Os médicos de família de zonas carenciadas que aceitem alargar temporariamente as listas de utentes até um máximo de 2.796 unidades ponderadas (cerca de 2.500 utentes) vão receber até 741 euros brutos acima do salário. Em causa está uma proposta que o Governo quer levar ainda este mês a Conselho de Ministros.

Segundo o Jornal de Notícias, o projeto de diploma está, neste momento, em consulta pública, sendo depois discutido no Parlamento.

O Ministério da Saúde pretende compensar os médicos de família das zonas carenciadas com um prémio de 741 euros brutos sobre o ordenado mensal. Em troca, os clínicos aceitam alargar as listas de utentes até um máximo de 2.500, durante dois anos. Depois desse período, a medida será revista anualmente nas zonas em que o interesse público assim o exija e mediante o consentimento escrito do clínico, escreve a publicação.

O presidente Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar(APMGF), Rui Nogueira, considerou, no entanto, que se trata de uma solução “impraticável”. “Isto é só por causa das eleições. Daqui a dois ou três meses, ninguém se lembra disto”, disse, em declarações à Rádio Renascença.

Segundo o responsável, a proposta do Governo assenta numa ilusão, até porque uma lista com 2.500 utentes torna impossível o trabalho do médico de família: “Isso representa 35 ou 36 consultas diárias e não é possível fazer, todos os dias, 18 consultas de manhã e outras tantas à tarde. É uma ilusão, mesmo que seja transitório”.

Rui Nogueira considera até que o atual limite transitório definido, que é de 1.900 utentes, já é exagerado. “É evidente que, se houver mais horas de trabalho, tem de haver a recompensa, mas mesmo uma lista de 1.900 já é exagero”, referiu. 

 

Por Idealista