Esta parceria conjunta entre várias entidades vem assim reforçar os laços existentes entre os dois países e a memória comum ao nível cultural e patrimonial, bem como esta presença secular da herança islâmica no Algarve, em particular na cidade de Loulé cuja fundação assenta precisamente nesse período da Ocupação Muçulmana.
O programa de visita passou pelos Banhos Islâmicos que se encontram em fase final de intervenção para musealização e cujo processo de classificação como Monumento Nacional já arrancou. Considerado como o único do país e o mais completo da Península Ibérica ao nível da planta, este complexo de Banhos é talvez o maior exemplo da presença árabe no concelho pelo que a ideia é tornar o espaço visitável e promove-lo do ponto de vista turístico.
Seguiu-se uma passagem pela Ermida da Nossa Senhora da Conceição e pelo Castelo, outro marco importante da presença árabe na cidade, onde foi apresentado o projeto do “Quarteirão Cultural” que irá transformar a zona histórica de Loulé num centro de ciência ligado à paleontologia, alavancado pelo aspirante Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira.
No Arquivo Municipal Professor Romero Magalhães Khadija Essafi teve a oportunidade de ver um dos “Tesouros Nacionais”, as Atas de Vereação datadas dos séculos XIV e XV, identificadas como as mais antigas do país, um documento onde está também plasmada a vivência entre as três culturas – cristã, muçulmana e judaica – no território de Loulé.
A visita terminou no Palácio Gama Lobo, sede do projeto Loulé Criativo, uma aposta do Município na valorização da identidade deste território, que apoia a formação, a inovação e a atividade de artesãos e profissionais do setor criativo e promove a revitalização do património cultural, das artes tradicionais, artesanato e design. E é também um pouco desse passado comum, em que a presença árabe se faz sentir, que se encontra no resgatar das tradições, usos e costumes do Loulé Criativo.
“Esta visita é pois o início de algo que, acreditamos convictamente, será uma parceria frutífera e enriquecedora e irá fortalecer-nos do ponto de vista cultural e institucional. É uma ligação natural, até pela proximidade geográfica e por um passado comum, mas que não foi devidamente explorada ao longo dos anos e ao longo dos séculos”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo.
Recorde-se que na génese desta cooperação está também a Bienal Ibérica do Património Cultural 2019, que aconteceu em Loulé, e que teve como país convidado Marrocos. Durante três dias, artesanato, gastronomia, música e outras vertentes culturais estiveram em destaque em Loulé, com demonstrações ao vivo de artes e ofícios tradicionais, mas também através de uma representação institucional ao nível da investigação, da gestão patrimonial, das artes e ofícios e do turismo cultural.