designer de máscaras antibacterianas

A propósito da rápida propagação do Corona Vírus, que surgiu em finais de 2019 na China e agora com dois casos confirmados em Portugal, um pouco por todo o mundo, escasseiam as máscaras protetoras assim como os produtos antibacterianos. A escritora e designer Elsa Pires, não ficou indiferente a este problema e rapidamente pôs mãos à obra. A Voz do Algarve foi ao encontro da designer, desta vez não para falar de livros, mas sim deste produto inovador com a marca EP.

VA - Já tem uma marca própria a EP onde cria malas, pochetes, papillons, Tshirts.... como lhe ocorreu criar máscaras anti-bacterianas?

EP - Há muitos anos, fiz uma máscara para oferecer a um menino hospitalizado, que tinha essa necessidade. Na altura utilizei um tecido com o seu boneco preferido, que ele adorou e passou a ter prazer de andar sempre com a máscara.

Dado o atual surto da “corona vírus”, apercebi-me que as máscaras para venda, no comercio tradicional, estavam esgotadas e comecei por procurar o tecido antibacteriano, que sabia que existia por ter lido um artigo, de uma startup portuguesa, que o lançou nessa altura obtendo grande sucesso. Não porque fosse necessário neste caso pois trata-se de um vírus, mas para ter uma oferta diversificada, para pessoas que sofrem constantemente de alergias.

As amostras de tecido chegaram-me e correu tudo bem, pois o tecido 100% cânhamo é respirável, com propriedades antialérgicas e antibacterianas, que utilizei para forrar as máscaras que são sempre confecionadas em duas partes de tecido.

Temos assim dois tipos de máscaras. As de 100% algodão e as de algodão com o forro 100% de cânhamo antibacteriano e antialérgico. Os preços das de algodão variam entre os 12 e os 15 euros e a de cânhamo são um pouco mais caras. Um produto totalmente artesanal e português.

VA - Como conseguiu o molde, ou foi criado por si?

EP - Este modelo foi feito por mim, em três tamanhos. Mas creio que se possam encontrar na internet.

VA - E essas máscaras protegem mesmo? Qual a sua manutenção?

EP - Depende do que se espera delas e da sua correta manutenção. Tem a mesma proteção das máscaras que utilizamos normalmente nesses casos. Neste caso e sendo de um vírus que nos queremos proteger, convém serem de algodão, e serem esterilizadas regularmente. Para isso devem ser lavadas com sabão neutro, não permanecerem muito tempo na rua, para não apanharem pó e passadas a ferro, com o ferro regulado para algodão. É muito simples, guardadas num saquinho de plástico com fecho que aconselho passar por dentro um algodão com álcool de vez em quando.

A diferença entre estas máscaras e as que normalmente são usadas, é que estas são reutilizáveis e por isso um artigo sustentável. No passado eram utilizadas máscaras de tecido que se tornaram obsoletas pela praticidade das descartáveis, mas num mundo que aposta agora para outras alternativas mais sustentáveis as máscaras de tecido voltam a ser, na minha opinião não só uma alternativa, mas uma solução.

VA - Partindo do princípio que já conta com uma carteira de clientes, como estão a funcionar as vendas das máscaras?

EP - Muito bem, até porque temos que nos habituar à ideia de ter uma mascara sempre a mão, em viagem, em aglomerados de gente, ou em países cuja poluição é elevada. Em tempos de alergias ..

VA - Aceita encomendas?

EP - Sim, tenho estado a aceitar. Confesso que não esperava tanto sucesso.

VA - Pensa exportar?

EP - Ainda não pensei muito sobre isso. Penso mais em convencer os portugueses que ter uma máscara na bolsa é a nova realidade à qual temos que nos adaptar.

VA - Vai conseguir cumprir com todas as encomendas?

EP - Uma mulher EP, está preparada para quase tudo, os combates ganham-se lutando e trabalhando.

VA - Acha que serão bem aceites pelo consumidor?

EP - Estão a ser bem aceites, pelo menos é a ideia que me passam. São lindas e funcionais. Para as crianças então é bem mais fácil, convencê-las a usarem uma máscara com banda desenhada, é quase um prazer.

“Se a ideia pega”, assim se refere Elsa ao seu mais recente produto, ela não vai ter mãos a  medir,

porque além de útil, ficamos na moda.

VA - Que pensará a classe médica?

EP - Tenho uns amigos médicos, com quem falei, que aprovaram a ideia. Uns acham que há muito alarmismo, em torno do coronavírus, mas o uso das máscaras e uma higiene mais rigorosa é sempre aconselhável para evitar propagação. Um deles, encomendou uma touca a fazer pandan com a máscara. Mas a máscara também está a suscitar interesse para veterinários, esteticistas, dentistas...

VA - Já registou a patente?

EP - Não pensei ainda muito nisso. Nem sei se é um artigo que possa ser patenteado. Agora estou mais dedicada a trabalhar na máquina de costura.

VA - Qual o valor de vendadas mascaras e das toucas?

EP - A máscara é 15€ e a touca 20€... Mas o conjunto fica em 30€. a vantagem é que são produtos reutilizáveis e, contas bem feitas, acaba por ficar mais barato.

VA - Imaginemos que dada a falta de máscaras que já se vem sentido em vários países, as sua vendas disparam. Esta ideia é originariamente sua? Se sim, vai ficar na história...

EP - Se dispararem, arranjarei emprego para muita gente. A ideia original não é minha, pelo menos as de algodão normal, utilizadas neste caso. Mas nunca vi nenhuma e não tenho conhecimento que sejam feitas com tecido antibacteriano. Mas confesso que não soube de ninguém antes de mim, que propusesse as máscaras de tecido como alternativa, neste momento, que parece não haver máscaras em lado nenhum.

VA - Conhecendo a Elsa Pires, já estamos a ver que vai fazer máscaras a combinar com a roupa …

EP - A ideia é mesmo essa. Em vez de querer fazer milhares, quero sobretudo fazer exclusivas, lindas, elegantes e funcionais. Como a sua Nathalie, com o logo dos jornais A Voz de Loulé e A Voz do Algarve.

VA - Por essa não esperava, ou se calhar, vindo da Elsa…esperava…(risos). Mas a máscara personalizada com os, logotipos do jornal está muito profissional….  Mas conte-nos, quais foram as suas maiores inspirações e que outras vêm a caminho?

EP - A maior inspiração continua a ser a capa para aparelho eletrónico que se transforma em pochete social, mostrando a versatilidade de um acessório que pode ser tão útil como elegante. Foi assim que começou a EP, que hoje tem papillons, mochilas e malas xxl em tecido, capas para agendas e até para bíblias...

VA - Quais são as principais etapas do teu processo criativo?

EP - Desenhar o projeto, a procura constante de tecidos que goste e como costureira, cortar e confecionar com perfeição os modelos.

VA - O próximo desafio?

EP - Um soutien que possa ser separado ao meio e transformar-se em duas máscaras em caso de necessidade. Ah ah ah .

 

… como não podia deixar de ser, nós também recebemos a nossa máscara antibacteriana personalizada.

 

Por: Nathalie Dias