Não poderia escrever sobre este dia de visita à Casa-Museu Amália Rodrigues sem antes narrar uma particularidade do caminho. Perto do meu destino, entre os números 229 e 233, num prédio residencial de cor amarela, com duas portas de acesso, havia a informação “rua Amália” escrita na parede, o que me fez parar e guardar uma fotografia. Tive a certeza de que não estava perdido na capital portuguesa, pois um vizinho orgulhoso indicava que, com alguns passos, o objetivo principal da minha caminhada seria alcançado.
Por conseguinte, rapidamente encontrei a Casa-Museu de Amália, inaugurada a 23 de julho de 2001. Naquele momento, senti-me como se estivesse em frente a um grande auditório, na presença da maior fadista de sempre. Fiquei rendido, arrebatado e envolvido por tudo o que compõe o cenário do número 193 da Rua de São Bento, na zona lisboeta, onde a maior voz do fado viveu durante mais de quatro décadas e onde são preservadas vivas as memórias dessa artista. Tal destino é perfeito para uma visita guiada de um dia, oportunidade ímpar para viver experiências na cozinha do ambiente, no famoso salão onde ocorriam as tertúlias, no contemporâneo e descontraído café e no jardim onde, atualmente, se apresentam talentosas vozes que cantam temas amalianos.
Entre objetos e espaços musealizados de valor inestimável, ao entrar no famoso salão emocionei-me por ter acompanhado no Brasil as “Tertúlias em Casa d’Amália”, na RTP1. Tal programa imperdível conta sempre com a presença de poetas, cantores, investigadores, músicos, atores, enfim, muitos convidados. Amália e o Fado são a linguagem e a alma que dão vida ao lugar emblemático e que exala história.
Diante das conversas e informações obtidas com a guia do espaço turístico, os mobiliários, os trajes, guitarras, os discos e diversos objetos decorativos, ficou o sentimento de encontro com a autenticidade e o respeito por cada detalhe que reflete o espírito da antiga residência, cujo espaço é repleto de recordações e celebra a vida de uma voz de referência universal que faleceu há 25 anos. Compreendi que visitar esta casa é levar conteúdos viajantes na bagagem, com histórias por contar.
Assim, não restaram dúvidas de que a obra ali presente é uma referência absoluta para distintas gerações de intérpretes, turistas e fãs de boa música. Se estás por Lisboa, surpreende o tempo viajante para conhecer as memórias da Casa-Museu Amália Rodrigues e apreciar cada momento de uma voz que sempre teve espaço para brilhar!