No último de quatro dias de uma visita ao Algarve dedicada à economia do mar, o líder socialista esteve numa empresa de aquacultura em Odiáxere, no concelho de Lagos, e considerou que essa atividade “é um dos casos em que é óbvia a vantagem de uma parceria entre aquilo que deve ser o investimento público, o desenvolvimento da ciência, da ciência pura e a ciência aplicada, e o investimento privado”.
António Costa visitou uma exploração de aquacultura de peixe e, após ouvir as explicações do responsável da empresa Aqualvor, defendeu que “grande parte deste investimento não seria possível se não houvesse esse esforço de desenvolvimento financiado pelo Estado” em matéria de investigação.
“É importante que esse esforço exista e deve ser acrescentado”, afirmou António Costa, numa breve e única comunicação com os jornalistas, sublinhando que, até “para atividades que toda a gente considera tradicional, como a produção de peixe, o conhecimento é absolutamente essencial”.
O secretário-geral socialista recordou a visita que efetuou na véspera ao Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, em Faro, que disse ser “dos vários exemplos do país onde se faz investigação” em áreas como a aquacultura, nas quais, na sua opinião, se deve “continuar a desenvolver e a investir”.
“E num país que é deficitário comercialmente em matéria de peixe e onde é essencial podermos aumentar a substituição de importações pela nossa própria capacidade de produção de peixe, é fundamental investigar, inovar e investir”, acrescentou o dirigente socialista.
Junto a um tanque com 100 mil robalos juvenis, que foram importados pelo produtor para depois os fazer crescer durante dois anos, até chegarem às cerca de 400 gramas com que são comercializados, António Costa apontou a falta de maternidades de peixe que existe em Portugal para demonstrar que os investimentos nesta área podem também ajudar a reduzir importações.
“A realidade destes peixinhos que aqui estão, que vieram importados de França: podiam ser produzidos em Portugal se houvesse de novo maternidades [de peixe] a funcionar em Portugal”, disse.
Face às observações do responsável da empresa, António Vieira, de que o regime fiscal da aquacultura devia ser distinto e ter uma “tributação progressiva”, porque é uma atividade que necessita de pelo menos dois anos até gerar rendimento, António Costa recorreu ao programa de Governo do PS.
António Costa disse que o PS considera “errado consumir os poucos recursos que há numa redução generalizada e indiferenciada do IRC”, como propõe o Governo, e que é “necessário concentrar esses recursos na criação de benefícios fiscais direcionados a situações em que faz sentido o Estado poder ter uma intervenção de apoio às empresas” e a aquacultura “é um bom exemplo” disso.
Por Lusa