Um bom negócio? Se calhar... nem por isso. Os economistas Nelson Camanho e Daniel Fernandes, autores de “A ilusão da hipoteca” – um trabalho de investigação premiado –, mostram que muitas das escolhas são precipitadas.
Comprar vs arrendar. Esta é uma decisão financeira que atinge a maioria das famílias, e a verdade é que na hora “h” muitas pessoas a optam pela compra de casa. Tudo porque a maioria apenas compara o valor da renda e o valor da prestação mensal do crédito contraído. O Dinheiro Vivo falou com os autores de “A ilusão da hipoteca” – professores da Católica Lisbon School of Business and Economics –, que perceberam através das várias experiências que realizaram que há muitas pessoas a deixar-se levar, precisamente, por esta ilusão.
“Tomar uma decisão por estes motivos é um erro. Porque se a casa for um mau negócio, continuará a sê-lo mesmo que a prestação do empréstimo sugira que se vai pagar o mesmo”, disse Nelson Camanho. Porquê? Porque um empréstimo incluirá sempre juros e o prazo do empréstimo. Um prazo maior torna a prestação mensal competitiva e é aí que se pode esconder um potencial mau negócio. Para os autores o problema está no facto das pessoas procurarem comparar duas variáveis que não são diretamente comparáveis.
Valor das rendas não é competitivo
A verdade é que o valor das rendas tem disparado um pouco por todo o país, um fator que tem levado cada vez mais pessoas a decidir pela compra de casa. O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima, reconhece que os portugueses têm “um gosto quase natural por serem proprietários da casa”, mas também defende que a compra de casa é impulsionada pelas rendas elevadas.
Em entrevista à publicação, Luís Lima admitiu que para “combater a compra” o valor das rendas deveria ser 30% inferior. O líder dos mediadores acredita que as pessoas optam pela compra já que o ativo, à partida, será seu. Ainda assim não deixou de salientar uma ideia: "Se não tivermos dinheiro para pagar o empréstimo, ficamos sem o ativo e sem a casa para morar”.
“Para ser apelativo, o valor da renda teria de ser cerca de 30% mais baixo do que o da mensalidade. Quando os valores são iguais, as pessoas preferem comprar.Sobretudo os portugueses que têm esta vontade natural de serem proprietários”, defendeu Luís Lima.
Por: Idealista