Os Deputados do PSD e do CDS-PP chumbaram esta sexta-feira um Projeto de Resolução do Partido Socialista na Assembleia da República que defendia a qualidade dos serviços hospitalares no Algarve, nomeadamente a manutenção dos serviços e valências dos Hospitais de Lagos, Portimão e Faro.

Esta decisão revela uma grande irresponsabilidade política, na medida em que o que se defendia era, simplesmente, o cumprimento urgente da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé de manter todos os serviços e valências dos Hospitais de Lagos, Portimão e de Faro, por forma a adequar os cuidados prestados por estas unidades hospitalares às necessidades das populações.

Na sua intervenção em Sessão Plenária, Miguel Freitas, primeiro subscritor da iniciativa, considerou a criação do Centro Hospitalar do Algarve «mal preparada, mal conduzida e pouco participada e um foco de conflito permanente, dando origem a uma forte contestação dos profissionais de saúde, das populações e dos autarcas da Região», traduzida numa Petição que reuniu mais de 6 600 assinaturas e numa providência cautelar interposta pela Presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, com o intuito de garantir a equidade no acesso dos utentes aos cuidados de saúde.

Além disso, o parlamentar socialista salientou «a degradação dos cuidados prestados nos Hospitais de Lagos e Portimão, nomeadamente pelo encerramento do internamento nos serviços de neurologia e cardiologia, pelo fecho do serviço de urgência de cardiologia, pela redução de serviços especializados de ortopedia e, ainda, pela circunstância de não existir, em determinados turnos de urgência, chefe de equipa médica – o que leva a que muitas decisões clínicas sejam tomadas pelo chefe de equipa em Faro, o que, obviamente, provoca inúmeros constrangimentos para os utentes».

No Projeto de Resolução apresentado no Parlamento, os Deputados Socialistas manifestaram ainda a sua preocupação com a situação dos profissionais de enfermagem, assinalando o facto de «as vagas autorizadas para contratação de 45 enfermeiros para Centro Hospitalar do Algarve, recentemente anunciadas pela ARS Algarve, não chegarem sequer para substituir os 57 enfermeiros que saíram no último ano», traduzindo uma enorme falta de pessoal, com consequências nos serviços prestados e na sobrecarga sobre os profissionais de saúde que exercem funções nos hospitais do Algarve, particularmente em Lagos e Portimão.

Miguel Freitas responsabiliza Paulo Macedo pela situação, já que, com este Ministro da Saúde, assistiu-se «a nomeações, demissões e alterações sucessivas na Administração Regional de Saúde, criando instabilidade e desconforto nas chefias dos serviços, aos mais diferentes níveis, o INEM perdeu a sua direção na região e o Heli foi deslocado para Beja, há constantemente dificuldade de fornecimento e falta de material nos hospitais e centros de saúde, a rede de urgências básicas tem falhas incríveis de médicos e enfermeiros, havendo horários em que estiveram mesmo encerradas, a rede de Unidades de Saúde Familiar não tem progressão há dois anos, há cada vez mais utentes sem médico de familia, cerca de 150 000, e este é um retrato de um processo infernal nos serviços de saúde no Algarve, ao qual o Ministro deu total cobertura».  

O Projeto de Resolução «Defesa da qualidade dos serviços hospitalares públicos no Algarve» teve os votos a favor do Partido Socialista e dos restantes partidos da oposição, tendo sido chumbado pelos votos contra do PSD e do CDS-PP.

 

Por: PS Algarve