A situação das algas invasoras em Portugal, especialmente na costa do Algarve, é motivo de crescente preocupação.
A alga conhecida como “Rugopteryx Oxamurae” é uma espécie invasora originária dos mares do Japão e da Coreia. Depois de ter aparecido pela primeira vez na Europa, em França, rapidamente se alastrou para Espanha, Marrocos e Portugal, espalhando-se rapidamente pelo litoral do Algarve, mas também na Arrábida e em Cascais.
Os fundos rochosos da costa algarvia foram invadidos por esta alga, com consequências sérias para a biodiversidade marinha.
A presença maciça da espécie está a afastar da costa várias espécies, como polvos, moluscos e peixes, afetando negativamente os recursos pesqueiros e prejudicando o ganho dos pescadores. Além disso, este desequilíbrio pode comprometer a cadeia alimentar marinha e ameaçar as espécies nativas.
No entanto, o impacto mais visível e imediato sente-se no turismo, o setor económico mais relevante da região.
A grande acumulação de algas nas praias de fundo rochoso — tanto no mar como na areia — provoca desconforto nos veraneantes, que reclamam do incómodo e do cheiro.
Para mitigar estes impactos, os municípios algarvios têm feito esforços contínuos na limpeza das praias, removendo as algas sempre que se acumulam em excesso, de forma a minimizar os efeitos negativos, nomeadamente os odores desagradáveis que resultam da secagem destes organismos na praia.
Falamos de dezenas de toneladas de algas e milhares de euros para garantir a sua remoção das zonas balneares.
Um trabalho absolutamente necessário, mas inglório, pois a recolha e limpeza dos areais é realizada num dia e no outro verifica-se nova concentração de algas na zona de rebentação e no areal das praias intervencionadas.
Atentos a esta realidade, crescentemente preocupante, os municípios solicitaram a intervenção e o apoio científico à Universidade do Algarve no sentido de perceber como conter a expansão desta espécie invasora e limitar os seus efeitos negativos, tanto ao nível da biodiversidade como do seu impacto negativo nas atividades humanas de lazer e fruição das praias.
A academia tem procurado encontrar respostas e, inclusive, em Lagos uma empresa tem capturado algas para analisar o eventual aproveitamento comercial e industrial.
O município de Lagoa e o seu congénere espanhol de Tarifa, na Andaluzia, estabeleceram uma relação de cooperação e de trabalho conjunto, em parceria também com a Universidade de Sevilha, de forma a possibilitar a troca de informações e de estratégias para diminuir o impacto negativo desta alga.
Se, por um lado, importa apoiar a academia para o estudo científico do comportamento desta alga, o seu controlo ou eventual aproveitamento comercial futuro, por outro, é urgente implementar medidas imediatas e de curto prazo para conter o impacto negativo que está a causar nos turistas que escolhem as praias algarvias para as suas férias.
Por fim, importa referir que o turismo é o principal motor da economia do Algarve e desempenha um papel essencial para o crescimento económico do país.
O usufruto das praias, bem como a sua elevada excelência e qualidade, são fatores decisivos para os excelentes resultados que o turismo algarvio tem registado nos últimos anos.
Por: PS