Realizou-se dia 27 de outubro, em Lagos, a festa de São Gonçalo, em que a Igreja assinala a memória facultativa do beato, obrigatória na Diocese do Algarve e no Patriarcado de Lisboa.

O bispo do Algarve, que presidiu à Eucaristia na praça Infante D. Henrique, diante de igreja de Santa Maria, disse que o algarvio constitui também um “modelo de grande humanismo”. “Os santos, antes de mais, viveram a sua humanidade de uma maneira realizada, plena e feliz e assumiram também o desafio da santidade”, referiu, D. Manuel Quintas lembrando ter sido já com 20 anos que Gonçalo “descobriu a vocação a que Deus o chamava”.

“Isso, certamente, resultou da sua particular atenção aos pobres, aos mais necessitados e daí passou a consagrar toda a sua vida a Deus e depois teve de sair daqui do Algarve para ingressar na vida consagrada que ele procurava onde se ordenou padre e onde passou a sua vida”, sustentou, considerando que “São Gonçalo descobriu no serviço aos pobres, aos fracos e aos humildes o apelo de Deus a uma vida totalmente consagrada a Ele”.

Recorde-se que São Gonçalo nasceu em Lagos no ano de 1360. Adotou o sobrenome de Lagos por costume da época entre os frades e entrou no convento dos “agostinhos gracianos”, nome vulgarmente dado, naquele tempo, aos frades da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho que viviam no convento de Nossa Senhora da Graça, em Lisboa.

Depois de ordenado foi pároco na Lourinhã, Lisboa, Santarém e Torres Vedras, onde veio a falecer no dia 15 de outubro de 1422. Desde esta data, Gonçalo foi aclamado como santo, tendo sido venerado pela população. No entanto, sendo beatificado pelo papa Pio VI em 1778, não chegou até hoje a ser canonizado.

A Eucaristia foi concelebrada pelos padres Nelson Rodrigues e Vasco Figueirinha, respetivamente, pároco e vigário paroquial das paróquias do concelho de Lagos. Para “incentivar todos a crescer na intimidade desta devoção a São Gonçalo de Lagos”, o pároco anunciou a distribuição, junto à casa onde o lacobrigense nasceu, de “relíquias de terceiro grau”, “um pedaço de tecido que tocou no santo”. Com o mesmo objetivo, mas tendo como destinatários os paroquianos mais novos, o padre Nelson Rodrigues divulgou ainda a comercialização da versão do padroeiro da cidade, concebida pelo projeto de origem australiana ‘Little Drops of Water’, que desenvolveu uma coleção de imagens de santos vocacionada para as crianças.

Depois da Eucaristia seguiu-se a procissão com a relíquia de São Gonçalo e a nova imagem de roca, mandada fazer o ano passado, que percorreu algumas das principais ruas da baixa da cidade.

 

Folha do Domingo