Economista Eoin Drea estudou o mercado do Japão, um dos países mais envelhecidos do mundo, e retira conclusões para a Europa.

Muito se pode aprender sobre o impacto das tendências demográficas na habitação com o Japão, um dos países mais envelhecidos do mundo. A procura de habitação tende a mudar, voltando-se para casas mais pequenas. E haverá mais casas grandes abandonadas, sobretudo, nas áreas rurais. Estas são algumas conclusões retiradas para a Europa pelo economista e investigador Eoin Drea, que estudou os impactos do envelhecimento da população japonesa. 

São várias as principais implicações do envelhecimento da população observadas no Japão na habitação, imobiliário e na economia, que se poderão refletir nos próximos anos na Europa, de acordo com Eoin Drea, especialista em política económica da UE e investigador no Centro Wilfried Martens para Estudos Europeus, ouvido pelo Expresso:

  • Procura de habitação voltada para casas mais pequenas: “O sonho de uma casa grande com três, quatro ou cinco quartos diminuirá e haverá muito mais procura por fogos menores e bem localizados”, perto de serviços médicos e sociais, refere, adiantando que já se tem assistido a esta tendência no Japão nos últimos 20 anos;
  • “Maiores custos económicos” para os governos: em questões de segurança social, pensões e dos cuidados de saúde;
  • Casas maiores vazias ou transformadas: enquanto nas cidades as casas de maior dimensão podem ser convertidas em fogos mais pequenos, “nas áreas rurais a situação é muito mais difícil e provavelmente teremos muito mais dessas casas maiores abandonadas”, comenta o economista ao mesmo jornal;
  • Menor procura por empréstimos: isto porque “quando se têm algumas gerações com famílias mais pequenas e há uma casa familiar, esta normalmente será passada dos pais para os filhos”, diminuindo a necessidade de pedir créditos, refere. Isto gera uma fonte de desigualdade social “entre as pessoas que recebem de herança uma casa e aquelas que não recebem”;
  • Maior disparidade tributária entre idosos e jovens: “A grande maioria da tributação é feita sobre o rendimento, não sobre os ativos ou sobre a propriedade, e a grande maioria dessa propriedade é detida por pessoas de gerações mais velhas e uma enorme proporção sem empréstimo”, aponta Eoin Drea. Na sua visão seria necessário garantir “mais igualdade ao sistema tributário, reduzindo a tributação sobre os rendimentos e aumentando a tributação sobre os bens imobiliários, particularmente segundas e terceiras habitações”.

Eoin Drea não tem dúvidas que “o Japão está cerca de 20 anos à frente da União Europeia no que diz respeito ao envelhecimento e às mudanças demográficas”. E por isso mesmo recomenda aos governos europeus a agirem agora “para tentar reformar os seus mercados imobiliários”, senão “o impacto vai ser ainda pior daqui a 10 ou 20 anos”, alertou em entrevista ao semanário.

 

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