Por ocasião da saída do médico do cargo de delegado de saúde de Castro Marim, pela não renovação da sua comissão de serviço, segundo a ARS, a autarquia considerou que o seu afastamento só se podia justificar com a “baixa política” e “a perseguição pessoal”, pedindo agora a sua readmissão à ministra da Saúde, Marta Temido, e ao secretário de Estado responsável pelo combate à pandemia de covid-19 no Algarve, Jorge Botelho.
A Câmara de Castro Marim classificou hoje o afastamento de Mariano Ayala como um “ato de intolerável arbitrariedade”, lembrou que o seu trabalho sempre se pautou pela “competência” e “dedicação” e lamentou que a população do concelho tenha ficado "prejudicada" com a sua exoneração, ao passar a ter como principal autoridade de saúde a delegada do município vizinho de Vila Real de Santo António, que acumulou os dois cargos.
A autarquia presidida pelo social-democrata Francisco Amaral destacou o trabalho que Mariano Ayala realizou desde o início da pandemia até ser exonerado na “articulação permanente” da prevenção e controlo da situação com o município e salientou que a sua saída do cargo criou um “sentimento de insegurança junto da população”.
“No final deste verão, o Dr. Mariano Ayala foi exonerado como delegado de saúde de Castro Marim, sem qualquer motivo, já que sempre desenvolveu a sua atividade com competência, dedicação e com assiduidade diária junto da população”, criticou a autarquia.
Apesar de ter pedido à ARS e ao Governo uma “explicação razoável” para a exoneração do delegado de saúde, a autarquia garantiu que “não surgiu qualquer resposta” para uma decisão que “prejudicou uma população inteira” e a “tornou indefesa”, sobretudo quando os números da pandemia estão em aumento, como agora, salientou.
“A ARS/Algarve deu ordens para que a delegada de saúde de Vila Real de Santo António acumulasse também o concelho de Castro Marim, tendo resultado que a situação fica aquém de ser satisfatória, resultando num enorme sentimento de insegurança junto da população”, contestou.
A Câmara algarvia considerou, por isso, que a saída de “um delegado de saúde com um desempenho excelente” como Mariano Ayala “sem qualquer motivo (ou por motivos inconfessáveis), é um ato de intolerável arbitrariedade”.
“A autarquia de Castro Marim apela à sra. ministra da Saúde e ao secretário de Estado responsável pelo combate à pandemia no Algarve, Dr. Jorge Botelho, já que estamos novamente em pleno auge da pandemia, para a imediata recondução do Dr. Mariano Ayala como delegado de saúde de Castro Marim”, solicitou.
Além da autarquia, também o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) criticou o afastamento do delegado de saúde de Castro Marim, em 13 de agosto, apelando para a necessidade de “pareceres técnico-científicos prevalecerem sobre a politização da pandemia”.
A estrutura sindical solidarizou-se com o médico e lamentou que a autoridade de saúde regional do Algarve tenha optado pela não renovação da comissão de serviço, em julho, quando a região era das mais atingidas por uma taxa de incidência elevada de covid-19.
A mesma fonte classificou a não renovação da comissão de serviço de Mariano Ayala como um “eufemismo para a demissão por parte das autoridades”, adotada “sem fundamentação”, e criticou a sobrecarga que a decisão trouxe para o trabalho da delegada de saúde do concelho vizinho de Vila Real de Santo António, ao acumular os cargos.