Foram inauguradas no passado domingo as obras de reabilitação e restauro da igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Lagos.

A reabertura da igreja foi assinalada com a Eucaristia e bênção, presididas pelo bispo do Algarve no dia da solenidade de Nossa Senhora do Carmo.

D. Manuel Quintas contextualizou historicamente o aparecimento, no século XII, da Ordem de Nossa Senhora do Carmo, inicialmente designada por Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, e salientou a necessidade de se aprofundar a oração silenciosa e contemplativa, fazendo votos de que a reabertura daquela igreja incentive essa prática.

Já o pároco das paróquias de Lagos deixou uma palavra de agradecimento e reconhecimento não só aos atuais responsáveis como aos padres redentoristas e aos anteriores executivos municipais que providenciaram a recuperação da igreja e a levaram a cabo.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Lagos explicou, resumidamente, os trabalhos realizados no âmbito desta última fase de reabilitação, os quais se traduziram na conservação e restauro dos elementos decorativos interiores (incluindo a talha dourada, pinturas murais, azulejos, pedra e rebocos, nichos, entre outros, existentes na capela-mor e demais espaços interiores), na melhoria do sistema de iluminação, bem como na correção geral de patologias no interior e no exterior do edifício, faltando apenas finalizar com a colocação do sino, igualmente restaurado, no cimo da torre da igreja.

Paulo Jorge Reis aproveitou a oportunidade para anunciar a preparação, em curso, de dois novos protocolos que irão permitir recuperar o órgão da igreja de Santa Maria e proceder aos projetos e obras necessários à reabilitação da igreja de São Sebastião, imóvel religioso que está classificado como Monumento Nacional, mas a carecer de profunda intervenção.

A igreja de Nossa Senhora do Carmo, vulgarmente conhecida como “igreja das Freiras”, é um edifício do século XVI que pertencia ao convento, do mesmo nome, das freiras Carmelitas, edificado em 1554 e do qual não existem, praticamente, quaisquer vestígios. Com o terramoto de 1755, o convento ficou muito danificado, deixando somente de pé a igreja.

Os primeiros passos para a reabilitação da igreja remontam a 2003, quando o município elabora uma metodologia para a reabilitação do edifício, desenvolvida no âmbito do então Gabinete do Centro Histórico da Câmara Municipal de Lagos.

Em 2004 é assinado entre a Fábrica da Igreja de Santa Maria (proprietária do imóvel) e o município de Lagos o primeiro protocolo de cedência da igreja do Carmo, o qual permitiu à Câmara avançar com os projetos e a reabilitação faseada do imóvel.

Segue-se a execução de medidas preventivas urgentes para evitar o colapso do edifício. A primeira intervenção de reabilitação, realizada em 2006/2007, consistiu na consolidação e reforço estrutural do edifício e incluiu trabalhos de arqueologia. Até 2012 decorre a segunda fase de reabilitação, no âmbito da qual se procedeu à recuperação e adaptação do interior à utilização para fins culturais, com a renovação de pavimentos, paredes interiores, rede elétrica e iluminação, criação de camarins e instalações sanitárias.

Em 2022 arranca a terceira e última fase de reabilitação, um investimento de mais de meio milhão de euros, agora finalizado, que permitiu fazer o restauro dos elementos decorativos interiores e corrigir as patologias entretanto diagnosticadas no edifício.

Os termos da parceria que permitiu reabilitar este património edificado e colocá-lo ao serviço da dinamização cultural foram redefinidos no protocolo de cedência da igreja ao município de Lagos, assinado em 2012, e através do contrato de comodato para cedência de utilização do edifício ao Grupo Coral de Lagos, celebrado pelo município com a referida associação cultural local em 2013.

 

Por: Folha do Domingo