A AIPAR – Associação de Proteção à Rapariga e à Família abraçou desde 2022 uma nova valência que incide no acolhimento familiar como resposta social desejável e que pretende evitar a institucionalização das bebés, crianças e jovens que recebe como medida decretada pelo tribunal ou pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.
Fundada em Faro em 1932 por um grupo de mulheres da sociedade farense que incluía Teresa Ramalho Ortigão, a associação de inspiração cristã com sede na rua monsenhor Henrique Ferreira da Silva, explica que a família de acolhimento recebe um “apoio mensal para as despesas de cerca de 700 euros, consoante a idade da pessoa acolhida” que pode ser dos 0 aos 18 anos.
Em declarações ao Folha do Domingo, a presidente da direção explicou que esta nova resposta social tem constituído um “desafio enorme” para a IPSS. Maria Filomena Rosa conta que sete famílias já aderiram ao projeto e, destas, quatro já receberam as suas crianças, enquanto as restantes aguardam a conclusão do processo de acreditação e formação.
Aquela responsável explica tratar-se de aquisição de competências no âmbito da educação parental e diz não haver perfil definido para a família de acolhimento, podendo candidatar-se quem tem mais de 25 anos e não for proponente a adoção. “Pode ser uma família monoparental, podem ser duas mulheres ou dois homens. Nós vamos fazer a avaliação da estrutura psicológica e social e depois atribuímos o certificado. Vamos lá a casa, vamos ver e depois fazemos o acompanhamento sistemático”, concretiza Maria Filomena Rosa.
 
Aquela professora, que desde 1997 tem liderado a renovação da instituição, refere que “tem vindo a crescer” o número família interessadas, mas garante que tem sido “um esforço enorme”. “Tinha de haver uma campanha diferente, assumida pela Segurança Social, para que a mensagem chegue às pessoas”, considera, lembrando ser aquela entidade que tem a gestão centralizada das vagas.
“A Segurança Social celebra o acordo connosco e nós temos tem de perceber de comunicação e marketing, de formação, de avaliação psicológica e sociológica e ainda acompanhar as famílias para ver se está tudo a correr bem”, elucida, explicando que a equipa da AIRPAR para aquela valência é constituída apenas por três pessoas.
“O nosso anseio maior é conseguir mais famílias”, acrescenta, assegurando que até agora as aderentes têm sido “absolutamente espetaculares” para a obtenção de “um resultado incrível”. Maria Filomena Rosa recorda que o crescimento em ambiente familiar traz benefícios maiores. “A ciência já prova que é um bem enorme para a criança, principalmente entre os 0 e os três anos que é quando se dá a vinculação e a estruturação neurológica se consolida”, realça, contando que o caso de mais tenra idade que passou pela instituição com destino ao acolhimento familiar foi o de uma bebé de quatro meses.
Mas aquela dirigente explica também já ter havido raparigas em acolhimento residencial na instituição que pediram para transitar para o acolhimento familiar.
Maria Filomena Rosa refere que o primeiro passo que uma família interessada em aderir ao projeto deve dar é contactar a associação através de email para protecao.acolhimentofamiliar@gmail.com ou dos telefones 966683137, 966683191, 289865891 ou 289865892 e chamada rede móvel nacional a manifestar interesse em saber como é que funciona o acolhimento familiar. “A partir daí entramos em contato sem ser intrusivos, respeitando os horários e as disponibilidades de cada família”, garante.
 
 
Folha do Domingo