Faleceu na madrugada de hoje, por volta das 04h30, o monsenhor cónego José Pedro Martins no lar do Centro Paroquial de Santa Bárbara de Nexe.
O sacerdote da Diocese do Algarve, de 82 anos, tinha sido acometido de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) a 17 de julho de 2023, tendo posteriormente recuperado significativamente com ajuda médica desse acontecimento, mas a 22 de abril deste ano sofreu um novo episódio que o deixou acamado e sem conseguir comunicar.
Depois de algumas semanas de tratamento em internamento hospitalar, desta vez mais prolongado, foi acolhido no lar do Centro Paroquial de Santa Bárbara de Nexe, uma das últimas paróquias em que foi pároco, sem registo de melhoras do seu estado de saúde ao longo dos últimos meses.
Na tarde de ontem, o monsenhor cónego José Pedro Martins recebeu ainda o sacramento da Santa Unção, administrado pelo padre Luís Gonzaga, sacerdote que o substituiu como pároco das paróquias de Santa Bárbara de Nexe e de Estoi.
Hoje, pelas 16h, será celebrada uma Eucaristia na igreja de Santa Bárbara de Nexe por sufrágio da alma do sacerdote falecido.
Natural da freguesia de São Sebastião de Lagos, onde nasceu a 26 de outubro de 1942, o monsenhor cónego José Pedro de Jesus Martins foi vigário-geral, vigário episcopal para a Pastoral e reitor do Seminário da Diocese do Algarve, para além de pároco de várias paróquias da diocese algarvia.
 
 
 

 

Monsenhor cónego José Pedro Martins foi o responsável por implementar a reestruturação pós-conciliar da Igreja algarvia

 
O monsenhor cónego José Pedro Martins, falecido hoje, foi o grande responsável por implementar a reestruturação pós-conciliar da Igreja algarvia, pretendida pelo então bispo do Algarve, D. Manuel Madureira Dias.
Chegado em 1988 ao Algarve, D. Manuel Madureira Dias manteve o sacerdote num primeiro momento como vice-reitor do Seminário diocesano, mas queria-o em Faro. O novo bispo diocesano nomeou-o no dia 23 de março de 1989, não só reitor, mas também vigário-geral da diocese com jurisdição sobre a pastoral, considerando a necessidade de imprimir à ação pastoral um ritmo mais eficaz e concertado.
D. Manuel Madureira Dias tinha em mente um plano para aplicação da reforma litúrgica no Algarve, com a consequente reestruturação da pastoral da diocese, e o sacerdote fazia parte desse intuito. Aquela que é a organização atual da diocese resulta desse trabalho.
A edição do jornal Folha do Domingo de 27 de maio de 1988 realçava que a diocese nos últimos 30 anos “vinha sofrendo profundas transformações e estava a ombros com enormes problemas e graves desafios pastorais”. “Todos os bispos neste tempo não têm podido desenvolver uma ação pastoral da profundidade, dado o pouco tempo que lhes tem sido permitido aí permanecer”, acrescentava-se.
Depois da sua entrada na diocese a 10 de julho de 1988, D. Manuel Madureira Dias encontrou-se no dia 05 de outubro desse ano com o presbitério algarvio na Casa de Retiros de São Lourenço do Palmeiral para apresentar as linhas mestras do que viria a ser o programa pastoral “A Igreja do Algarve, uma comunidade fraterna a crescer” e o então padre José Pedro Martins foi o escolhido para no ano seguinte fazer a apresentação daquele programa.
No dia 05 de novembro de 1989 foi publicado o decreto de reforma da Cúria Diocesana para dinamização da pastoral, com nomeação do padre José Pedro Martins para coordenar toda a ação pastoral da diocese, e especificamente para os Departamentos de Evangelização e de Liturgia e Música Sacra, presidindo ainda ao Conselho de Comunicação Social.
Pouco tempo depois, o bispo diocesano enviou-o, com mais alguns sacerdotes algarvios, para estudar pastoral em Espanha. D. Manuel Madureira Dias pediu-lhe depois para frequentar o Curso de Atualização Teológico-Pastoral no Instituto Superior de Pastoral da Universidade Pontifícia de Salamanca que terminou em 1994.
Muito trabalho na execução de diversos planos pastorais, bem como a edição de imensos subsídios para a pastoral, resultou dessa estratégia. Os documentos “A Igreja do Algarve – uma comunidade fraterna a crescer”, em 1995 e “Diocese do Algarve – Orientações Pastorais e Documentos – I”, em 1996, edições dos Serviços Diocesanos de Pastoral do Algarve são algumas dessas publicações.
Regressado ao Algarve, o monsenhor cónego José Pedro Martins contribuiu assim para a aplicação da reforma conciliar na diocese. O sacerdote foi não apenas o mentor da constituição de departamentos, secretariados e setores (bem como do espaço físico desses organismos), mas o autor de inúmeros subsídios para organização efetiva da pastoral e da liturgia da diocese algarvia à luz das conclusões emanadas do Concílio Vaticano II.
O sacerdote da Diocese do Algarve, de 82 anos, faleceu hoje no lar do Centro Paroquial de Santa Bárbara de Nexe, onde foi acolhido após ter sido acometido de um segundo episódio de Acidente Vascular Cerebral (AVC) que o deixou acamado e sem conseguir comunicar.
 
 
Folha do Domingo