André Magrinho, Professor Universitário, Doutorado em Gestão | andre.magrinho54@gmail.com

O tema da inteligência artificial (IA) generativa é atualmente objeto de grandes paixões: de um lado, os que defendem a sua bondade e o seu desenvolvimento sem quaisquer condicionalismos de ordem regulamentar ou outro; por outro, os que vêem nela um perigo real e uma ameaça em muitas áreas. Fora destas posições extremadas, uma parte significativa das sociedades, pessoas, empresas e outras organizações procuram tirar partido da sua utilização, nas suas múltiplas atividades, enquanto admitem ser útil e necessário, a sua regulação a diferentes níveis. O que está em causa com a AI generativa é a capacidade das máquinas “inteligentes”, por via do algoritmo que incorporam, poderem tomar decisões em múltiplos domínios, sem intervenção humana direta, e em patamares de decisão cada vez mais elevados, seja nas empresas, nas instituições, ou na segurança e defesa, entre múltiplos outros.

Dito isto, a IA generativa é uma nova tecnologia digital com um elevado potencial de utilização nos mais diferentes domínios, nas empresas, na sociedade, na defesa e segurança, a nível individual, entre muitos outros. E, como qualquer tecnologia, é instrumental, pelo que são os vários utilizadores e decisores que são os responsáveis pela forma como é utilizada. Se utilizada pela negativa, a IA generativa pode, por exemplo, fomentar a desinformação, criando conteúdos falsos ou enganosos, como notícias falsas, deepfakes e fraudes, que podem ser difíceis de distinguir da realidade, inclusivamente em várias eleições como nos EUA; também pode ser significativo o impacto no emprego, dado que a  automação de tarefas pode levar à substituição de empregos, especialmente em setores que dependem de tarefas repetitivas e manuais, causando preocupações económicas e sociais; não menos importante, são as questões éticas, sobre direitos de autor, propriedade intelectual e responsabilidade, especialmente quando se trata de criação de conteúdo original.

Pela positiva, a IA generativa pode ser muito útil, por exemplo para as empresas, ajudando-as melhorar a produtividade e competitividade: automatização de tarefas, sobretudo as repetitivas e demoradas, libertando os funcionários para se concentrarem em atividades mais estratégicas e criativas; na inovação, facilitando a geração de novas ideias e soluções que podem não ser óbvias para os humanos; na análise de dados, permite processar e analisar grandes quantidades de dados rapidamente, fornecendo insights valiosos para a tomada de decisões; e, na redução de custos, automatizando processos e melhorando a eficiência, assim como  reduzir custos operacionais. Lutar actualmente contra a utilização da IA generativa, é quase como querer parar o vento. Mas, há necessariamente um caminho a trilhar a nível da regulamentação a diferentes níveis, à escala nacional e internacional, para evitar, por exemplo, que na guerra a ativação de um vetor nuclear, seja decidido por um algoritmo, sem intervenção humana.