O comando da Proteção Civil de Faro indicou que 80% do perímetro do incêndio que deflagrou na terça-feira à noite perto da Universidade do Algarve está dominado, com os restantes 20% ainda a «inspirar cuidado ou preocupação».

“O perímetro do incêndio tem cerca de 80% dominado, havendo 20% que ainda inspiram cuidado ou preocupação”, disse ao fim da tarde de ontem o comandante operacional distrital da Proteção Civil de Faro, Richard Marques, em declarações à comunicação social.

De acordo com este responsável, apenas as zonas do Laranjal e do Vale Verde, no concelho de Loulé, ainda necessitam de uma última “intervenção incisiva" e irão merecer “todo o esforço do dispositivo nas próximas horas".

O incêndio deflagrou às 23:30 de terça-feira perto do polo das Gambelas da Universidade do Algarve e do recinto onde decorre, a partir de quinta-feira, a Concentração Internacional de Motos de Faro, tendo chegado a atingir um perímetro de 27 quilómetros, segundo Richard Marques.

O fogo passou depois para o concelho de Loulé, estando, pelas 21:30, a ser combatido por 354 operacionais, apoiados por 128 viaturas.

Durante o dia de ontem, na fase mais crítica do combate ao fogo, foram deslocadas de forma voluntária cerca de 150 pessoas que estavam em locais suscetíveis de serem atingidos pelas chamas.

Apenas 12 pessoas, “mais vulneráveis”, receberam assistência e apoio dos serviços municipais de Loulé, tendo sido transferidas para uma zona de concentração e apoio à população em Salir.

Richard Marques mostrou-se otimista quanto à conclusão do combate ao fogo, mas alertou que o quadro meteorológico vai piorar nas próximas horas, nomeadamente com o aumento da velocidade do vento, o que vai provocar reativações que têm de ser combatidas "com todos os meios".

“Neste momento temos todos os meios necessários nestes dois pontos [Laranjal e Vale Verde] para debelar” o incêndio, disse o comandante distrital da Proteção Civil.

Os operacionais concentraram uma parte do esforço durante o dia em apagar várias reativações provocadas pelo vento forte verificadas principalmente na conhecida zona de lazer da Quinta do Lago (Loulé), mas o fogo estendeu-se até à zona de Vale do Lobo e de Quarteira.

De acordo com Richard Marques, foram “deslocadas preventivamente” pessoas principalmente da zona da Quinta do Lago e anteriormente, durante a noite, cerca de 20 pessoas também tiveram de abandonar um parque não licenciado com autocaravanas.

Inicialmente, o fogo desenvolveu-se em duas frentes: uma virada a noroeste, no sentido do Laranjal, e uma outra para sudoeste no sentido da Quinta do Lago e do Vale das Almas.

Segundo Richard Marques, houve um quadro meteorológico “muito desfavorável” durante a noite com uma temperatura de cerca de 30 graus, um vento constante de 26 quilómetros por hora, com rajadas acima dos 40 quilómetros, e uma humidade relativa do ar abaixo dos 40%.

Portugal continental está em situação de contingência até às 23:59 de sexta-feira devido às previsões meteorológicas, que apontam para o agravamento do risco de incêndio, com temperaturas que podem ultrapassar os 45º em algumas partes do país.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) mantém na quinta-feira os distritos do interior norte e centro em aviso vermelho, o mais grave, devido ao tempo quente, mas desagravou os restantes distritos a partir desta noite.

Segundo informação ontem divulgada, não está previsto qualquer aviso vermelho (de persistência de valores extremamente elevados da temperatura máxima) a partir de sexta-feira. Hoje todos os distritos do continente, com exceção de Faro, estiveram em aviso vermelho.

Perante uma melhoria da situação nos distritos junto do litoral vários deles passaram na noite de ontem, às 21:00, de vermelho para laranja, o segundo mais grave, de persistência de valores muito elevados da temperatura máxima.