Destacando que é imperioso promover "espaços públicos sem glifosato e livres de pesticidas", por forma a "proteger a saúde pública e o ecossistema", João Vasconcelos alertou para a necessidade de conhecer a dimensão do problema. Para o efeito, enviou em janeiro, um requerimento a todas as autarquias do país questionando-as sobre a utilização do herbicida glifosato.
Das 91 Câmaras Municipais que já responderam até ao momento, 4 são do distrito de Faro e estas continuam a utilizar o composto nos espaços públicos, apesar dos riscos para a saúde pública.
Portimão, com uma média de 1800 litros/ano, Silves (600l/ano), Castro Marim (350l/ano) e São Brás de Alportel (60l/ano), são as que autarquias algarvias que já responderam e usam o pesticida à base de glifosato.
No documento endereçado à autarquias, o deputado do Bloco lembra que "a Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (AIIC) da Organização Mundial de Saúde declarou o glifosato como 'carcinogéneo provável para o ser humano', tendo a investigação da referida agência identificado uma relação entre a exposição ao herbicida e o linfoma Não-Hodgkin.
"Este tipo de cancro de sangue é dos que mais se regista em Portugal, com cerca de 1700 novos caos por ano", assinala o documento endereçado às autarquias.
O glifosato é o herbicida mais usado no país, sendo comercializado por empresas como a Monsanto, Dow, Bayer e Syngenta. A sua venda é livre em estabelecimentos comerciais e o seu uso duplicou na última década em Portugal, tendo sido aplicadas para fins agricolas mais 1400 toneladas só em 2012.
A par da sua aplicação na agricultura, o glifosato é também utilizado pelos serviços de autarquias nos espaços urbanos.
A QUERCUS e a "Plataforma Transgénicos Fora", alertando para os riscos ambientais e para a saúde pública, lançaram um apelo público para que as autarquias portuguesas deixem de usar o glifosato nos espaços públicos.
Por sua vez, o Bloco de Esquerda apresentou, em 2015, um projeto de resolução no sentido de proibir o uso do glifosato, mas a proposta foi recusada com os votos contra do PSD e do CDS-PP, a abstenção do PS e PCP e os votos favoráveis do Bloco e do PEV.
Por: Bloco de Esquerda Algarve