A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou ontem a falta de compensações para pescadores impedidos de trabalhar por motivos de saúde pública ou sustentabilidade das espécies e acusou o Governo de não os defender.

Em declarações aos jornalistas em Monte Gordo, no Algarve, após um encontro informal com mariscadores impedidos de apanhar conquilha devido à existência de uma toxina detetada nas análises do Instituto Português do mar e da Atmosfera (IPMA), Catarina Martins defendeu a necessidade de se apostar na investigação científica e em políticas ambientais que permitam a sustentabilidade dos recursos, nomeadamente os do mar.

Assim como a conquilha, a porta-voz do Bloco de Esquerda deu o exemplo da sardinha, cuja pesca já atingiu as quotas permitidas nos portos da Nazaré e de Peniche e os pescadores estão impedidos de voltar a pescá-la.

Relativamente aos mariscadores de conquilha na Baía de Monte Gordo, Catarina Martins afirmou que “estão a ser proibidos porque o IPMA diz que há um nível de toxicidade”, mas “não percebem porquê” e “têm uma sensação de arbitrariedade” porque o bivalve continua a ser apanhado ilegalmente, comercializado e consumido sem haver problemas de saúde.

“Por um lado os mariscadores estão impedidos de apanhar, mas também não têm acesso ao fundo de compensação, que a lei diz que devem ter acesso”, criticou, considerando que a “situação dos mariscadores é absurda”, porque na zona de Monte Gordo “há 300 e só 30 têm licença”, mas “depois há todos os turistas que acabam por ser mariscadores amadores durante o verão” e “quem vive legalmente de ser mariscador fica impedido da sua profissão e não tem acesso sequer ao fundo de compensação”.

A porta-voz do BE criticou ainda o Governo da coligação de direita por ter “falta de visão de futuro” e por “não defender a capacidade produtiva do país em Bruxelas”, junto a União Europeia, estratégia que disse estar a “levar à ruína dos setores produtivos do país”.

“Há anos que as quotas vêm descendo e que o problema se põe. Nestes anos todos a postura do Governo tem sido - e ainda ontem foi reafirmada pela ministra [da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas] - dizer que o melhor é não levantar ondas e fazer tudo o que nos mandam”, acrescentou.

Catarina Martins considerou que “e que “há anos se devia estar a apostar na investigação científica e nas políticas ambientais que permitissem a sustentabilidade de setores essenciais para a economia”, mas frisou que “o governo tem feito tudo no seu contrário”.

“Ao mesmo tempo que penaliza os pescadores, que cada vez podem pescar menos, têm menores condições, têm mais obrigações de pagar ao Estado e menos apoio têm, também desinveste nos setores que são os que permitem a sustentabilidade futura da nossa economia, nomeadamente a investigação e a investigação ligada ao mar, que é isso que precisamos”, defendeu.

 

Por: Lusa