“O primeiro estudo português sobre esta doença, realizado no final do ano passado, indicou-nos que cerca de 82 por cento das pessoas com mais de 70 anos nunca ouviu falar de estenose aórtica, a principal doença valvular, o que nos deixou francamente preocupados. E foi por este motivo que decidimos ter um papel ativo na educação e promoção da saúde cardiovascular, ao promovermos esta campanha”, explica João Brum Silveira, presidente da APIC.
A campanha com o nome “Corações de Amanhã” pretende aumentar o conhecimento e compreensão sobre estenose aórtica, promovendo o seu diagnóstico e tratamento precoce.
“Frequentemente os sintomas desta doença (cansaço, dor no peito e desmaios) não são valorizados pelas famílias portuguesas, são muitas vezes confundidos erradamente como próprios da velhice, o que acaba por adiar o diagnóstico e o encaminhamento para o cardiologista de intervenção”, refere Lino Patrício, Presidente da iniciativa Válvula para a Vida.
E acrescenta: “O diagnóstico da estenose aórtica pode ser facilmente confirmado com recurso à auscultação, ecocardiografia com doppler, seguindo-se muitas vezes um cateterismo cardíaco para completar o estudo. A deteção precoce da estenose aórtica reduz as admissões hospitalares e representa tempo e qualidade de vida ganhos”.
A investigação, realizada telefonicamente pela empresa Spirituc a 300 pessoas com mais de 70 anos, indicou também que apenas 26 por cento dos inquiridos está preocupado com uma doença cardiovascular como hipertensão arterial (7 por cento), trombose (6,3 por cento), enfarte do miocárdio (5 por cento), cardiomiopatia (2,7 por cento), doenças das válvulas do coração (2 por cento), insuficiência cardíaca congestiva (1,3 por cento) ou outras doenças (1,7 por cento).
“Os resultados desse estudo, pioneiro em Portugal, motivaram-nos para o reforço em campanhas de sensibilização não só para os fatores de risco da doença cardiovascular, numa perspetiva preventiva, mas também para a valorização correta da gravidade das doenças do coração que são a segunda causa de mortalidade em Portugal”, admite Rui Campante Teles, Coordenador da iniciativa europeia Valve For Life.
O médico cardiologista de intervenção conclui ainda que “Acreditamos que com a campanha Corações de Amanhã vamos conseguir unir esforços, entre a comunidade médica, os doentes, cuidadores e familiares, as entidades de saúde e a sociedade civil, para a melhoria da qualidade de vida da população mais sénior”.
Por: Miligrama