A reitora da Universidade Hassan 1er, Khadija Essafi, liderou uma comitiva que realizou esta sexta-feira, 19 de novembro, uma visita à cidade de Loulé, num momento que reforçou a cooperação entre esta instituição marroquina de ensino e a Universidade do Algarve. A visita ao Município de Loulé pretendeu criar pontes para um trabalho conjunto em torno da identidade comum dos dois povos.

Esta parceria conjunta entre várias entidades vem assim reforçar os laços existentes entre os dois países e a memória comum ao nível cultural e patrimonial, bem como esta presença secular da herança islâmica no Algarve, em particular na cidade de Loulé cuja fundação assenta precisamente nesse período da Ocupação Muçulmana.

O programa de visita passou pelos Banhos Islâmicos que se encontram em fase final de intervenção para musealização e cujo processo de classificação como Monumento Nacional já arrancou. Considerado como o único do país e o mais completo da Península Ibérica ao nível da planta, este complexo de Banhos é talvez o maior exemplo da presença árabe no concelho pelo que a ideia é tornar o espaço visitável e promove-lo do ponto de vista turístico.

Seguiu-se uma passagem pela Ermida da Nossa Senhora da Conceição e pelo Castelo, outro marco importante da presença árabe na cidade, onde foi apresentado o projeto do “Quarteirão Cultural” que irá transformar a zona histórica de Loulé num centro de ciência ligado à paleontologia, alavancado pelo aspirante Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira.

No Arquivo Municipal Professor Romero Magalhães Khadija Essafi teve a oportunidade de ver um dos “Tesouros Nacionais”, as Atas de Vereação datadas dos séculos XIV e XV, identificadas como as mais antigas do país, um documento onde está também plasmada a vivência entre as três culturas – cristã, muçulmana e judaica – no território de Loulé.

A visita terminou no Palácio Gama Lobo, sede do projeto Loulé Criativo, uma aposta do Município na valorização da identidade deste território, que apoia a formação, a inovação e a atividade de artesãos e profissionais do setor criativo e promove a revitalização do património cultural, das artes tradicionais, artesanato e design. E é também um pouco desse passado comum, em que a presença árabe se faz sentir, que se encontra no resgatar das tradições, usos e costumes do Loulé Criativo.

“Esta visita é pois o início de algo que, acreditamos convictamente, será uma parceria frutífera e enriquecedora e irá fortalecer-nos do ponto de vista cultural e institucional. É uma ligação natural, até pela proximidade geográfica e por um passado comum, mas que não foi devidamente explorada ao longo dos anos e ao longo dos séculos”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo.

Recorde-se que na génese desta cooperação está também a Bienal Ibérica do Património Cultural 2019, que aconteceu em Loulé, e que teve como país convidado Marrocos. Durante três dias, artesanato, gastronomia, música e outras vertentes culturais estiveram em destaque em Loulé, com demonstrações ao vivo de artes e ofícios tradicionais, mas também através de uma representação institucional ao nível da investigação, da gestão patrimonial, das artes e ofícios e do turismo cultural.