Este livro que o Nuno Inácio apresenta aos leitores é uma monografia de Portimão, que relata uma importante fatia da história desta urbe e das suas gentes, um trabalho de investigação sério e escorreito que se encontra na senda do que defendia Oliveira Marques.
Vem preencher uma grave lacuna no campo da historiografia desta cidade, sede de um vasto concelho, território que se encontra a ele ligado por um cordão umbilical. Não obstante, é justo que se refira que em 1911 foi publicada uma «Memória Monográfica de Portimão», da autoria do padre (então já aposentado) José Gonçalves Vieira.
Em boa verdade e não obstante a seriedade com que foi escrita, trata-se de uma obra incipiente, de parcas informações e reduzidas páginas.
A este propósito, em 1996 a Junta de Freguesia de Portimão mandou proceder a uma reedição fac-similada de 2000 exemplares desta obra.
De salientar que não obstante os variados trabalhos de investigação publicados ao longos das décadas em torno de temáticas históricas da cidade de Portimão, para além da já citada obra do padre José Vieira, estas não se podem afirmar de forma alguma de carácter monográfico abrangente relativamente ao seu passado histórico.
São trabalhos meritórios, mas parcelares, sem que qualquer um deles vá à raiz, à origem de ser e de existir de Portimão e das sucessivas gerações de gentes das mais diversas proveniências que aqui arribaram e na maior parte se fixaram.
E é aqui, sobretudo, que esta obra do Nuno Inácio se foca, pelo que nos abre as janelas do passado e traz até nós os ares e as maresias marítimas que banham a costa desta cidade.
Este é um trabalho de investigação histórica onde encontramos a cada passo acontecimentos e factos inéditos, mas também situações conhecidas, muitas delas retomadas e concluídas pelo autor, abrangendo vários séculos, vários períodos históricos.
Estamos, sobretudo, perante uma investigação realizada ao longo de vários anos em torno das origens toponímicas, genealógicas e outras de Portimão, onde o Nuno Inácio transporta para a luz do dia episódios e factos que nos ajudam a relacionar, compreender e entender a génese da terra onde vivemos.
É a partir da clarificação e do entendimento do solo onde vivemos (aplica-se a quem vive em Portimão ou em outra localidade) que o podemos amar. É que para amar seja quem for ou o que for, tem de se conhecer.
Não se ama o desconhecido. Só podemos amar quem bem conhecemos e só amando criamos raízes à terra onde vivemos, quer nela tenhamos nascido ou a tenhamos adotado para viver.
Estamos certos – e o leitor concluirá – que esta obra de investigação do nosso passado, dos nossos antepassados e seus contextos, assume especial dimensão e importância para a divulgação da História de Portimão, contribuindo decisivamente para uma melhor compreensão do presente que vivemos, ajudando-nos a perspetivar o futuro.
O teu amor a Portimão e aos teus concidadãos encontra-se indelevelmente refletido neste teu trabalho.
Por: Nuno Campos
