“O Presidente da República, Cavaco Silva, e de uma forma geral, toda a classe política, tiveram uma atitude tardia. Aquilo que o presidente fez hoje, deveria ter sido feito nos dois dias seguintes às eleições legislativas”, disse à agência Lusa Paulo Morais, após a apresentação das linhas gerais da sua candidatura à Presidência da República, em Lagoa, no Algarve.
No entender de Paulo Morais, o Presidente da República deveria ter recebido no dia seguinte às eleições todos os partidos com assento parlamentar “e, nesse mesmo dia, deveria ter pedido a Pedro Passos Coelho que encontrasse no prazo de 48 horas uma solução governativa”.
“Ao não o ter feito, o Presidente, que deve ser um garante da estabilidade, acabou com o seu silêncio por criar uma grande instabilidade na sociedade portuguesa e, até medo, porque as pessoas com as incertezas ficam angustiadas e receosas”, frisou Paulo Morais.
Para o candidato, o tempo decorrido desde as eleições até agora, “apenas serviu para criar clivagens na classe política, porque ao longo destes quinze dias, aquilo que se assistiu na comunicação social e nas redes sociais, foram clivagens que levaram à criação de duas claques, uma em defesa da coligação e outra que defendia a dita maioria de esquerda”.
Paulo Morais considerou que o Presidente da República “teve a responsabilidade de tudo isso, ao deixar passar demasiado tempo, sem que se registassem alterações no programa dos partidos, criando-se a ideia de que havia aqui um concurso para disputar um lugar de primeiro-ministro”.
“Passos Coelho deveria ter sido indigitado primeiro-ministro e encontrado no enquadramento parlamentar uma solução governativa, tendo também a obrigação de formar Governo enquanto líder do partido da coligação com mais deputados eleitos”, sublinhou.
Na opinião de Paulo Morais, “se decorridas 36 ou 48 horas após a indigitação, Pedro Passos Coelho não conseguisse formar um Governo, então o Presidente da República deveria chamar o líder do segundo partido com maior percentagem de votos”.
Por Lusa