77% dos europeus pretende realizar uma viagem nos próximos seis meses, refere o mais recente relatório da European Travel Commission (ETC).

O sul da Europa é o destino preferido, com os meses de agosto e setembro a ganhar terreno. Portugal aparece como um dos destinos a captar mais “primeiros visitantes”, aparecendo em 6.º lugar entre os destinos preferidos para as próximas viagens europeias.

Viajar continua a ser uma das principais prioridades para os europeus, com 77% a planear fazer pelo menos uma viagem entre junho e novembro de 2025. Apesar das pressões económicas persistentes, a maioria tenciona manter ou até aumentar o seu orçamento para férias nos próximos meses, segundo o mais recente relatório “Monitoring Sentiment for Intra-European Travel” da European Travel Commission (ETC).

Apesar de julho e agosto continuarem a ser os meses de férias de verão mais populares, escolhidos por 25% dos europeus, setembro está a emergir como uma forte alternativa, com 22% dos europeus a planear viajar nesse mês. Esta forte preferência por viajar no início do outono sugere que uma parte significativa dos viajantes está aberta a opções fora da época alta, motivada por temperaturas mais amenas, menos multidões e melhor relação qualidade-preço.

As viagens de lazer também continuam a ser preponderantes nesta altura do ano, constituindo a opção de 76% dos europeus, correspondendo a uma subida de 6% face ao verão anterior. Certo parece também ser a opção por férias mais tardias, ou seja, 47% dos europeus prefere viajar nos meses de agosto e setembro, um aumento de 8% relativamente ao verão de 2024.

 

E quando se analisa os destinos para onde os europeus irão viajar até novembro de 2025, a Europa aparece nas preferências de 65% dos inquiridos. Destes 33% optará por países vizinhos, enquanto os restantes 32% considera viajar para destinos europeus mais distantes, uma subida de 5% face a período homólogo de 2024.

E na Europa, os destinos do Mediterrâneo e do sul são as principais escolhas, captando a atenção de 57% dos europeus (+7% que no verão de 2024). Entre os destinos em destaque aparece Espanha, com 13% das preferências, seguida de Itália que também aparece a duplo dígito (10%) nas preferências. Portugal surge, neste parâmetro em 6.ª lugar, juntamente com a Alemanha, sendo eleito por 5% dos europeus como destinos de férias entre junho e novembro.

Na comparação que a ETC faz, relativamente à repetição das férias, Portugal aparece em destaque na preferência de 22% dos europeus como “novo destino”, baixando para 11% nas visitas repetidas. Já 64% dos inquiridos diz que já visitou o destino no passado, mas que não pretende visitá-lo no período em análise.

Destinos “menos populares” em alta
Tendência que parece estar a crescer é a dos europeus optarem por locais “menos populares” (55% dos inquiridos), sendo que os destinos turísticos mais badalados são os preferidos de 45% dos viajantes, correspondendo a uma descida de 7% face ao verão anterior. “Os europeus estão cada vez mais conscientes da distribuição desigual dos fluxos turísticos em alguns destinos e durante os picos sazonais”, refere a ETC. A preocupação com o “excesso de turistas” nos locais preferidos aumentou 3% desde o verão de 2024, a par de uma ênfase crescente na escolha de destinos menos concorridos — agora uma prioridade para 11% dos viajantes, um aumento de 4% em relação ao ano passado.

Entre os emissores que preferem destinos “menos massificados” aparecem os austríacos (62%), belgas e neerlandeses (ambos com 60%) e polacos (59%). Já os britânicos (55%), italianos (51%) e franceses (48%) estão entre os europeus que preferem “destinos muito procurados”.

O transporte aéreo continua a ser o meio de transporte mais popular (53%), valorizado principalmente pela sua rapidez (27%) e acessibilidade (21%). No entanto, o crescente interesse por destinos menos conhecidos pode estar a influenciar as escolhas de mobilidade, com mais europeus — 32%, mais 4% em comparação com o ano anterior — a optarem por viajar de carro, preferido pela sua flexibilidade, conforto e facilidade de acesso a locais menos bem servidos por transportes públicos.

Os dados mostram ainda que 53% dos europeus planeiam as suas férias para um só local, enquanto 42% tende a visitar vários locais no destino escolhido. Somente 5% dos inquiridos diz pretender viajar por vários países até novembro deste ano.

Apesar das persistentes incertezas económicas, 62% dos europeus planeiam manter os seus orçamentos de viagem até novembro de 2025, enquanto 22% esperam gastar mais, evidenciando a importância que atribuem às viagens nas suas vidas.

No geral, os orçamentos de férias dos europeus permanecem semelhantes aos do ano passado. Contudo, registou-se um aumento significativo na proporção de viajantes que planeiam gastar entre 1.500 e 2.500 euros por pessoa na próxima viagem. Esta faixa média-alta é agora a mais referida (+3% em comparação com o verão de 2024).

Quanto às prioridades de despesa no destino, o alojamento (32%) e a comida e bebidas (24%) lideram a lista. Ainda assim, as preferências variam consoante a faixa etária: os viajantes com mais de 45 anos tendem a privilegiar o conforto e a gastronomia de qualidade, enquanto os menores de 35 anos estão mais focados na experiência, alocando uma maior parte do orçamento a atividades, compras, bem-estar e melhorias no estilo de vida.

Finalmente, a procura por viagens mantém-se elevada em todos os grupos etários, sendo as intenções mais fortes entre os europeus com 55 anos ou mais, dos quais 82% planeiam viajar. Seguem-se de perto os indivíduos entre os 45 e os 54 anos (79%) e entre os 35 e os 44 anos (78%). Embora a intenção de viajar seja um pouco mais baixa entre os jovens dos 18 aos 24 anos, 66% ainda assim planeiam uma viagem, apesar de enfrentarem com maior frequência obstáculos financeiros e de disponibilidade de tempo.

Miguel Sanz, presidente da ETC, considera que, “mesmo perante realidades económicas e sociais em mudança, os europeus não estão dispostos a abdicar das suas viagens e demonstram uma preferência crescente por destinos mais tranquilos e por viagens fora da época alta”.

Assim, Sanz salienta que os destinos “devem aproveitar esta tendência promovendo experiências menos concorridas e fora dos circuitos habituais, especialmente durante os meses de época intermédia, e reforçando os seus esforços de marketing sustentável direcionados aos viajantes europeus”, concluindo que “esta abordagem permite responder às expectativas em evolução dos visitantes, ao mesmo tempo que se promove um setor do turismo mais equilibrado e resiliente em toda a Europa”.

As recomendações da ETC
Para tirar o máximo partido deste interesse crescente dos europeus em viajarem para destinos “menos populares”, a ETC recomenda que estes locais “invistam em áreas como a visibilidade nas plataformas de reservas, infraestruturas de turismo de baixo impacto, informação clara para os visitantes e qualidade da experiência, garantindo uma procura equilibrada e uma elevada satisfação dos turistas, sem comprometer a autenticidade”.

Dado que a segurança se tornou uma prioridade ainda maior (+3%), os destinos beneficiariam ao reforçar visivelmente as suas medidas de segurança, através da presença identificável de polícia turística e serviços de saúde, sinalética de emergência bem marcada, acesso a internet rápida e fiável, e pessoal de apoio multilingue nas zonas de maior afluência.

Com as alterações climáticas a influenciar cada vez mais as decisões de viagem, os destinos sujeitos a condições meteorológicas extremas devem, segundo a ETC, “desenvolver ainda mais experiências adaptadas ao clima”. Isto pode incluir a alteração dos horários de funcionamento para as horas mais frescas do dia e o investimento em infraestruturas de arrefecimento, como zonas com sombra, pontos de água e espaços verdes, concebidos não só para os visitantes, mas também para apoiar os residentes e os negócios que operam sob temperaturas elevadas.

Com um número crescente de viajantes a optar por viajar em setembro, as empresas têm uma oportunidade para manter a procura na época tardia. A retenção de pessoal através de horários flexíveis, extensões de contratos de curta duração ou incentivos de final de época são vistas como essenciais para manter a qualidade do serviço.

 

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