André Magrinho, Professor universitário, doutorado em gestão | andre.magrinho54@gmail.com

Durante cerca de 2 semanas (31 de Outubro a 12 de Novembro) os líderes mundiais estão reunidos em Glasgow, na COP 26 (26.ª Conferência das Partes) para negociações que, no dizer da Organização, consideram ser "a última grande oportunidade de retomar o controlo”. Convém relembrar que nos Acordos de Paris de 2015, os signatários comprometeram-se em cortar as emissões de gases com efeito de estufa para limitar o aquecimento global a 2ºC, preferencialmente 1,5°C. Para conseguir esta meta, seria necessário que as emissões fossem cortadas pela metade até 2030, de modo a chegar a zero líquido, a neutralidade carbónica, por volta de 2050. No entanto, quando a ONU analisa os resultados mais recentes, o que se constata é que nos 191 países do Acordo de Paris, se perspetiva um crescimento de 16% nas emissões de gases com efeito de estufa em 2030 em comparação com 2010, segundo o relatório. Significa que, de acordo com a última avaliação da ONU, não só estarão em causa o cumprimento dos compromissos de redução das emissões de gases com efeito de estufa 1,5 º C, o objetivo do Acordo de Paris, como também se poderá atingir um aquecimento desastroso de +2,7ºC. Em síntese, na COP 26 estão em cima da mesa 4 objetivos prioritários: (i) Mitigar, para assegurar a neutralidade carbónica, em 2050 e limitar o aquecimento global a 1.5ºC; (ii) Adaptar, para proteger as comunidades e os habitats naturais; (iii) Financiar, os países em desenvolvimento, para os apoiar no cumprimento dos dois primeiros objetivos; (iv) Colaborar, para coletivamente se alcançarem os objetivos subjacentes ao Acordo de Paris sobre as alterações climáticas. Um dos pontos críticos da emissão de gases com efeito de estufa, passa por se avançar profundamente na transição energética. Para isso é necessário ter a coragem e vontade política para sentar à mesma mesa o G-5 das emissões – China, EUA, Índia, Japão e Rússia, responsáveis por cerca 65% das emissões de CO2;  e o G-4 do carvão – China, EUA, Rússia e Japão, que consomem 75% do carvão no mundo - e promover um compromisso sólido para diminuírem de forma consistente e prolongada a sua utilização. Mas, alguns destes países, como a Rússia e China, já anunciaram que não vão estar presentes, baixando as expetativas ambicionadas para esta cimeira. O que está em causa exige soluções multidimensionais, onde a tecnologia com alcance disruptivo, deverá ter um papel importante, nomeadamente o investimento no hidrogénio e na fusão nuclear. Mas, acima de acima de tudo, a nossa relação com os ecossistemas e a biodiversidade, tem forçosamente que mudar, para evitar que a situação fique fora de controlo.