Apresentação do Estudo SUSTENTABILIDADE E TURISMO | Impacto, desafios e inovação na gestão de resíduos no Algarve | Centro de Congressos de Vilamoura
O estudo “As implicações da atividade turística na região do Algarve para a gestão de Resíduos Urbanos” foi apresentado esta quarta-feira, 27 de novembro, num encontro promovido pela Algar, em Vilamoura.
O Eng.º Luis Masiello, Presidente da Algar, abriu a sessão com uma mensagem de boas-vindas.
O Professor Eduardo Cardadeiro, Consultor da Mota-Engil Ambiente e Investigador da Universidade Autónoma, apresentou o Estudo: “As implicações da atividade turística na região do Algarve para a gestão de resíduos urbanos”.
Seguiu-se o Debate | Sustentabilidade e Turismo: Impacto, desafios e inovação na gestão de resíduos no Algarve com as intervenções do Professor Eduardo Cardadeiro, Autor do Estudo; o Eng.º Miguel Nunes, Área de Inovação e Desenvolvimento, Algar; o Eng.º Reinaldo Silhéu, Manutenção, Projetos e Construção, Grupo Pestana, com moderação de Marisa Nobre, Diretora de Marketing e Comunicação, EGF.
O público presente apresentou propostas de colaboração prontamente aceites pela Algar para futuras reuniões bilaterais.
Foi depois apresentado o Braço Robótico na triagem de embalagens do Sotavento Algarvio pelo Engº Miguel Nunes, Responsável pela Área de Inovação e Desenvolvimento da Algar.
A sessão prosseguiu com a apresentação da Ferramenta de Inteligência Artificial para a colocação de contentores, pela Engª Catarina Diniz, Técnica da Área de Inovação e Desenvolvimento da Algar.
 
Seguiu-se um período de Perguntas e respostas.
A sessão encerrou com a intervenção do Eng.º Luis Masiello, Presidente da Algar.
Um estudo pioneiro sobre o tratamento dos Resíduos Sólidos Municipais (RSM) do Algarve, promovido pelo CICEE – Centro de Investigação em Ciências Económicas e Empresariais, em parceria com a Universidade do Algarve e com o apoio da Algar, empresa do grupo EGF, destaca os desafios que o turismo tem na gestão de resíduos nesta região.
Reunindo investigadores de 5 instituições universitárias de Portugal e dos Estados Unidos, o estudo “As implicações da atividade turística na região do Algarve para a gestão de Resíduos Urbanos” revela a necessidade urgente de definir soluções sustentáveis para enfrentar o impacto ambiental e económico causados pela elevada sazonalidade turística nesta região do país.
Conclui que em 2023 o Algarve registou 29 milhões de dormidas, das quais 82% ocorreram na época alta o que gerou uma pressão significativa nos serviços de gestão de resíduos. Durante o mês de agosto, o turismo foi responsável por 41% da produção de resíduos, equivalente a 3,6 kg por pernoita, ou seja, mais do que o dobro da produção per capita dos residentes locais.
A produção de resíduos na época alta tem também impacto económico, uma vez que o custo total de gestão de resíduos foi de 81,3 milhões de euros em 2023, com custos médios significativamente superiores na época alta, chegando a 436 €/tonelada para resíduos indiferenciados, comparados aos 147 €/tonelada na época baixa.
 
Analisando também o desempenho na gestão de resíduos, o estudo revela que atualmente mais de 80% dos resíduos municipais do Algarve são depositados em aterros, enquanto as taxas de reciclagem e reutilização ficam abaixo de 15%, dado que estão muito abaixo das metas definidas pela União Europeia para 2035 (que indicam 65% de reciclagem e reutilização e um máximo de 10% para aterros a nível nacional).
Para dar resposta ao impacto e desafios da gestão de resíduos no Algarve em época alta, o estudo do CICEE identificou a necessidade de implementar medidas, que também visam cumprir as metas definidas pela União Europeia e promover uma economia circular e práticas sustentáveis para a região:
Numa primeira fase, passa pela caraterizar da relação entre o turismo e a gestão de resíduos, analisado a produção de resíduos sólidos municipais pelo turismo, diferenciando fontes e tipos de resíduos, desenvolvendo modelos estatísticos e económicos para estimar custos associados à sua gestão e avaliando as tarifas diferenciadas e alternativas de financiamento, como tarifas, impostos turísticos e outras opções que possam financiar práticas sustentáveis de gestão de resíduos.
Numa segunda fase, a implementação de um projeto-piloto, em 2025, para otimizar a gestão de resíduos, como circuitos de recolha dedicados através do envolvimento de stakeholders regionais, como ALGAR, AMAL, ATR, operadores turísticos, hotéis e restaurantes, e o desenvolvimento de indicadores de desempenho ambiental, social e de sustentabilidade para monitorizar o progresso e a adaptação de soluções às necessidades locais.
 
Numa terceira fase, alargar as medidas testadas com sucesso no projeto-piloto a toda a região do Algarve e promover a sustentabilidade a longo prazo, através da monitorização contínua dos indicadores regionais de recolha de resíduos e o desenvolvimento de indicadores específicos para monitorizar melhorias anuais.
Para o investigador e Professor Eduardo Cardadeiro, coordenador do estudo, “O turismo é fundamental para a economia do Algarve, mas precisamos de assegurar que o seu crescimento não comprometa o desenvolvimento sustentável da região, pelo que o desenvolvimento deste estudo é um passo importante para alinhar as práticas e necessidades locais com as metas ambientais europeias”.
 
 
Jorge Matos Dias