Por: Rui Cristina, Deputado do PSD à Assembleia da República - Eleito pelo Algarve

O Festival Med 2022, que nestes dias volta a trazer uma multidão ao Centro Histórico de Loulé acontece há 18 anos e ganhou ao longo do tempo reconhecimento internacional, colocando a nossa cidade no palco dos eventos da Música do Mundo.

Trata-se de um evento já incontornável no panorama de animação e cultura da nossa cidade, que extravasou fronteiras, mas que se iniciou tendo por principal mentor Joaquim Guerreiro, a quem presto aqui a minha homenagem.

Joaquim Guerreiro deixou a sua marca indelével na animação de Loulé: primeiro como um dos criadores do Festival Med que transformou o Centro Histórico num palco ao qual ocorrem todos os anos milhares de pessoas, mas também lhe devemos a organização da Noite Branca e teve igualmente papel fundamental na reabilitação do Cine Teatro Louletano.

O Festival Med congrega, além da sua vertente musical, exposições, cinema, animação de rua e teatro, mas falta-lhe ainda uma dimensão que Joaquim Guerreiro pretendia desenvolver se tivesse continuado na organização do evento, e que dizia respeito à ligação mais estreita entre a comunidade de artistas e criadores locais e os que se apresentavam no Festival. A sua ambição era “deixar mais sementes no terreno”, para utilizar as suas palavras.

Tinha a consciência que a vertente de animação estava a ser cada vez mais bem recebida e considerava ser necessário aprofundar a vertente cultural, através de residências de artistas convidados, a realização de master classes ou intercâmbios com os países de onde eram oriundos os artistas que atuavam em Loulé, para que os criadores louletanos “alargassem fronteiras e levassem a nossa arte a outros países e continentes”.   

Joaquim Guerreiro deixou-nos cedo de mais, aos 50 anos, vítima do cancro com o qual lutou corajosamente. Era um louletano de corpo inteiro que, nas muitas coisas que realizou ao longo da vida, sempre defendeu a sua cidade, o seu concelho e o seu Algarve.

Em 1993, foi eleito para a Assembleia Municipal de Loulé, pelo PSD, o seu partido de sempre. Foi depois assessor e chefe de gabinete do então presidente da Câmara louletano, Seruca Emídio. Nas eleições autárquicas de 2009, integrou as listas e foi eleito vereador.

Após as Autárquicas de 2013, Joaquim Guerreiro foi convidado para o cargo de diretor delegado do Teatro Municipal de Faro e levou para a capital algarvia o seu conhecimento profundo da área da cultura e animação criando o Festival F e também o animado Alameda Beer Fest.

Joaquim Guerreiro havia sido anunciado como cabeça de lista do PSD, para tentar reconquistar a Câmara de Loulé, desafio que estava a encarar de forma confiante, mas que a doença que o vitimou não lhe permitiu concretizar.

Recordo ainda o meu amigo pessoal, que não faltava a nenhuma celebração da Mãe Soberana. E não esqueço o tom cordato, a simpatia, a disponibilidade sempre presente, para todos os louletanos com quem privava, sem distinção.

Obrigado, Joaquim, por tudo o que fizeste pela nossa terra e por me conferires a honra de ser meu amigo.