Miguel Cordeiro, neurorradiologista do Hospital Lusíadas Faro explica como funciona o procedimento: “o ozono é injetado no interior do disco por via percutânea usando finas agulhas guiadas por TAC ou fluoroscopia de modo a tratar a hérnia”.
“O seu efeito anti-inflamatório direto é também uma das grandes vantagens desta técnica, descartando os habituais efeitos secundários causados pelos corticoides. A injeção de ozono promove uma diminuição da pressão do disco, fazendo com que este perca volume e deixando de comprimir os nervos – situação causadora de dor”, acrescenta o especialista.
Esta técnica inovadora é realizada com recurso à imagiologia e de acordo com o especialista é das técnicas mais seguras para o tratamento das hérnias discais com uma taxa de casos de sucesso que ronda os 70 e os 80 por cento. “Entre as alternativas terapêuticas disponíveis, a ozonoterapia é provavelmente dos procedimentos mais seguros, mais seguro que os medicamentos, pois não tem os efeitos adversos destes últimos”, conclui.
Os pacientes indicados para o tratamento por esta técnica apresentam queixas de dor na coluna (com ou sem irradiação da dor ao braço ou perna), não apresentam melhorias com o passar do tempo e não respondem ao tratamento farmacológico.
A ozonoterapia começou a ser utilizada no século XIX mas foi durante a Primeira Guerra Mundial que se evidenciou, começando nessa altura a ser aplicado como antissético para a desinfeção de feridas.
Para além da ozonoterapia existem ainda outras técnicas minimamente invasivas indicadas para o tratamento das hérnias discais como é o caso da nucleotomia (aspiração de uma pequena porção de disco de forma a permitir a retração da hérnia e reduzindo a irritação da raiz nervosa), a vertebroplastia (tratamento de fraturas vertebrais sintomáticas através da injeção de cimento no osso) e a radiofrequência (permite o tratamento da dor com origem nas articulações posteriores da coluna ou nas articulações sacroilíacas).
O aparecimento das hérnias discais está associado a um deslocamento de uma parte do disco intervertebral para fora da sua localização normal. O sintoma mais comum é a dor mais intensa que irradia para os membros inferiores causada pela compressão das raízes nervosas resultantes da mudança de localização de uma parte do disco. Estima-se que as hérnias discais afetem dois a três por cento da população e são consideradas um problema de saúde mundial que pode gerar incapacidade.
Por: LPM