O financiamento vai apoiar o projeto “From Mechanism to Biomarker: Redox Control of Stress Granules as a Neuroregenerative Driver in Alzheimer’s Disease”.
De acordo com Sónia Simão, investigadora principal deste projeto, o estudo procura aprofundar a compreensão de mecanismos celulares capazes de ativar a neurogénese adulta, um processo que, apesar de muito ativo durante o desenvolvimento embrionário, na idade adulta ocorre apenas a um nível basal. A investigadora sublinha que no cérebro adulto existem “reservatórios” de células estaminais neurais que permanecem maioritariamente “adormecidas”, não conseguindo gerar novos neurónios em contextos de lesão cerebral ou de doença neurodegenerativa, como a doença de Alzheimer.
A investigação incide, assim, sobre fatores que possam contribuir para esta “dormência” e que expliquem a reduzida capacidade regenerativa do cérebro. Nas palavras de Sónia Simão, esta abordagem poderá abrir caminho a estratégias que visem a eliminação ou modulação de determinadas estruturas, com vista a potenciar a formação de novos neurónios nas regiões afetadas.
A expressão “do mecanismo ao biomarcador” traduz a ambição translacional do trabalho. Sónia Simão explica que o projeto pretende “estabelecer uma ponte entre a ciência básica e a ciência aplicada”. Numa primeira fase, serão usados modelos celulares da doença de Alzheimer para identificar fatores associados à dormência das células estaminais neurais. Se esses fatores se confirmarem, poderão representar um marcador de dano neuronal precoce. A segunda fase deverá envolver o acesso a amostras biológicas de pessoas com doença de Alzheimer para procurar esses mesmos fatores e avaliar o seu potencial como biomarcador.
A equipa aponta como horizonte desejável o desenvolvimento de uma ferramenta de monitorização e de diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, reconhecendo, porém, que existe “um longo percurso entre os resultados obtidos em investigação básica e a sua aplicação clínica”.
O projeto será desenvolvido no Grupo de Neurogénese, liderado por Inês Araújo. A equipa é constituída por Sónia Simão (ABC-Ri / FMCB), investigadora principal, Inês Araújo (ABC-Ri / FMCB), Hipólito Nzwalo (ABC-Ri / FMCB), Rafaela Agostinho (ABC-Ri / FMCB) e Antonio Martinez-Ruiz (Madrid).
A investigadora reforça que “a ciência deve ser um processo coletivo e partilhado”, em que diferentes equipas e centros se complementam para acelerar respostas terapêuticas. A equipa deixa ainda uma mensagem de incentivo aos jovens investigadores para que “confiem nas suas ideias” e uma nota de esperança às famílias afetadas pela doença, acreditando que a ciência poderá oferecer, no futuro, soluções mais eficazes para a doença de Alzheimer.
UAlg




