No Cineteatro Louletano, em março há teatro, música, cinema e um festival de bandas e editoras independentes.
O mês arranca com a peça “Memo”, de Marlene Barreto, uma estória no feminino com duas protagonistas: Ewa, a intérprete, e a narradora da peça. Ewa é sequestrada por uma Ordem que apaga as suas memórias, tornando-a vulnerável à manipulação e ficando assim sob controlo. A peça, uma coprodução do Cineteatro Louletano, é exibida no Dia Internacional da Mulher, dia 8 de março, às 21h00.
No dia seguinte, domingo, 9 de março, um concerto que não vai querer perder, com dois nomes grandes da música brasileira e cabo-verdiana: Mario Lúcio e Chico César dois homens de causas, respetivamente o ex-Secretário de Cultura de Paraíba (Brasil) e o ex-Ministro da Cultura de Cabo Verde. Neste concerto previsto para as 17h00, intitulado Voz e Violão, os dois compositores e poetas cantam e tocam irmanados. Estes dois génios juntam-se no ano dos 50 anos de 25 de Abril e dos 100 anos do pensador e estadista africano Amílcar Cabral.
No dia 11, terça-feira, mais uma sessão do ciclo de Cinema Francês organizado em conjunto com a Alliance Française do Algarve, no Auditório do Solar da Música Nova. Desta vez o filme é “Les Algues Vertes”, de Pierre Jolivet (2023) e retrata um mistério na costa francesa.
A 14, sexta-feira, às 21h00, há espetáculo de dança e música com “O Meu Corpo não é só uma Instância”, de Yola Pinto e Simão Costa em parceria com o videasta João Catarino. Um espetáculo de dança com músicos ao vivo, que vive da alteridade entre a presença dos corpos e as suas próprias imagens projetadas em tempo real e diferido. Um caleidoscópio de realidades que desdobra a imagem e a presença dos corpos em múltiplos lugares. “O Meu Corpo não é só uma Instância” é uma coprodução do Cineteatro Louletano com o Museu de Arte Contemporânea da Madeira, C.M. Calheta e Teatro Municipal de Bragança e prevê ainda uma sessão para escolas na véspera, dia 13, às 14h30 e um workshop dirigido ao público em geral nesse mesmo dia às 18h00, com inscrições através do email cinereservas@cm-loule.pt. Este espetáculo tem o recurso de Audiodescrição, para pessoas cegas e/ou com baixa visão.
No dia 15, às 11h30, há concerto “Crescendo”, organizado pelo Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado, no Auditório do Solar da Música Nova. Os “Crescendo”, nos terceiros sábados de cada mês, são de entrada gratuita e abertos ao público em geral. Permitem ficar a conhecer um pouco mais sobre as origens da música clássica (ou erudita) e as características dos compositores e diferentes instrumentos.
E a 16, domingo, às 17h00, é a vez de a harpista Helena Madeira pisar o palco do Cineteatro Louletano, com o novo álbum “Melodias Eternas de Sefarad”. “Melodias Eternas de Sefarad”, encomenda do Município de Loulé, convida-nos a mergulhar no repertório sefardita, transmitido ao longo dos séculos de geração em geração. É também uma ode a todos os povos que enfrentaram a diáspora em estradas sinuosas e ameaçados pela extinção.
Um concerto num registo intimista, bem característico de Helena Madeira, cuja harpa nos guiará nesta viagem musical.
No dia 18, está de regresso a Loulé o RHI – Revolution, Hope, Imagination, iniciativa do Arte Institute que decorre em várias cidades do país e que já vai na sétima edição. Desta feita, o RHI traz a Loulé, entre workshops e palestras, um espetáculo único vindo diretamente do Brasil, pelo Balé Teatro Guaíra. Chama-se “V.I.C.A.”, acrónimo para Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. A peça recorda a recente pandemia e faz-nos pensar sobre o que queremos daqui para frente, refletindo sobre os destinos da humanidade. Num mundo confuso, a coreógrafa Lili de Grammont e o Balé Teatro Guaíra revelam-nos que a Arte pode ser uma estratégia para a sobrevivência, porque nos liga de uma forma única. O RHI traz ainda uma palestra sobre o uso de Inteligência Artificial na produção e criação de espetáculos.
No dia 21 de março, às 21h00, há teatro, com “Ser Português de Norte a Sul”, peça trazida a Loulé pelos grupos Krisálida e Alteatro, grupo sedeado em São Bartolomeu de Messines, no Algarve. Na peça, quatro “seres” iniciam uma expedição por Portugal onde descobrem que a emigração, a habitação, a saúde e a burocracia, entre outros temas, são questões comuns a todos os portugueses, onde uma tal “Justiça” chega sempre atrasada e as oportunidades e os sonhos nem sempre se concretizam. A peça recorre ao humor visual, produzido em regime de criação coletiva, para desafiar os espectadores a embarcarem numa viagem pelo território nacional, explorando a ideia de “portugalidade”. A peça inclui uma sessão para escolas no dia anterior, dia 20, às 14h30, dirigida aos alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário.
De 21 a 23 Loulé experiência a 2.ª edição do “Mercado Periférico”, um evento cultural de quatro dias centrado no universo da música emergente e das editoras nacionais independentes, onde é possível encontrar, entre outras coisas, concertos, discos de vinil e CD’s em segunda mão, bem como merchandising relacionado com música e com bandas independentes ou de culto. O “Mercado Periférico” é uma coprodução do Cineteatro Louletano e este ano decorre em vários espaços, incluindo o Cineteatro Louletano, o Bar Bafo de Baco e o Terminal Rodoviário de Loulé. Pode saber mais sobre o programa consultando o site ou as redes sociais do CTL.
Também no dia 23, domingo, há “Concerto Promenade”, sob o tema “Tudo o que cabe em 35 anos”, pela Orquestra do Algarve, espetáculo dirigido pelo maestro titular Pablo Urbina e dedicado inteiramente a Mozart. Apesar de ser, para muitos, o maior talento de sempre na música, a verdade é que Wolfgang Amadeus Mozart viveu apenas 35 anos (1756-1791) mas deixou-nos páginas incríveis de partituras eternas. O concerto conta através da sua música a forma como Mozart não teve um segundo a perder na sua vida curta, mas muito atribulada!
No dia Mundial do Teatro, a 27, celebra-se “Antígona”, pela Sillyseason. Em “Antígona” o clássico é mais uma vez revisitado para questionar o poder discricionário estatal. Quem são estes três jovens, Antígona, Polinices e Hémon, ora abandonados, ora condenados, pelas mais recentes políticas governamentais? No que pensam e o que sentem? Numa das suas últimas entrevistas, o filósofo George Steiner dizia que “estamos a matar os sonhos dos nossos filhos”. Mas afinal, que sonhos são esses? O que ainda nos é permitido sonhar em 2025? Será esta a nossa tragédia. Antígona estreia numa coprodução com o Cineteatro Louletano e contará com o recurso de Língua Gestual Portuguesa, para pessoas Surdas.
No dia seguinte, o retorno de um “clássico”, o Festival Al-Mutamid, que já vai na sua 25.ª edição. Este ano, o Al-Mutamid traz-nos os Al Felah-Menkub Ensemble, que pretende mostrar ao público a influência que os mouriscos tiveram no desenvolvimento de um dos géneros de música e dança mais belos e universais – El flamenco. Curiosamente, o próprio termo flamenco esconde a fusão de duas palavras árabes: “felah”, que significa camponês, e “menkub”, que se refere aos desalojados ou despossuídos. Ouçamos agora as influências musicais que os árabes deixaram neste género associado ao sul de Espanha.
A fechar o mês, dois grandes concertos de um dos artistas mais acarinhados em Loulé, Nuno Guerreiro. O vocalista dos Ala dos Namorados dá dois concertos no Cineteatro Louletano com a banda “Mau Feitio” com Ricardo J. Martins na guitarra portuguesa, João Palma no acordeão, Vítor Bacalhau na guitarra clássica e Vasco Moura no baixo elétrico. Os concertos, que serão gravados em vídeo ao vivo, para futura edição de um DVD, são uma estreia e terão ainda a participação da Banda Filarmónica da Sociedade Recreativa Artistas de Minerva.
Os espetáculos são inspirados na obra de Carlos Paredes, no âmbito das comemorações do seu centenário, unindo a sua música à poesia e passando por vários estilos musicais nos dias 30 de março, domingo, às 17h00, e no dia 31, às 21h00.
Com uma programação de referência (que pode consultar no site e nas redes sociais do Cineteatro), o CTL está credenciado pela Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, integrando ainda a Rede de Teatros com Programação Acessível e proporcionando espetáculos com interpretação em Língua Gestual Portuguesa para Surdos (com “S” maiúsculo são falantes de Língua Gestual Portuguesa), outros com Audiodescrição, para pessoas cegas ou com deficiência visual e ainda Sessões Descontraídas adaptadas a vários públicos, entre eles pessoas neurodivergentes.
O CTL é uma estrutura cultural da Câmara Municipal de Loulé no domínio das artes performativas, e um dos promotores da Rede Azul – Rede de Teatros do Algarve e da Rede 5 Sentidos.