O executivo municipal do PSD da Câmara de Castro Marim acusou hoje a oposição de «boicotar» a gestão autárquica e de ter tido uma atitude «irresponsável» ao votar contra o orçamento para 2018, na reunião realizada na segunda-feira.

O presidente da Câmara algarvia, Francisco Amaral, e a vice-presidente, Filomena Sintra, ambos eleitos pelo PSD, responsabilizaram os dois
vereadores do PS, Célia Brito e Mário Dias, e do movimento independente Castro Marim Primeiro, o antigo presidente da Câmara social-democrata José
Estevens, de formarem uma “coligação negativa” para “bloquear” a gestão autárquica, mas garantiu que o executivo continua aberto ao diálogo.

“Foi mau de mais para ser verdade o que se passou ontem”, afirmou o autarca, considerando que o resultado da votação que rejeitou a proposta de orçamento “revela bem o entendimento que há” entre PS e o movimento Castro Marim Primeiro para “bloquear a ação deste executivo”.

Francisco Amaral pensa que os resultados eleitorais das autárquicas de outubro passado, que lhe retiraram a maioria absoluta, mas mantiveram o PSD
como força mais votada, mostram que a população o reelegeu “para ser presidente de câmara” e quer que haja “entendimento com a oposição” para
gerir o concelho, mas lamentou a falta de consenso existente devido à postura dos restantes vereadores.

Francisco Amaral disse que o executivo está “a preparar o orçamento há mais de um mês”, foram “solicitados contributos da oposição e eles foram nulos”, convidou as outras forças políticas para se “sentarem à mesa para elaborar o orçamento e também recusaram” e “mais tarde foi enviado o esboço do orçamento para os vereadores da oposição fazerem as suas propostas e  análises e também recusaram”.

“Ainda houve uma última tentativa minha de nos sentarmos hoje à mesa e fazermos uma reunião extraordinária no final desta semana, mas foi recusada
pela oposição. Coloquei o orçamento à votação e foi reprovado. Isto equivale a dizer que não temos orçamento para o próximo ano”, criticou o autarca.

Os eleitos do PSD responsabilizam a oposição pela eventual perda de sete milhões de euros em fundos comunitários e créditos concedidos para proje tos, caso o orçamento não seja aprovado em Assembleia Municipal até à data limite de 17 de janeiro, e apontou também como exemplo do “bloqueio” à ação do executivo o “chumbo” da adjudicação de uma praia fluvial na barragem de Odeleite, também na segunda-feira, com os votos da oposição.

“Nós, Câmara, adquirimos o terreno, mandámos fazer o projeto dessa praia, apresentámos uma candidatura a fundos comunitários, tinha garantia desses fundos para ser financiada, no último mandato foi adjudicada provisoriamente e ontem foi feita a proposta de adjudicação definitiva e foi rejeitada.
Morreu o sonho da praia de Odeleite”, afirmou Francisco Amaral.

Este posicionamento da oposição revela, segundo o autarca, “muita inconsciência, irresponsabilidade e até espírito maquiavélico” dos vereadores do PS e do Movimento Castro Marim Primeiro, que ao rejeitarem o orçamento “impedem a entrada de 800 mil euros” por via do IMI, disse também a vice-presidente Filomena Sintra.

No entanto, o executivo espera que o “bom senso” impere e o PS “reconsidere a sua posição” para aprovar o orçamento e rejeita o argumento da oposição de que a proposta orçamental não foi apresentada a tempo de os vereadores conhecerem o documento e fazerem propostas alternativas.

 

Por: LUSA