por melhores condições de trabalho e do serviço postal;

2. Exigir, junto do Governo e da Assembleia da República, a nacionalização dos CTT, implementando uma gestão que utilize os lucros da empresa ao serviço dos trabalhadores e das populações;

3. Dar conhecimento desta deliberação aos órgãos referidos no ponto anterior e à comunicação social».