Destes, 28 receberão já na Páscoa os sacramentos do Batismo, Confirmação (Crisma) e Eucaristia

Este fim de semana foram 62 os adultos que vieram pedir à Diocese do Algarve para fazer a iniciação cristã. Destes, 28 já completaram a preparação e deverão mesmo receber na próxima Páscoa os três sacramentos daquela fase de introdução na vida da Igreja Católica: Batismo, Confirmação (Crisma) e Eucaristia.

No dia 17 de fevereiro, foram 34 – oriundos das paróquias de Alvor (1), Boliqueime (1), Ferreiras (4), Lagoa (5), Olhão (1), Matriz de Portimão (4), Quarteira (3), São Bartolomeu de Messines (3), São Brás de Alportel (3), São Marcos da Serra (5), Santa Bárbara de Nexe (1), Sé de Faro (2) e Silves (1) – os que manifestaram a intenção de iniciar esse tempo de preparação – catecumenado – que os deverá levar a receber aqueles sacramentos no próximo ano. Ontem, o primeiro da Quaresma, foi a vez daqueles que, tendo iniciado o catecumenado há pelo menos um ano, vieram agora expressar a sua vontade de passar à fase seguinte da preparação. Ambos os grupos, acompanhados pelos seus garantes (catequistas), encontraram-se com o bispo do Algarve em Faro, primeiramente no Seminário de São José e depois na celebração que teve lugar na Sé.

Os elementos do grupo de domingo – oriundos das paróquias de Conceição de Tavira (2), Estoi (6), Ferreiras (4), Lagoa (3), Quarteira (1), Santa Maria de Lagos (6), São Pedro de Faro (3) e do vicariato do Siroco, em Olhão (3) – iniciaram uma nova fase do seu catecumenado – a purificação e iluminação, – deixando de ser catecúmenos (designação dos candidatos aos sacramentos da iniciação cristã) para passar a ser eleitos, ou seja, escolhidos.

Recorde-se que a Igreja tem um percurso próprio para a iniciação cristã dos adultos que começa com um período de pré-catecumenado, com a manifestação do primeiro desejo de ser batizado. Segue-se o tempo de catecumenado (iniciado anteontem pelo grupo de 34 pessoas), ligado de maneira particular à catequese, ao conhecimento da pessoa de Jesus, da Igreja e da fé cristã. Este tempo termina com o rito de eleição dos catecúmenos (celebrado ontem pelo grupo de 28 elementos) e a partir desse dia, a preocupação com os adultos já não é de ordem doutrinal, mas de ordem espiritual. São então convidados a uma caminhada mais intensa de ordem interior. Após a receção dos sacramentos da iniciação cristã, os neófitos (novos filhos) iniciam um período de mistagogia em que são inseridos na vida da Igreja.

O bispo do Algarve disse que aqueles dois dias são “muito significativos” e um “momento de grande alegria” para toda a Igreja diocesana. D. Manuel Quintas deixou ainda claro aos candidatos que a decisão só depende deles. “Não penseis que por estar aqui hoje já obrigatoriamente tendes de ser batizados na Vigília Pascal”, disse ao grupo de ontem, acrescentando que continuam com a mesma “liberdade de opção”. “O importante é a seriedade, o esforço e a verdade. Não vos sintais obrigados só por terdes feito este rito. Não deve haver pressão nenhuma”, afirmou.

No sábado disse ao grupo que veio pedir o catecumenado que aquele período “pode demorar um ano ou mais”. “O próprio é que decide. Já houve aqui no Algarve alguns que, mesmo sendo já eleitos para o Batismo, disseram ao seu pároco que gostavam de continuar a caminhar durante mais um ano para perceber melhor”, referiu, explicando que o catecumenado tem o “objetivo de perceberem melhor o que é que significa ser cristão”. Ontem disse também aos agora eleitos que não faz sentido ser batizado e “continuar como se nada tivesse acontecido na sua vida”.

Nos dois dias, a grande mensagem de D. Manuel Quintas foi que o catecumenado serve para o catecúmeno, gradualmente, ir procurando ser parecido com Jesus. “O importante é a pessoa de Jesus. É com Ele que nós temos de nos parecer e, por isso, temos de o conhecer melhor. O mais importante é assumirmos um caminho de identificação com Ele, nos gestos, nas atitudes, no modo como nos relacionamos uns com os outros, como perdoamos, como temos paciência uns com os outros, como vamos ao encontro dos mais frágeis, dos mais necessitados, como envolvemos os outros quando nos sentimos fracos se não conseguimos responder àquilo que é necessário”, explicitou, apelando também à formação de uma consciência que distingue e leva a “optar pelo bem e a pôr de lado mal”. “Converter-se quer dizer passar de atitudes que são reprováveis, até humanamente falando e não só cristãmente falando, para atitudes que são humanas, cristãs”, reforçou.

Aquele responsável católico garantiu-lhes que não estão sozinhos, mas contam também “com a força e ação do Espírito Santo” e com todos os cristãos, até porque a caminhada também é para estes. “É importante que saibam que não estais sozinhos nisto. As vossas próprias paróquias acompanham-vos, não só com a oração”, garantiu, explicando que o seu percurso “desperta em cada um dos que já são batizados, e inclusivamente no bispo”, não só o desejo de rezar pelos catecúmenos e eleitos, mas também de “redescobrir o próprio Batismo”. “Devemos pensar: «então e eu, que já sou batizado, estou a viver bem como batizado, como cristão? Que efeitos produz a Eucaristia na nossa vida? Como é que acolho Cristo na minha vida? Como é que adequo a minha vida, o meu comportamento, as minhas atitudes à pessoa de Cristo? Que testemunho devo dar àqueles que querem ser batizados também?»”, observou, lembrando que os que já são batizados devem testemunhar com a sua vida que “é bom para eles serem cristãos”.

D. Manuel Quintas lembrou-lhes ainda que o Batismo e o Crisma só se recebem uma vez, mas a Eucaristia pode ser recebida todos dias se estiverem “preparados” para tal. “Isto quer dizer que precisamos, ao longo de toda a vida, de alimentar a nossa fé”, justificou.

No sábado, os ainda pré-catecúmenos foram recebidos à entrada da catedral. Depois dos ritos iniciais, constituídos pelo diálogo de indicação do nome, pela disposição pessoal e pela signação (sinal da cruz), o bispo do Algarve convidou os candidatos a entrar na igreja-mãe da diocese, a Sé de Faro, um dos momentos mais significativos, seguindo-se a celebração da palavra, durante a qual realizaram ainda o simbólico gesto de tocar no evangeliário com a mão.

No domingo, a celebração do rito de eleição dos catecúmenos decorreu inserida na primeira oração de um conjunto que se realizará durante todos os domingos da presente Quaresma na catedral de Faro, promovida pelo seu Cabido.

Os candidatos foram depois convidados a inscreverem em livro próprio o seu nome, gesto que confirma a sua vontade em receber os sacramentos da iniciação cristã. Os dois dias contaram ainda com a participação do responsável pelo Setor Diocesano da Educação da Fé dos Adultos da Diocese do Algarve, o padre Flávio Martins, e na celebração de ontem estiveram também os cónegos Carlos de Aquino, José Pedro Martins, Mário de Sousa e Rui Barros Guerreiro.

Os eleitos irão agora, durante os próximos domingos da Quaresma, celebrar nas suas paróquias os escrutínios e a tradição das entregas das orações do Credo e do Pai-Nosso e, na Vigília Pascal, a mais importante celebração para os cristãos, completarão a sua iniciação sacramental.

A Diocese do Algarve costuma ter uma média de 30 a 40 adultos por ano a pedirem o Batismo. Apenas em 2016 foram 55 e em 2010 foram 52 aqueles que vieram pedir a iniciação cristã.

A Quaresma é um período de 40 dias – excetuando os domingos –, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.

 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo