Paula Rodeia, especialista em neurocirurgia pediátrica no Hospital Lusíadas Lisboa, sublinha a importância do diagnóstico precoce da assimetria craniana: “quando não tratada, esta anomalia resultará numa assimetria craniofacial permanente, que poderá afetar a articulação temporomandibular e o alinhamento do globo ocular, com consequentes défices funcionais. A eficácia do tratamento é superior quando iniciado entre os 4 e os 8 meses de idade”.
A plagiocefalia é a palavra que descreve a assimetria do crânio, uma configuração em paralelogramo ou trapezoidal. Na maioria dos casos, a plagiocefalia é postural mas também pode ser causada devido a um mau posicionamento, pela postura no útero, por um nascimento prematuro, uma gravidez gemelar ou um torcicolo congénito. Por outro lado, pode ser sinostótica, causada por um encerramento precoce de suturas – esta situação é mais rara e o tratamento tem de ser cirúrgico.
“Dada a plasticidade do crânio, o tratamento da plagiocefalia postural inicia-se com medidas de posicionamento que, normalmente, se utilizam até aos 5 meses. Incentiva-se a rotação da cabeça para o lado oposto ao afetado e deve proceder-se à alternância de decúbitos quando os bebés estão acordados e devidamente acompanhados”, explica.
Quando a plagiocefalia é grave ou as medidas conservadoras não resultam, utiliza-se um outro procedimento: uma ortótese craniana dinâmica, um género de “capacete”. “Há vários tipos de ortótese disponíveis no mercado mas nós usamos uma de fabrico individualizado nos EUA, aprovada pela FDA, que requer certificação clínica para a sua prescrição, colocação e seguimento. Pode ser utilizada entre os 3 e os 18 meses e a sua eficácia diminui quando o tratamento se inicia após os 12 meses”.
“Após o diagnóstico, a criança é submetida a um laserscan que permite obter a reconstrução tridimensional do crânio de forma rápida, não traumática e eficaz, tornando assim desnecessários os moldes de gesso. As imagens obtidas são trabalhadas através de um programa informático que, além de quantificar de modo preciso a deformidade, estima o crescimento do crânio, permitindo a construção de uma ortótese personalizada, adequada a cada caso, projetando o tempo estimado à sua utilização”, explica a especialista.
“Os resultados obtidos com esta espécie de «capacete» têm sido promissores. As cabeças assimétricas ganham simetria e, com isso, evitam-se muitos outros problemas associados”, conclui a neurocirurgiã.
Por: LPM