Por Júlio Sousa - Investigador de genealogia e de história local. | juliotsousa@gmail.com

Este é um trabalho de investigação que demorou algum tempo a ser preparado e que é apenas um pequeno resumo de uma publicação que conto apresentar no próximo ano de 2024, aquando da comemoração do 125.º aniversário do nascimento do poeta.

Os casamentos de S. Clemente e de S. Sebastião serão publicados no próximo número uma vez que os casamentos realizados em março de 1898 são em menor número que os realizados nos 3 meses anteriores.

 

A comemoração do 124º aniversário do nascimento do poeta António Aleixo (18 de fevereiro de 1899) constitui o pretexto para publicarmos um brevíssimo apontamento genealógico feito a partir do cidadão Aleixo José, sendo o primeiro Aleixo na série, e iremos percorrer uma breve linha reta descendente até ao poeta António Aleixo, do seu nome completo António Fernandes Aleixo.

Este breve apontamento também é justificado pelo facto de muito já se ter escrito sobre a vida e obra do poeta (António Fernandes Aleixo, de seu nome completo) e muito pouco ou quase nada sobre a sua genealogia ascendente.

É importante assinalar que os registos paroquiais que nos serviram de fonte de consulta encontram-se online, no sítio da Torre do Tombo, e referem-se aos batismos e não aos nascimentos, uma vez que, à época, era a Igreja que procedia a estes registos e o que registava era o Santo Sacramento do batismo e não o nascimento de uma determinada criança, pois que este não constitui um Santo Sacramento.

Neste estudo, temos 2 pessoas com o nome José Fernandes Aleixo (o n.º 2 e o n.º 4 da série que abaixo se indica) e outras 2 pessoas com o nome António Fernandes Aleixo (o 3.º e o 5.º da série), sendo uma delas (o n.º 5 da série) o próprio poeta António Aleixo. Indicamos, ainda, para aqueles menos familiarizados com a genealogia, o grau de parentesco de cada um dos Aleixos com o poeta.

É importante assinalar que a perpetuação do apelido Aleixo fez-se sempre pela linha varonil (masculina).

Na comemoração do 125.º aniversário do nascimento do poeta, em 2024, contamos apresentar um apontamento mais alargado com os ramos colaterais, a partir de todos os filhos de Aleixo José, com o objetivo de identificar todos os Aleixos deste ramo que residirem na área de Torres de Apra, S. Brás de Alportel, Santa Bárbara de Nexe, Almancil, Faro, Vale Formoso, Quartos e Loulé, entre outros locais, indicando os diferentes graus de parentesco que os unem.

1.Aleixo José (trisavô do poeta)

Tudo começou no dia 17 de julho de 1759, com o nascimento de uma criança a quem foi dado o nome cristão de Aleixo, no sítio de Torres de Apra, freguesia S. Clemente - Loulé.

Os ascendentes de Aleixo (mais tarde Aleixo José) são os seguintes:

Pais: Manuel Viegas e Jacinta Maria, das Torres de Apra, Loulé

Avós paternos: José Viegas e Bárbara Rodrigues, das Torres de Apra

Avós maternos: Manuel Afonso e Bárbara da Conceição, das Torres de Apra.

Os padrinhos de Aleixo são: Faustino de Sousa e Josefa Maria mulher de Manuel Fernandes todos do sítio de Apra.

Aleixo José casou com Catarina Lourenço e o casal foi viver para Almancil. Com o falecimento da sua mulher, em 9 de janeiro de 1791, Aleixo José volta a casar em 3 de fevereiro de 1791 (menos de 1 mês após ter enviuvado) com Ana Maria de Jesus, à data a residir no Ludo, sítio que, na altura, pertencia à freguesia de S. João da Venda. Mas Ana Maria era natural da Falfosa (freguesia de Santa Bárbara), onde nasceu a 27 de dezembro de 1769.

Na data do casamento, Aleixo José tinha 31 anos e Ana Maria tinha 21 anos.

Os ascendentes de Ana Maria são os seguintes:

Pais: Manuel Fernandes e Teresa de Sousa, da Falfosa

Avós paternos: António Fernandes e Leonor Martins, do sítio da Igreja (Santa Bárbara de Nexe)

Avós maternos: António Correia (de Sousa) e Isabel Rodrigues da Silveira, da aldeia de Santa Bárbara de Nexe.

É importante referir os ascendentes de Ana Maria de Jesus pois é daqui que surge o apelido Fernandes que mais tarde se juntará a Aleixo (já como apelido), formando o apelido conjugado Fernandes Aleixo.

Deste casamento houve vários filhos, mas neste breve apontamento interessa-nos, sobretudo, o filho José, o qual nasceu a 13 de janeiro de 1807, em Almancil, tendo por padrinhos José de Sousa Guerreiro e sua mulher, Isabel de Sousa, também de Almancil.

2. José Fernandes Aleixo (bisavô do poeta)

O filho José vai transformar o nome próprio Aleixo (do seu pai) em apelido, juntando-lhe ainda o apelido Fernandes, do seu avô materno Manuel Fernandes.

José Fernandes Aleixo casou a 18 de outubro de 1830 com Maria Joaquina, de Vale Formoso, a qual nasceu a 13 de novembro de 1806. Na altura do casamento tinham ambos 23 anos, estando a noiva a cerca de 1 mês de completar os 24.

Os ascendentes de Maria Joaquina são os seguintes:

Pais: Francisco Coelho e Maria Joaquina, de Vale Formoso

Avós paternos: António Rodrigues e Arcângela Maria

Avós maternos: José de Mendonça e Maria Joaquina

Dos filhos do casal, interessa-nos António, que segue, e que irá perpetuar o apelido Aleixo nesta linha sucessória.

3. António Fernandes Aleixo (avô paterno do poeta)

António nasceu no dia 7 de abril de 1844, em Vale Formoso, foi batizado pelo Reverendo Padre João Rebelo Estaço, tendo por padrinhos Manuel Guerreiro e sua mulher Antónia Maria, do sítio do Montenegro, freguesia de S. Pedro, da cidade de Faro.

António casou em 10 de outubro de 1868 com Francisca de Jesus, ele da idade de 24 anos e ela com 20 anos. Os ascendentes da noiva, que nasceu a 10 de julho de 1848, são os seguintes:

Pais: José Rodrigues Cebola e Maria Antónia, do sítio do Serro do Mocho

Avós paternos: Joaquim José e Maria Teresa, dos Quartos

Avós maternos: Francisco Guerreiro e Antónia Joaquina, de Vale d’Éguas

De assinalar que o registo de casamento tem um documento anexo, o qual ainda não tivemos oportunidade de consultar. A frase que consta no registo é a seguinte: “o contraente justificou o seu estado livre pelo tempo que andou ausente deste Bispado como fez constar pelo mandado de recebimento que apresentou na Câmara Eclesiástica…”. Inclinamo-nos que a expressão “estado livre” refere-se ao seu estado de solteiro, provavelmente para justificar esta sua condição no processo dos proclamas públicos ou banhos matrimoniais, que corriam nas paróquias e que eram obrigatórios para se verificar se havia algum impedimento para o casamento.

De notar, ainda, que os padrinhos de casamento são o seu irmão José Fernandes Aleixo (que tem exatamente o mesmo nome do pai), casado, lavrador, e Joaquim Rodrigues, também casado, trabalhador, ambos moradores no sítio de Vale Formoso.

O casal foi viver para a casa da noiva (sítio dos Quartos) e deste casamento houve vários filhos, mas a linha sucessória que nos interessa é a que se refere ao seu filho José, que segue.

4. José Fernandes Aleixo (pai do poeta)

José nasceu a 9 de setembro de 1870, no sítio dos Quartos, foi batizado pelo Reverendo Padre José Severiano de Lima em 19 do mesmo mês tendo por padrinhos José da Costa, proprietário e sua mulher Maria Antónia, do dito sítio dos Quartos.

Da vida de José Fernandes Aleixo já se conhece algo mais, uma vez que já foram publicados alguns documentos que o referem expressamente, citando-se, a título de exemplo, os autores António de Sousa Duarte e João Romero Chagas Aleixo.

José Fernandes Aleixo casou em Vila Real de Santo António a 16 de outubro de 1898 com Isabel Maria Casimiro, ambos residentes na Rua do Príncipe, ele com a idade de 28 anos e ela com 19 anos, tendo esta nascido a 16 de novembro de 1878.

Os ascendentes da noiva são os seguintes:

Pais: Silvestre Casimiro e Maria da Encarnação, moradores na Rua do Príncipe, Vila Real de Santo António.

Avós paternos: José Casimiro e Maria Francisca, de Vila Real de Santo António

Avós maternos: António Martins e Maria do Carmo, de Vila Real de Santo António.

Do casamento de José Fernandes Aleixo com Isabel Maria Casimiro, nasceu o poeta António Aleixo, que segue.

5. António Fernandes Aleixo (o poeta António Aleixo)

Nasceu a 18 de fevereiro de 1899 em Vila Real de Santo António, foi batizado em 24 de junho do mesmo ano pelo Reverendo Padre Filipe António de Brito, tendo por padrinhos Domingos Samúdio e sua filha Luísa Samúdio. O facto de ter sido batizado bastante mais tarde, em 24 de junho do mesmo ano, ou seja, passados cerca de 4 meses, pode indicar algo mais do que um simples atraso na marcação da data do batismo e que só uma investigação mais aprofundada poderá chegar a alguma conclusão. É que, à época, os batismos eram, regra geral, realizados cerca de 1 semana após o nascimento, o que não se verificou neste batismo.

Tendo o seu pai regressado a Loulé por volta do ano de 1906, é aqui que o jovem António cresce e que casa, em 4 de fevereiro de 1924, com Maria Catarina Martins, que por sua vez nasceu a 14 de março de 1896, filha de Manuel João Martins e Catarina de Jesus, moradores no Serro do Mocho.

Dessa união de António Aleixo com Maria Catarina nasceram 7 filhos, a saber: Vitalino, Ana Maria, Zelinda, Isabel, Arminda, Maria das Dores e Vítor (o único filho ainda vivo o qual reside em França).

Relativamente à prole, realce-se que a maioria dos artigos publicados refere que o casal teve apenas 6 filhos. Trata-se, efetivamente, de um erro devido ao facto de não se contar com a filha Ana Maria, a qual faleceu jovem, com a idade de 13 anos, em 12 de outubro de 1943.

O poeta António Aleixo faleceu a 16 de novembro de 1949, vítima de tuberculose, curiosamente no mesmo dia do calendário em que a sua mãe, Isabel Maria Casimiro, nasceu, mas em 1878, como atrás referimos.

Note-se que o atual Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, é neto do poeta António Aleixo.