Subordinado ao próprio tema deste Ano Santo de 2025, a esperança, o encontro teve início no largo do Carmo ao início da tarde, onde os jovens participaram numa catequese ao estilo das que se realizaram durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023 em Lisboa e que contou com a presença da cruz da Jornadas Diocesanas da Juventude (JDJ).
À chegada, os participantes começaram por afixar fotos dos “momentos mais marcantes” vividos no último verão no seu Jubileu em Roma com o Papa Leão XIV. Foram depois convidados a partilhar a forma como são “recetores da esperança”, principalmente nos momentos mais difíceis das suas vidas. “É aí que nós, se calhar, temos mais dificuldade em encontrar esta esperança. Esta esperança é a luz que Cristo acende nas nossas vidas no meio de escuridão”, explicou-se na introdução.
Maria Neto e Mariana Catarino realçaram que aqueles são “momentos de crescimento da fé” e que que “a fé não é um «adesivo espiritual» para tapar feridas”. “A fé lembra-nos que o amor é muito mais forte do que a morte. É nestes momentos mais frágeis que a nossa fé deve crescer, deve ser menos brilhante e mais verdadeira, menos emocional e mais profunda, menos feita de certezas e mais de confiança”, desenvolveram, acrescentando que “Deus nunca prometeu uma vida sem dor”. “O que nos prometeu foi uma presença contínua nessa dor. A ressurreição mostra que o que fica não é a morte, mas a vida”, sustentaram, acrescentando: “Jesus não espera que sejamos fortes. Ele vem ao encontro da nossa fraqueza”.
Os jovens foram então divididos por grupos e convidados a refletir sobre dois temas – tristeza/dor e morte – a partir de perguntas que lhes foram sugeridas. Após a partilha das conclusões, escutaram um testemunho forte e interpelador de João Costa que a 12 de setembro de 2018, aos 21 anos, perdeu subitamente o seu pai. Foi-lhes ainda pedido que escrevessem num papel os nomes dos familiares falecidos que gostariam que fossem incluídos nas intenções da Eucaristia celebrada na Sé.
Seguiu-se o momento de adoração eucarística – durante o qual leram também as cartas que tinham escrito no caminho de preparação para o seu Jubileu em Roma com as expectativas que tinham para o presente Ano Santo – e a procissão com o Santíssimo Sacramento pela baixa da cidade até à catedral, presidida também pelo padre Samuel Camacho. Ali chegados, os jovens foram recebidos pelo bispo do Algarve no cimo da escadaria onde foi também colocada a cruz das JDJ que também veio no cortejo. “Viestes com Cristo, percorrendo as ruas desta cidade. Fostes rezando e meditando na vossa vida; como encontrar a verdadeira alegria, paz e esperança quando decidis seguir a Cristo, luz do mundo, como peregrinos nesta terra”, disse-lhes D. Manuel Quintas, convidando-os a renovar as promessas do seu Batismo antes de entrarem na Sé para celebrarem a Eucaristia.
Após a bênção com o Santíssimo Sacramento, os jovens entraram na catedral, benzendo-se com a água batismal, e ao chegarem diante do altar depositaram num recipiente os papéis onde inscreveram os nomes dos seus defuntos. Colocada aos pés do altar estava uma “cápsula do tempo” com indicação para ser aberta em 2050, durante a celebração do próximo Jubileu ordinário. Naquele recipiente foram colocados no início da celebração vários objetos: o símbolo deste Ano Santo que os jovens construíram no caminho de preparação para o seu Jubileu em Roma; uma mensagem do bispo diocesano; um terço elaborado pelas irmãs Carmelitas Descalças que simboliza a oração que fizeram na preparação para os Jubileus dos Jovens, seja o de Roma, seja o diocesano; uma cruz que simboliza o apoio de todos os que colaboraram para que os jovens pudessem ter ido ao Jubileu em Roma; e fotos de cada grupo de jovens das suas vivências mais marcantes naquele encontro com o Papa Leão XIV.
Aos pés do altar foram ainda colocadas duas cruzes (remetendo para a imagem do Calvário, evocado no Evangelho da liturgia de ontem) com um vazio no meio “para simbolizar que o próprio altar é o local do sacrifício de Cristo”, não sendo por isso ali representada a sua cruz.
O cortejo de entrada na Eucaristia, em que foram utilizadas as alfaias litúrgicas da JMJ de Lisboa, incluiu representantes dos vários grupos de jovens da diocese que ficaram no presbitério. Na Missa, o bispo do Algarve congratulou-se com a decisão de os jovens “terem privilegiado, como enriquecimento pessoal para a celebração do seu Jubileu, a presença de Jesus na Eucaristia”. “De uma maneira convicta, manifestaram publicamente a sua adesão a Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo”, considerou D. Manuel Quintas.
Na Eucaristia, em que se celebrou a solenidade litúrgica de Cristo-Rei, o bispo diocesano contou ainda que o que escreveu para ser colocado na “cápsula do tempo” sintetizou a sua homilia ao referir que “a realeza de Cristo se consuma na doação plena de si mesmo na cruz e se eterniza como dom total e serviço de amor na Eucaristia”. “Jesus está na Eucaristia silenciosamente sem se impor, mas de uma maneira muito eficaz porque transforma aqueles que o acolhem, que acreditam verdadeiramente na sua presença, que se alimentam da Eucaristia e que procuram viver na sua vida esta lição também de amor e serviço que nos dá”, completou D. Manuel Quintas.
Por outro lado, o bispo do Algarve evidenciou ainda que a Eucaristia é também “fonte perene de esperança que não engana” precisamente “porque se fundamenta no amor que Deus manifestou na pessoa de Jesus” e exortou os jovens a “participar sempre mais na realeza deste modo de servir, de doação, de entrega que Cristo realizou na cruz e continua a consumar perenemente na Eucaristia como fonte de esperança que não engana”.
A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história, por iniciativa do Papa Francisco, que o dedicou ao tema da esperança, e está a ser continuado com o pontificado de Leão XIV.
Folha do Domingo













