Hélder Semedo, 19 anos, natural de Lisboa, atual líder da Concelhia da Juventude Socialista de Loulé, apresentou recentemente a sua demissão do cargo de Vice-Presidente da Federação Regional da JS ALGARVE. O jovem político, veio até ao jornal “A Voz de Loulé” expor a razão da sua demissão e a sua posição relativamente a várias temáticas da ordem do dia, no Concelho, na Região e no País.

A Voz do Algarve – O que o levou a apresentar o seu pedido de demissão da Federação Regional do Algarve da Juventude Socialista, onde ocupava o cargo de Vice-Presidente?

Hélder Semedo – Eu demiti-me da JS algarve porque não encontrei no atual secretariado a vontade política de querer fazer algo diferente. E José Cardoso, atual Presidente, sabia que a minha saída era inevitável, porque já no ano passado lhe tinha sido dito que se a JS Algarve não mudasse a forma como tem trabalhado eu sairia.

Eu costumo dizer que a política para os jovens mudou. Os jovens não encontram na atual estrutura das juventudes partidárias, forma de representação. Há 20 anos atrás era difícil encontrar um jovem que não pertencesse a uma juventude partidária. Atualmente, é mais fácil encontrar jovens que não participam, do que aqueles que participam. As coisas mudaram e nós precisamos de encontrar outras formas de enquadramento, mobilizar as pessoas. Exemplo disso foi o trabalho feito pela JS Algarve, aquando das eleições autárquicas, quando criámos o Stand UP, um movimento que contou com muitos jovens, militantes do PS, mas também muitos outros, do concelho mas também de outras zonas do país, que não se caracterizavam com a JS, mas que estavam lá para apoiar a candidatura do atual Presidente da Câmara, Dr. Vitor Aleixo ou a apoiar o próprio movimento e as suas causas.

O Stand Up foi um instrumento, uma experiência que correu bem, que funcionou. Portanto, aquilo que eu tentei fazer desde dezembro de 2013 até à minha demissão, foi tentar implementar essa estrutura na JS Algarve. Reuni-me com todos os presidentes de Câmara da área do PS e com todos os dirigentes do PS das Concelhias do Algarve para tentar implementar-se isso. Acontece que o Presidente da Federação da JS Algarve, José Cardoso, inicialmente achou bem, porque viu a energia que estava por detrás do Stand Up, mas mais tarde mudou de opinião. E tem legitimidade para isso. Para a JS Algarve só os militantes contam, mas eu não concordo. Para mim, uma juventude partidária, que se diz representar a juventude, tem que ouvir a juventude e não apenas um conjunto de 10 ou 20 pessoas. Nós, aqui em Loulé, temos uma forma diferente de abordar essa questão. Temos cerca de 130 militantes ativos, e sempre que fazemos qualquer tipo de iniciativa tentamos envolver não só esses 130, mas o máximo de jovens possíveis. Recordo-lhe, como exemplo disso, que fizemos um acordo com as associações de estudantes, de Quarteira e de Loulé, para que a juventude partidária JS tivesse maior relação com essas associações.

 

V.A. – Enquanto político ativo, qual será o próximo passo, depois desta demissão?

H.S. – Eu demiti-me com um objetivo claro: candidatar-me à Federação Regional da JS Algarve. E fi-lo porque recebi algumas pressões de coordenadores de concelhias e de dirigentes a nível nacional da JS nesse sentido. E ou se faz politica ou não se faz politica! Não podemos estar aqui a brincar, dizendo uma coisa e fazendo outra. Os discursos são muito bonitos, mas o problema do político é que depois não sabe corporizar aquilo que diz. Ou seja, diz que vai fazer algo, mas os anos passam e não se avança. E é por isso que a política está descredibilizada, e que nós, políticos, não temos credibilidade junto do eleitorado. A verdade é essa.

 

V.A. – Quando pretende avançar com a sua candidatura à Presidência da Federação Regional da JS Algarve?

H.S. – Eu tenho duas hipóteses, posso esperar até dezembro 2015, ou posso provocar eleições antecipadas. E irei pela segunda hipótese. No próximo ano começa-se a trabalhar na Campanha das Legislativas e eu, como militante da Juventude e do Partido Socialista, não posso permitir que estas percam no Algarve. Nós precisamos de vozes ativas para defender o Algarve.  Já tenho as tropas a trabalhar no terreno. A candidatura está a ser trabalhada ao milímetro. Já comecei a falar oficialmente com as pessoas, a ir aos vários concelhos falar com autarcas e militantes. Também quero falar com os bombeiros, as forças de segurança, as escolas, as direções regionais… para saber o feedback deles e em que moldes se vai avançar. Pretendo criar um programa regional para depois ir para o Terreiro do Passo reclamá-lo para o Algarve. E não pretendo ir sozinho, pretendo levar os jovens comigo. Tenho tido vários apoios e esta candidatura já tem Comissão de Honra e Mandatário, mas ainda não posso revelar. Posso apenas adiantar que é rapaz, é uma figura muito conhecida na região, é de Portimão e estudou em Faro, e mais não posso dizer. O meu objetivo é alargar o que fiz em Loulé, e que obteve resultados positivos, à escala do Algarve. Espero, em setembro começar a campanha pura e dura.

 

 

V.A. – Tem mencionado o trabalho desenvolvido pela Concelhia de Loulé, onde assumiu funções de Coordenador-adjunto em 2010; e do qual é, atualmente, Coordenador, desde outubro de 2013. Como encontrou a Concelhia, quando assumiu a sua coordenação?

H.S. – Quando assumi as funções de Coordenador deparei-me com vários problemas. Um deles é que não tínhamos arquivo. Qualquer organização precisa de um arquivo e este simplesmente não existia. Eu jamais poderia assumir qualquer coisa para fora sem saber qual tinha sido a posição dos meus antecessores. Precisávamos disso, desse feedback, de saber que posições foram tomadas desde a criação da concelhia, em 75 até hoje. Agora que já conhecemos a nossa história, começamos a pensar no presente e a construir o futuro, e esse futuro só pode ser construído com as associações de estudantes. Essa ponte também não existia. Aliás, a JS Loulé, em termos de atividades era nula, existia no papel, existia a estrutura física, mas não havia mais nada. Esta concelhia não era conhecida no terreno. Apenas os cidadãos mais velhos, da faixa acima dos 30, conheciam a JS, porque já tinham por cá passado. A juventude dos 14 em diante não conhecia a JS. Dai termos insistido bastante em irmos às escolas todas as semanas, ouvir o que a juventude queria, ouvir o que tinham a dizer. Além disso, já fui dirigente associativo da Associação de Estudantes de Almancil e Quarteira, e sei perfeitamente com que problemas se deparam estes dirigentes associativos. E é importante que os jovens, e as pessoas em geral, reconheçam que tudo é política, pura e dura. Seja problemas de saneamento, seja a questão dos estágios ou de mais e melhor educação, sejam questões como habitação, emprego…tudo isto é política e só é possível lutar por isso politicamente. E portanto aquilo que a JS e qualquer juventude partidária têm que fazer é criar uma ponte entre estas associações, porque é na escola que se encontra a juventude. E temos vindo a fazer esse trabalho.

 

V.A. – Uma das principais linhas do seu programa de eleição à JS Loulé foi a “vigilância ativa no rumo da Câmara Municipal de Loulé”. Como vê atualmente esse rumo?

H.S. – Começo por dizer, tal como dissemos na campanha, “ninguém ficará para trás”. E hoje ninguém pode dizer que ficou para trás. E se ficou, peço que batam à porta da Câmara e nos digam. Relativamente ao rumo da Câmara Municipal de Loulé, em termos financeiros, posso dizer-lhe que a evolução do passivo, a 31 de dezembro de 2013, era de 86.1 milhões de euros. Esta foi a herança de Seruca Emídio para o atual executivo. E estes números não são nossos. Existe um relatório do revisor oficial de contas, contratado pela anterior gestão, ou seja, durante o mandato do anterior executivo. Foi esse revisor oficial de contas que emitiu um parecer, como tem de fazer todos os anos, que dizia que a Câmara Municipal de Loulé tinha, no fim do mandato do anterior executivo, um passivo de 80 milhões. No final do ano, esse número aumentou mais 6 milhões, respetivos a compromissos já assumidos, fazendo assim os 86,1 milhões de que falei.
Números estes que são do conhecimento geral, pois o executivo de Vítor Aleixo fez questão de dá-los a conhecer publicamente. E porquê? Porque não sei se as pessoas se recordam, em 2002, quando Vítor Aleixo perdeu as eleições para Seruca Emídio, este mandou fazer uma auditoria, como é natural, com a qual enxovalhou Vítor Aleixo, dizendo que este tinha deixado 20 milhões de passivo. Mais recentemente, durante a campanha autárquica de 2013, tanto Seruca Emídio como Helder Martins acusaram Vítor Aleixo de ser um mau gestor, de ter endividado muito a Câmara Municipal de Loulé. Mas o que se verifica atualmente, é que, a 30 de junho de 2014, a dívida era de 70 milhões. Portanto, o atual executivo já reduziu, em menos de 9 meses de mandato, em 16 milhões de euros. Isto apesar da redução das transferências do Governo em 0,5 milhões de euros.

Portanto, existe aqui um esforço no sentido de manter a qualidade de serviços que a Câmara presta, sem que os cidadãos sintam os cortes. Significa isto que cortámos, mas soubemos onde cortar, nomeadamente nas comunicações, nas deslocações, na publicidade. A Câmara de Loulé gastava milhões em publicidade, que agora não gasta. Portanto, em vez de cortarmos na ação social, fizemos o contrário, aumentámos a verba da ação social e diminuímos aquilo que no nosso entender é supérfluo. E reduzimos a dívida, sem aumentar imposto municipais, o IMI manteve-se. E neste campo, posso ainda dizer que, atualmente a Câmara Municipal de Loulé está a tratar da revisão do contrato com o PAEL, revisão esta aprovada em Assembleia Municipal por unanimidade, cujo objetivo é diminuir os juros e aumentar o prazo das amortizações. O PAEL foi uma prenda venenosa que o executivo anterior deixou para o atual executivo. O PAEL assinado pelo PSD obriga a taxas altas de IMI e a pagar 3 milhões de euros em juros e amortizações.

V.A. – Podemos concluir pela sua resposta, que acredita que a publicidade na imprensa é supérflua. No entanto, ao solicitar-nos uma entrevista considera, porventura, que a imprensa regional tem alguma importância. Não será contraditória a sua afirmação por saber que a imprensa para sobreviver precisa de apoios de entidades públicas?

H.S. – Claro que sim, as Câmaras devem apoiar a imprensa, mas quando falei de publicidade não me referia aos jornais em concreto. 

 

V.A. – O PAEL que diz ter sido um presente envenenado, foi assinado pelo executivo de Seruca Emídio, a quem o Hélder Semedo saudou, recentemente, aquando da condecoração deste pelo Presidente da República, Cavaco Silva, felicitando o ex-autarca pelo “notável e reconhecido trabalho feito no concelho de Loulé”.

H.S. – Eu não estou a dizer, ao referir a questão do PAEL, que Seruca Emídio fez tudo mal. Eu tive muitos problemas com Seruca Emídio, não era a pessoas mais simpática de lidar, mas não posso cair no ridículo de dizer que o Seruca Emídio e o anterior executivo não fez nada de bom, porque fez! Nomeadamente a construção das piscinas de Quarteira, uma obra que veio do Joaquim Vairinhos, é verdade, mas que Seruca Emídio pôs em prática, não anulou. E como este há outros exemplos de que foi um bom autarca para o concelho. Eu não posso dizer o contrário, porque as pessoas não vêm isso, nem nós, PS, dizemos isso. Por isso mesmo não pude deixar de saudar Seruca Emídio, e quero aqui esclarecer que o fiz em nome exclusivamente pessoal, pela sua condecoração, pois como frisei nessa mesma saudação, o fair play é necessário na política. Mas sobre isto, deixe-me dizer, que aquilo que Cavaco Silva disse na condecoração, ou seja, que Seruca Emídio tinha saído da Câmara sem dívida nenhuma, é mentira. Eu lamento ter de desmentir o Presidente da República, mas realmente é mentira. Contra factos não há argumentos. Ele deixou dívidas. Por isso, alguém está a mentir, e não é a JS, nem o PS, e muito menos Vitor Aleixo. É sim o Presidente da República e Seruca Emídio. E sobre isto nós mandámos uma mensagem ao Palácio de Belém dando a conhecer que a informação estava incorreta, juntamente com o relatório. Claro que não obtivemos qualquer tipo de resposta.

 

V.A. – A JSD Quarteira expressou recentemente a sua preocupação com a Higiene e Limpeza de Quarteira. Uma preocupação que se tem refletido um pouco por todo o concelho. O que tem a dizer sobre isto?

H.S – Essa é uma questão que fazemos questão de esclarecer, reponto a verdade. Na política é importante falar com seriedade. E aquilo que a JSD fez, desde que o executivo camarário é liderado pelo meu amigo e camarada Vitor Aleixo, foi dizer, dia após dia, mentiras atrás de mentiras. E para esclarecer quanto a este assunto, volto à questão do PAEL. No PAEL estava previsto o corte de 40% da despesa com higiene urbana. Qualquer cidadão louletano, se quiser saber a verdade, pode ler o PAEL e encontrará lá os cortes que o anterior executivo deixou para o atual executivo. E volto a frisar que este é um documento assinado pelo PSD, que o PS não pode chegar e alterar do nada. É um contrato com o Governo. Por isso é que digo que o PAEL foi um presente envenenado. Realmente fala-se mais na questão da limpeza e higiene agora, porque estas coisas não se sentem de imediato, e sentem-se mais agora porque estamos em época alta, a população aumentou, e onde há ser humano há lixo.

 

V.A. – Não será possível praticar aquela que tem sido um dos motes do atual executivo, ou seja, fazer o mesmo ou melhor com menos, na questão da higiene e limpeza?

H.S. – O anterior executivo fez muita coisa boa, mas depois esqueceu-se de uma coisa básica, que é a higiene. O material que temos não serve para as necessidades do concelho, aquilo está obsoleto. Já para não falar da falta de pessoal. Os contratos com as empresas que faziam esse trabalho foram reduzidos, e a autarquia não tem capacidade jurídica para alterar isso. A Câmara só poderá fazer isso com a alteração do PAEL. E acredite que o atual executivo, na pessoa do Presidente Vítor Aleixo, tem feito diversos esforços, em Lisboa, para que o PAEL seja alterado. A Câmara Municipal de Loulé tem 2000 funcionários, mas existe um excesso de pessoal técnico-administrativo, poucos são os operacionais. E isto não acontece apenas na higiene, acontece também com o pessoal nas escolas, uma questão cada vez mais preocupante. Relembro também que o Dr. Vítor Aleixo está a fazer uma pressão enorme junto do Governo para a contratação de pessoal para a área operacional da Câmara.
 

V.A. – Entrando na questão da educação, que acabou de referir, já manifestou a sua posição favorável relativamente ao fecho da Escola das Escanxinas, em Almancil, uma posição contrária à de Vítor Aleixo…

H.S. – O Presidente da Câmara Municipal é contra o fecho da Escola das Escanxinas e tem toda a legitimidade para isso, mas a minha opinião é contrária. Mas o PS é isso, e termos posições diferentes não significa que andemos aqui chateados uns com os outros, quero que isso fique claro. A posição da JS Loulé é do fecho daquela escola, porque esta já estava com um funcionamento extraordinário. Ou seja, já estava para fechar desde a altura do Governo de Sócrates, quando se construiu o Centro Escolar, designado popularmente por Escola Amarela.
Além disso, defendo o fecho da Escola das Escanxinas, porque esta escola tem apenas uma turma, com menos de 20 alunos, e não tem refeitório nem biblioteca. A Escola Amarela tem uma sala livre que pode receber essa turma, tem biblioteca, refeitório e ótimas condições. O que fazer depois com esse edifício? Simples. Eu sugiro que nesse edifício seja criado uma pré-escolar, porque a população de Almancil está a precisar, uma vez que a que temos está sobrelotada.

V.A. – E relativamente ao fecho das outras escolas do concelho?

H.S. – Quanto ao fecho das outras escolas, nomeadamente a dos Caliços, a do Esteval e a de São Lourenço, sou contra. Defendo que não devem ser fechadas, porque se encontram a mais de 1 km da Escola Amarela. Assim como sou contra o fecho da Escola de Vale de Rãs, que chegou a ser previsto, mas que felizmente foi retirado.  

 

V.A. – Que outras preocupações surgem para a faixa etária mais jovem?

H.S. – Existe um órgão na Câmara Municipal de Loulé, o Conselho Municipal de Juventude, a quem compete definir a estratégia politica na área da juventude. O executivo fala com esse Concelho e diz as linhas que pensa ter para o mandato. Existem um conjunto de intervenientes, juventudes partidárias, associações de estudantes e outras entidades ligadas à juventude, e cria-se ali um programa direcionado para a política de juventude, decidido em conjunto com o executivo. Relembro que no mandato do anterior executivo este conselho reuniu apenas uma vez, e apenas para tomar posse. Nós já nos reunimos duas vezes,  uma delas foi inclusive bastante importante, onde se falou do Street Workout. O Street Workout são barras de exercício, de valor irrisório, mas de muita utilidade. Esta ideia surgiu de um jovem de Loulé que pediu uma reunião com a JS Loulé e que reuniu cerca de 70 jovens. Um número bastante considerável… Em Quarteira, já existem estas barras, embora precisem de ser renovadas, revisão essa que está prevista, juntamente com a colocação de mais dois espaços destes. Além da renovação em Quarteira e da colocação, está previsto também um em Loulé, uma ideia que surgiu de um jovem de Loulé.

 

V.A. – O Skate Park também será uma realidade?

H.S. – O Skate Park de Loulé já é uma aspiração antiga dos jovens da cidade de Loulé e vai ser feito, porque está no nosso programa eleitoral. De momento encontra-se em processo de estudo, uma vez que o processo que tínhamos na Câmara era muito grande do ponto de vista orçamental. É uma prioridade, mas não é a prioridade das prioridades, até porque atualmente a nossa prioridade é as questões da ação social. No entanto, não pretendemos descurar o Desporto, pois será Cidade Europeia do Desporto em 2015. Penso que nessa altura será a altura certa para o fazer, atualmente temos de nos preocupar com as pessoas que estão a passar dificuldades, porque foi com esse mote que chegámos aos passos do concelho.

 

V.A. – Reuniu recentemente com os dirigentes da Associação de Discotecas do Sul e Algarve (ADSA), onde defendeu que “os espaços noturnos de verão são uma mais-valia para o concelho de Loulé e para a região”, o que justifica a sua posição?

H.S. – Eu sobre essa questão sou um pouco duro, e vamos ser sinceros, desde que surgiram esse tipo de discotecas o Concelho de Loulé tem tido imensos jovens nesta altura do ano. Há jovens de todo o país que procuram esses espaços. E afinal, o Algarve é sazonal, por isso não faria sentido estarem abertas quando não há pessoas. Quando esta associação, cujo presidente se demitiu recentemente, se diz representante das discotecas do Algarve, é mentira, porque é constituída apenas por 3 discotecas. E, ao contrário do que dizem, não estão abertas o ano inteiro. O que acontece é que existe nessa associação uma pessoa que gosta de pressionar, e considera que tem razão em tudo, mas esquece-se que em Portugal há regras. E é uma direito constitucional todos nós podermos ter iniciativa empresarial e estas empresas decidiram, e bem, apostar no Concelho de Loulé. E eu sei, por fonte segura, que essas discotecas já foram convidadas por outras Câmaras da região para se instalarem nesses concelhos. Seria um enorme erro para nós perdermos essas discotecas. Porque, vejamos, todos ganham com a vinda dessas discotecas para o concelho. Os jovens para vir às discotecas precisam de alojamento, de comer, ou seja, frequentam mais do que as discotecas, o que faz o dinheiro mexer.

 

V.A. – Seguindo a mesma linha de ideias, qual a sua posição quanto aos grandes empreendimentos previstos para o Concelho de Loulé?

H.S. – O Ikea foi um investimento que o Governo PS trouxe para Portugal. E quando o Grupo Ikea manifestou a pretensão de instalar uma superfície no Algarve, nomeadamente no Concelho de Loulé, aquilo que fez Seruca Emídio, Presidente da Câmara Municipal de Loulé na altura, foi dizer “sejam bem-vindos”. Eu e a JS Loulé somos, tal como na questão das discotecas, a favor de todo o tipo de negócio que se queiram instalar no Concelho de Loulé. Tenho tido alguns debates com camaradas do partido que olham para estes investimentos com maus olhos, porque vão matar o comércio local. Mas podemos ver a questão de Portimão, que há alguns anos atrás não era nada e agora está como está. Nós precisamos disso. E se queremos emprego, precisamos de investimento. O comércio local não emprega 30/40 pessoas. Emprega muito menos. Se quisermos realmente combater o flagelo do desemprego, temos de combate-lo no terreno. E para não ferir suscetibilidades, quero deixar claro que eu não sou contra o comércio local, ele é importante e não vai morrer. Quando em Lisboa começaram a surgir investimentos, muito do comércio local fechou, como é óbvio e natural. Mas persistiram aqueles que decidiram inovar. É isso que é preciso. Em tempos fui a uma exposição de fotografias da cidade de Loulé no Arquivo Municipal e reparei que em fotografias com 20 anos, a maior parte das lojas estavam iguais. É por isso que ninguém vai ao comércio local. Ainda não temos nenhuma das superfícies previstas e as pessoas já não vão ao comércio local. E a partir do momento que esses investimentos vierem para o Concelho, as pessoas passarão a gastar no Concelho. E esse dinheiro fica no Concelho, porque essas empresas tem que pagar derrama, IMI, IRS…fica sempre cá.

 

V.A. – Como vê a situação interna do PS, neste frente a frente entre António Costa e António José Seguro e o seu reflexo nos congressos federativos regionais? Por quem manifesta o seu apoio?

H.S. – Depois do resultado das eleições europeias, António Costa avançou dizendo que os portugueses precisam de uma liderança verdadeira e pediu ao secretário-geral eleições antecipadas. E o que o secretário-geral fez foi convocar congressos federativos regionais para a eleição de novos presidentes para as Federações Regionais. Portanto, criou aqui um mecanismo para empatar a liderança dele. Aliás, todos temos acompanhado na televisão, e visto o secretário-geral a inventar um truque todas as semanas… No caso da Federação do Algarve, António Eusebio já anunciou a sua recandidatura. Jamila Madeira ainda não anunciou, mas sei que será candidata. Pessoalmente, já declarei publicamente que apoio António Eusébio, porque ele já cá estava, e porque sei as razões da Jamila para esta candidatura.

Além disso, António Eusébio apoia António Costa, que também tem o meu apoio, e Jamila Madeira apoia António José Seguro, que faz parte, atualmente do Secretariado Nacional do PS. E aquilo que o Secretário-geral tem feito é pegar no Secretariado Nacional e candidata-lo às federações, daí a candidatura de Jamila Madeira. E depois é fácil, controla as Federações e o secretariado nacional porque as pessoas são as mesmas. E isso é feio, porque um dos princípios do partido é a democracia. Não podemos criar aqui jogos e guerrilhas internas, feitas pelo atual Secretário-Geral. António José Seguro teve a oportunidade de ser Primeiro-Ministro e o que ele quer é isso mesmo, ser Primeiro-Ministro. Mas não sabe porquê, não sabe o que vai fazer. António Costa sabe o que vai fazer. E já veio publicamente dizê-lo. Além disso, António Costa é o único candidato que saiu do povo, ou seja, é o povo que pede que António Costa seja Primeiro-Ministro de Portugal. Não são os militantes do PS, são as pessoas.

 

V.A. – António Costa defende a regionalização, apoia esta posição?

H.S. – Sim, eu sou um grande defensor da regionalização do Algarve. Sou a favor de que deve haver uma entidade que seja responsável por promover a região como um todo. O problema do Algarve é esse, não ter líderes regionais que promovam a região como um só. O que se passa atualmente é uma dissociação. Existe a AMAL, mas nada me diz. É preciso ver o que é preciso, ir ao terreno, conhecer a realidade. O Estado está muito centralizado, e os políticos de Lisboa pensam que o Algarve é só para estender toalha, e não é. Eu tenho uma visão, o sonho, de que daqui a 15/20 anos o Algarve estará muito mais desenvolvido. Mas isso só acontecerá com a regionalização. Não havendo regionalização, não acredito que aconteça e essa só é possível com António Costa.

 

Por VC