Mariana Mortágua chegou a estas eleições legislativas com menos de um ano à frente da liderança do BE e foi clara, ao longo de toda a campanha, sobre os objetivos que pretendia: afastar a direita do poder, integrar uma maioria de esquerda, recuperar deputados perdidos em 2022 e crescer eleitoralmente, depois do desaire das últimas eleições.
Destes objetivos - e numas eleições em que os resultados finais estão ainda por fechar e os quatro deputados da emigração serão determinantes – apenas conseguiu cumprir um deles, que foi ter mais votos do que em 2022, cerca de 30 mil, o que a coordenadora do partido considerou ser uma “prova de enorme resistência” dos bloquistas.
De resto, houve uma “inegável viragem à direita” assumida por Mortágua, cuja responsabilidade atribuiu à “desastrosa governação” da maioria absoluta do PS, e quando discursou, ainda antes de Pedro Nuno Santos ter assumido a derrota em nome dos socialistas, ainda se mostrou disponível para integrar qualquer solução que afastasse a direita do poder.
Caso fosse impossível esta solução para afastar, a líder do BE deixou desde logo uma garantia ao “povo de esquerda”: "terá no Bloco de Esquerda a oposição mais combativa à direita".
"Somos a esquerda de confiança e aqui estaremos a cada dia, aconteça o que acontecer, venha o que vier para erguer neste país uma alternativa à esquerda para defender o nosso país", prometeu, assegurando que o BE vai estar todos os dias, seja na rua, seja no parlamento, a afirmar essa alternativa.
Já o objetivo de recuperar deputados por Aveiro, Braga, Santarém ou Faro também não foi cumprido e o BE terá exatamente os mesmos cinco deputados que teve em 2022 com a mesma distribuição de mandatos pelos círculos eleitorais: dois por Lisboa, dois pelo Porto e um por Setúbal.
Fixando-se como quinta força política, o novo grupo parlamentar conta com a novidade da eurodeputada Marisa Matias e com a estreia a tempo inteiro de Fabian Figueiredo (que já tinha estado em regime de substituição), para além da manutenção de Mariana Mortágua, José Soeiro e Joana Mortágua.
Apesar dos resultados longe dos objetivos, o quartel general do BE para esta noite, o Fórum Lisboa, esteve sempre cheio e cada eleição de cada deputado foi celebrada com um grande entusiasmo, tendo-se ouvido repetidas vezes durante o discurso de Mortágua "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais".
Tal como tinha acontecido durante a campanha, os antecessores na liderança do BE, Francisco Louçã e Catarina Martins, marcaram presença junto a Mariana Mortágua, tal como outras figuras de relevo do partido.
As televisões, através das quais os resultados foram sendo acompanhados, estiveram sempre sem som, situação que mudou apenas no momento do discurso de Pedro Nuno Santos.
Segundo os resultados provisórios, e ainda sem os dois círculos em falta, o BE tem 4,46%, com cerca de 274 mil votos.
Em 2022, tinha conseguido 4,4%, com 244.596 votos e os mesmos cinco deputados.
Lusa