Em pouco tempo, por duas vezes, Ferragudo foi destaque noticioso por causa dos maus tratos infligidos a dois cães, ambos atirados das arribas da freguesia, com um destino eventual, a morte. Um deles até com o requinte de um tijolo atado ao pescoço, para que não pudesse escapar ao seu destino.

Uma malvadez que não tem nenhuma razão de ser nos dias de hoje, porque nos dizemos civilizados e a forma como tratamos os animais diz muito sobre nós e, depois, porque há alternativas para aqueles que pretendem deixar de ser cuidadores de animais. Existem no concelho e nos concelhos limítrofes muitas associações e instituições capazes de dar abrigo a um animal doméstico indesejado. Aquela forma de tratamento foi um crime, e caberá às autoridades averiguar.

Estes dois cães, provavelmente ao contrário de muitos, sobreviveram e parece que arranjaram cuidadores, no verdadeiro sentido da palavra. Boa sorte para eles, os cães e os seus novos donos.

A sensibilidade do Bloco de Esquerda fez deste partido um dos grandes promotores da melhoria do quadro legal quanto à definição do tratamento a dar a animais de companhia.

Mas sabemos que não basta a punição dos culpados para a resolução de problemas que são, muitas vezes, de grande profundidade social e cultural. É preciso o empenho dos cidadãos e do legislador para promover a responsabilidade da sociedade como um todo em relação aos animais, seja através da criação de abrigos para receber animais domésticos e selvagens ou garantindo, apoios efetivos a associações de proteção dos animais, nem que seja somente ao abrigo da lei do mecenato e das suas isenções específicas.

O núcleo do Lagoa do BE deseja que, após o impacto destas notícias nas consciências de cada dono de um animal doméstico, as maravilhosas arribas da costa de Ferragudo sejam usadas unicamente para deleite ambiental e jamais, para a perpetuação de qualquer crime contra o melhor amigo do Homem.

 

Por BE Lagoa