Candidato do PSD à Câmara Municipal de Loulé

O Deputado Rui Cristina é o candidato escolhido pelo PSD para tentar reconquistar a presidência da Câmara de Loulé. Eleito Deputado pelo círculo de Faro em outubro de 2019 é também Presidente da Concelhia de Loulé do PSD. Com 41 anos, vive união de facto e tem 1 filho, o Social-Democrata é licenciado em Engenharia Civil pela Universidade Lusíada em Famalicão. Ingressou no PSD em 2001 e foi candidato à Junta de Freguesia de Almancil nas eleições autárquicas de 2005 e 2009.

 

A Voz do Algarve - Sendo desde outubro de 2019 Deputado eleito pelo Algarve, porque decidiu candidatar-se agora a Presidente da Câmara Municipal de Loulé?

Rui Cristina - Foi uma decisão que tomei com muita ponderação, mas também com um sentido de dever. Sei o que quero, sei o que Loulé precisa, sei que os munícipes desejam uma nova gestão, querem uma equipa que conheça os problemas e tenha soluções para os mesmos.

A grande motivação da minha candidatura é dotar o Município de Loulé de uma estratégia de desenvolvimento, em substituição da atual gestão aos soluços, alicerçada na distribuição de cargos pelo aparelho partidário e ligações pessoais. Que coerência pode existir, quando já se alterou a orgânica do Município seis vezes?

Estará no topo das prioridades o apoio aos empresários locais, desesperados com uma crise sem precedentes, provocada pela pandemia e até aqui ignorados e pretendo realizar obras tão básicas como a água e os esgotos, onde continuam a faltar. Há que contrariar este delírio de propaganda, onde se anunciam obras faraónicas e se gastam fortunas em infraestruturas que deveriam ser pagas pelo Estado Central ou pelas instituições regionais descentralizadas.

 

“Sei o que quero, sei o que Loulé precisa, sei que os munícipes desejam uma nova gestão, querem uma equipa que conheça os problemas e tenha soluções para os mesmos.”

 

VA - Se for eleito Presidente da Câmara, abdicaria do lugar de Deputado?

RC - Se merecer a confiança dos louletanos, para liderar o projeto que me proponho implementar no meu Concelho, obviamente será esse o cargo que exercerei - o de Presidente da minha terra!

 

VA - Tendo em conta que o PSD e o CDS firmaram um Acordo Autárquico a nível nacional, tenciona também apresentar-se em coligação ou apenas com a bandeira do PSD?

RC - Pretendo criar uma plataforma que não se resuma ao PSD, o meu desejo é congregar em redor das propostas que vamos apresentar para resolver os problemas das pessoas, todos os que vierem por bem e que se revejam nossas bandeiras. Espero ver o CDS ao lado neste combate, como espero ver independentes, outros que, ainda que Socialistas, se sintam defraudados com esta gestão, no fundo, todos os que quiserem o melhor para Loulé e que partilhem os ideais da Democracia e da Liberdade que nós partilhamos. Resumindo num dito popular: “Venha quem vier por bem”!

 

VA - Como avalia o trabalho que o executivo Socialista liderado por Vítor Aleixo tem realizado ao longo destes dois mandatos autárquicos?

RC - Sou infelizmente obrigado a fazer uma má-avaliação. Tem sido uma gestão tacanha, sem ambição, confusa, atabalhoada, provinciana, sem visão. Nos últimos anos temos assistido a um contínuo e irresponsável desaproveitar de oportunidades, a uma gestão sem rumo, feita em cima do joelho, que apenas se preocupou em tentar agradar a Gregos e Troianos, sem que se preocupasse com os reais e verdadeiros problemas que nos afligem. Como é que o maior Concelho do Algarve, e um dos dez mais ricos do nosso País, hoje em dia está a distanciar-se cada vez mais do pelotão da frente, esteja hoje a perder terreno para Portimão, para Albufeira e até para Olhão?!

 

VA - Quer dar um exemplo dessa gestão que classifica de “sem rumo”?

RC - Só um?! Infelizmente dou-lhe vários. Por exemplo o anúncio à pressa, depois de dois mandatos longos anos de inação, ou seja, oito anos sem fazer nada, de uma Estratégia Local de Habitação de Loulé, que na maior das hipóteses só estará concluída em 2031… Ou o estado lamentável a que chegou a rede de saneamento, sem que tenha existido o investimento que o seu mau-estado obriga, já para não falar da distribuição de água. Posso falar-lhe também da circular Nordeste de Loulé, que está mais do que atrasada e tanta falta faz para o desenvolvimento económico e para a nossa qualidade de vida, ou do estado de abandono do Largo da Matriz e que é o exemplo do desleixo na reabilitação do Centro Histórico da Cidade, quando bastava apenas executar os projetos deixados pelo PSD. E no que respeita às respostas perante a maior crise social e económica que alguma vez vivemos, Vítor Aleixo recusou-se a criar o fundo de apoio municipal, que o PSD propôs em junho, que definia medidas rápidas para combater a crise, com apoios dirigidos às empresas e às famílias. Por outro lado, o comércio local agoniza por falta de apoios concretos da Autarquia Socialista e as famílias passam momentos muito difíceis, infelizmente com a questão da fome a ganhar uma dimensão muito preocupante.

E sabe outra coisa? Não percebo como é que ao longo dos seus mandatos, este executivo PS não conseguiu atrair “projetos-âncora” para a Cidade, adiando para as calendas a requalificação urbana adiada e piorando de dia para dia a eficiência dos serviços municipais. Claro que esta gestão tem tido um impacto negativo na iniciativa privada, e na criação de riqueza e emprego, não está à altura dos louletanos, nem é atraente para quem aqui queira investir. Em síntese, este é um executivo sem ideias, sem capacidade de decisão, em fim de ciclo, esgotado mesmo. Como me dizia alguém à dias, Vítor Aleixo e a sua gestão são como um relógio suíço: não atrasam, nem adiantam…

 

VA - Se for eleito Presidente da Câmara Municipal de Loulé, o que pensa que pode fazer no seu primeiro mandado autárquico em prol do desenvolvimento das pessoas e do Concelho.

RC - A retoma económica é prioritária para todos. É imperativo rever os apoios a conceder às empresas, no sentido de estas se prepararem para reiniciar as suas atividades e garantirem o emprego, de modo a que possam definir melhor as suas estratégias de negócio, preparar os seus projetos e estarem na linha da frente, em termos de competitividade.  Por outro lado, temos de saber negociar quer junto do Governo, quer junto das entidades regionais, apoios direcionados para o nosso Concelho, aproveitando o Plano de Recuperação e Resiliência já aprovado a nível nacional.  E mais: e se não houver gastos excessivos e obras faraónicas contratadas pelo atual executivo, os cofres autárquicos têm fundos para se concretizarem os projetos que se encontram há muito “esquecidos” e cujo impacto é enorme no desenvolvimento de Loulé, enquanto Concelho, o maior e mais rico do Algarve e com um território tão diversificado.

Mas existe um assunto que não pode ser esquecido e que teremos de encarar de frente e sem rodeios: a organização dos serviços municipais com critérios transparentes, visando a máxima eficiência. Como está, não vamos lá…

 

“A retoma económica é prioritária para todos. É imperativo rever os apoios a conceder às empresas, no sentido de estas se prepararem para reiniciar as suas atividades e garantirem o emprego, de modo a que possam definir melhor as suas estratégias de negócio, preparar os seus projetos e estarem na linha da frente, em termos de competitividade.”

 

VA - Quais são as suas principais bandeiras/compromissos autárquicos que queira desde já destacar?

RC - Temos de dar respostas às pessoas, ir ao encontro dos seus problemas, passarmos de palavras ocas e promessas sem sentido à resolução do que de facto preocupa as pessoas: a habitação, a requalificação urbana das Cidades de Loulé e de Quarteira, nas Vilas de Almancil,  Boliqueime e Salir, nas Aldeias, muito em especial no interior, onde temos de criar políticas sustentadas que combatam a “fuga" dos jovens para o litoral. A gestão da água também é essencial, assim como a gestão ambiental e, em termos económicos, há que atrair investimento para o Concelho, tendo em conta que, a par do Turismo e das suas amplas atividades, importa diversificar o tecido económico, valorizando as pescas e a agricultura.

 

VA - Qual o impacto que a COVID-19 teve e terá nos próximos anos na atividade económica do Concelho e que marcas sociais existe ou serão de esperar para as famílias?

RC - Não tenho dúvidas que a pandemia provocou uma das maiores crises económicas e sociais, sendo o Algarve e o Concelho de Loulé os territórios mais penalizados no País. Basta olhar para os números do desemprego e das falências. E é precisamente por estarmos no centro deste tsunami, que se exigem estratégias e um rumo bem definido, assim como medidas criativas, capazes de minorar os efeitos negativos que ainda se vão prolongar por mais algum tempo. Acredito que a retoma do turismo internacional vai acontecer, porém esse regresso vai depender de variados fatores. Assim, importa e quanto mais cedo melhor, acautelar o futuro e programar a reativação da atividade das empresas e da economia.

É de evitar a todo o custo a aniquilação irreversível do tecido económico local e tal não se consegue com propaganda e planos megalómanos, dos que só trarão efeitos para as famílias daqui a 10 anos. A Autarquia deve ser um parceiro interveniente e interessado na retoma económica e há que minorar o impacto social do desemprego, das dificuldades de habitação que muitas famílias sentem. 

 

VA - Como avalia a resposta ao COVID-19 dada pela União Europeia e pelo Governo Português?

RC - Durante o ano de 2020, o PSD fez uma oposição consciente ao Governo Socialista, face a um problema de grande magnitude, que abrangeu o mundo inteiro. O primado foi a resposta que era necessária dar por parte do Serviço Nacional de Saúde. Mais uma vez, o Algarve e o Concelho de Loulé foram as zonas mais penalizadas em 2020. Isto porque o SNS já tinha severas deficiências na região. E os recursos que foram canalizados não estiveram, nem estão, à altura das necessidades.

Quanto à resposta da União Europeia, a questão do Plano de Vacinação do qual depende o controlo da pandemia, tem apresentado uma gestão no mínimo errática, isto num período em que a Presidência da UE compete ao nosso País. É indesculpável que apenas 8 por cento da população europeia esteja vacinada, em abril de 2021, quando Países como o Reino Unido já apresentam quotas de vacinação superiores a 40%.

Deixe-me dar uma nota relativamente ao Plano de Recuperação e Resiliência. A proposta do PRR Portugal indica um valor de 4,6 mil milhões de euros, sem contar com outros apoios indiretos e contratos, destinados às empresas. São verbas vultuosas, mas subsistem muitas dúvidas sobre a sua operacionalização, desde logo quanto à elegibilidade de projetos e beneficiários ou níveis de apoio previstos. Considero essencial que haja fiscalização das verbas reforçadas dos fundos comunitários, num quadro transparente de aplicação ainda uma adaptação do PRR Portugal ao tecido económico real do País e percetível para o setor empresarial. O PRR só será uma oportunidade no que concerne ao desenvolvimento económico e social se responder às situações específicas da economia.

 

VA - Loulé tem queixas do governo?

RC - Tem, claro! E não são poucas… O mais escandaloso foi o Orçamento de Estado de 2021 não dedicar nem sequer uma vírgula ao Hospital Central do Algarve, apesar das promessas feitas à região, quer pelo Ministério da Saúde, quer pelos Socialistas do Algarve. E ao mesmo tempo, como se não chegasse, mais escandaloso foi o executivo camarário de Loulé ter investido mais de 12 milhões de euros num projeto que deveria ser da total responsabilidade do Governo Central, como foi o caso do Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve, vulgo o ABC, e até saúdo a sua implantação associada à Universidade do Algarve. Mas não posso conceber ou admitir que num Concelho que de repente se viu mergulhado numa crise terrível, a Autarquia venha substituir-se ao Governo Central, só por serem da mesma cor partidária, e assim preferir fazer o que é da responsabilidade de Lisboa e virar as costas aos seus munícipes, para quem os 12 milhões de euros deviam ser destinados.

 

VA - Como perspetiva a retoma das várias atividades económicas do Concelho e em particular às ligadas ao Turismo?

RC - Antes de mais, só será possível iniciarmos uma retoma das atividades económicas com o controlo da pandemia. E de novo, o Algarve está a ser prejudicado, sendo a região com a taxa de vacinação mais baixa, provavelmente por falta de pessoal para que o plano de vacinação se cumpra, pese o esforço dos profissionais de saúde da região, a quem não posso deixar de agradecer o esforço e empenho mostrado.

No Algarve, e por maioria de razão em Loulé, pela centralidade do Concelho, um elevado número de pequenas e médias empresas dependem do setor do Turismo, as quais, com o apoio suficiente, podem ajudar a recuperar o emprego e a economia mais rapidamente do que qualquer outro. É minha convicção que o turismo tem futuro, apesar da pandemia de covid-19, e embora os cenários de recuperação mais otimistas não se tenham verificado, em função da terceira vaga da pandemia no início de 2021, é essencial às empresas garantirem a sua sobrevivência.

O papel da Autarquia é disponibilizar todos os apoios possíveis, baseados numa avaliação da situação económica do setor e das suas diferentes áreas de atividade – a jusante e a montante – tendo em conta que as mesmas estão há mais de um ano em paragem quase total. Como repetidamente alertei enquanto Deputado, há a máxima urgência na execução de planos de contingência que permitam, por exemplo, a capitalização das empresas e a manutenção do emprego, ou o aumento de prazo das moratórias, tendo em vista o processo de retoma e um novo enquadramento do setor.

O turismo internacional vai regressar, mas sabemos desde já que as limitações não vão desaparecer de um dia para o outro e que os resultados do Plano de Recuperação e Resiliência só surgirão a médio e a longo prazo.

 

VA - Para quando a indicação dos Cabeças de Lista às Juntas de Freguesia do Concelho e à Assembleia Municipal? Já nos pode adiantar alguma coisa?

RC - Cada coisa a seu tempo. Uma coisa é certa: o perfil dos candidatos a indicar vai estar intimamente ligado a uma maior proximidade entre os candidatos e os eleitores, em cada Concelho, em cada junta, em cada local. Vamos ouvir os militantes e respeitando os estatutos do PSD. Escolhendo os melhores e os mais disponíveis, formando uma equipa para governar Loulé no seu todo, do litoral ao barrocal, sem diferenças, distinções ou privilégios.

 

VA - Fale-nos um pouco mais da sua ambição e projeto autárquico para Loulé apesar de ainda distar cerca de seis meses das eleições autárquicas?

RC - Tenho consciência de termos um importante papel no decurso da campanha eleitoral que se avizinha, que nos permita encontrar as melhores soluções para defender o nosso Concelho. É, por isso, uma grande responsabilidade e ambiciono que a proximidade dos eleitores seja uma grande mais-valia. Pretendo corresponder à confiança dos nossos conterrâneos, reiterando toda a minha disponibilidade, poder fazer a diferença nos resultados nas eleições que iremos disputar este ano. E principalmente, que me têm a confiança do seu voto para que o Concelho Loulé acorde desta letargia e recupere o lugar que lhe pertence por direito próprio na região e no País.

Aproveito para manifestar a minha firme intenção de envidar todos os esforços, em defesa do Concelho de Loulé e dos meus conterrâneos, caso presida à Autarquia, do mesmo modo que tenho feito enquanto Deputado na Assembleia da República.

Toda a população do Concelho de Loulé merece muito mais do que têm tido nestes últimos 8 anos!

 

Por: Nathalie Dias